Nessa segunda-feira (9), a empresa Meta, uma das empresas que formam a gigante Google, está violando o direito de liberdade de expressão dos usuários do Facebook e outras redes de mídia social impedindo-os de publicarem manifestação que sejam consideradas, não se sabe por quem, uma forma de apoio ou elogio à ocupação e depredação contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, capital do Brasil, que foram feitas por manifestantes bolsonaristas este domingo (8).
Postagens que forem consideradas pela empresa Meta como apoio ou elogio ao ato de domingo serão apagadas.
Uma ala dos bolsonaristas mostrou com o ato que estão organizados e não desanimaram com a situação desfavorável para eles. Acharam que iam dar um golpe devido à demonstração de força e divulgação dada à manifestação pela imprensa, pois assim que os atos iniciaram a cobertura pela imprensa, inclusive a imprensa internacional burguesa, foi amplo.
Os manifestantes bolsonaristas, tiveram acesso fácil aos prédios dos Três Poderes e não sofreram nenhum impedimento por parte das instituições de polícia local e do patrulhamento constante ao local pelos militares, pressupondo uma cooperação dos órgãos de segurança do Estado na garantia do acesso dos bolsonaristas aos prédios. Além disso, já antes os grupos bolsonaristas que se colocaram na frente dos quartéis agiram por cerca de 1440 horas sem nenhuma atuação de repressão por parte dos militares.
A repressão dos últimos dias aos acampamentos bolsonaristas foi feita pelas guardas municipais. Os militares se recusaram a desfazer o movimento nas frentes dos quartéis, local conhecido como “área militar” onde é sabido que os militares não permitem a presença de ninguém; o que denota, além de liberdade concedida, apoio à manifestação ou ainda uma preparação para algum evento posterior em que os manifestantes seriam usados.
Um simples monitoramento dos bolsonaristas teria previsto a organização do ato de acesso aos prédios no domingo (8). Foi como se tivessem deixado os manifestantes invadirem, justamente para se montar um cenário no país; mas que cenário seria este?
O ato de janeiro (8) parecia um segundo capítulo do episódio da ocupação do Capitólio, em janeiro (6) de 2021, dois anos depois e dois dias depois. Os manifestantes tiveram tanta liberdade que pareciam caírem numa arapuca. O que aconteceu aqui foi como uma tradução simultânea, uma réplica, do ato do Capitólio, inclusive nas consequências, às quais veremos em breve pelos magistrados togados do Wilson Center.
O tabuleiro do jogo
Durante todo o período eleitoral e mesmo imediatamente após às eleições todo um clima policialesco de que haveria monitoramento de atos e manifestações por parte do GSI e do TSE foi noticiado amplamente pela imprensa, inclusive com uma compra de equipamentos de monitoramento de smartphones de uma empresa israelenses que os militares fizeram em agosto (3) para garantir a segurança das eleições.
A burguesia, usando novamente a esquerda como foi feito antes das eleições, sugeriu que Lula teria que ficar de sobreaviso para uma eventual manifestação bolsonarista contra sua posse e contra seu início de governo, para instigar em toda a esquerda que as instituições burguesas, e não o povo, é que mantêm a segurança contra o bolsonarismo desenfreado das ruas
Isso obrigaria Lula, que pregava o amor identitário, política imperialista, a mudar de política para a outra também imperialista, a caça ao terrorismo, levando Lula a cogitar de usar forças de repressão do Estado contra os bolsonaristas, o povo não seria o instrumento adequado contra os bolsonaristas; o que deixa o governo Lula refém do aparato estatal. Novamente a direita teria todo o apoio de um ampolo setor da esquerda para ‘ajudar’ nesta repressão, inclusive com slogans como “sem anistia” que está sendo utilizado pela esquerda hoje.
Já em dezembro (14), passado, no ato da diplomação do presidente Lula, o ministro Dias Toffoli comentou sobre as condenações nos EUA pela “invasão” ao Capitólio. Moraes disse que ficou “feliz com a fala do Toffoli porque comparando os números ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar”, afirmou. O que pode-se levar a concluir que haveria algo semelhante no Brasil, que poderia ser facilmente provocado, até mais que espontâneo. Se não foi algo provocado, foi facilitado para que se reproduzisse um segundo capitólio. Uma condenação em larga escala dos bolsonaristas seria uma política de ‘cutucar a onça com vara curta’; dado oque há militares e policiais no meio dos bolsonaristas o ministro não teria apoio dos militares e condenações a militares gerariam uma tensão muito grande nos militares de alta patente.
Um show de horrores, parecido com o que foi montado pelos tribunais americanos visando aterrorizar os manifestantes, parecia estar sendo montado no Brasil. Nos EUA o alvo era demonizar as manifestações e atacar os direitos, no Brasil não seria diferente dada a imitação cíclica das instituições daqui às instituições de lá.
O ministro Dias Toffoli destacou neste dia, que a invasão ao Congresso dos EUA no início de 2021 tinha levado à prisão de 964 pessoas em 50 estados diferentes e que as penas poderiam chegar a 20 anos de reclusão e cobrou do Superior Tribunal de Justiça brasileiro (STJ) um endurecimento na jurisprudência relativa a indenizações. Finalmente se conseguiu uma situação semelhante no Brasil, depois de muitas situações “espontâneas”, meras “coincidências” por parte dos bolsonaristas.
Outra “coincidência” posterior, ou talvez uma profecia jurídica, desta vez vinda de outro também ministro, Luiz Edson Fachin, do STF, que afirmou em julho (6), que o Brasil pode testemunhar um evento mais grave que a invasão do Capitólio. Fachin estava nos EUA numa cerimônia no Wilson Center, em Washington, onde já se delineava as coincidências entre as duas eleições. O Wilson Center, que é uma Think Tank que comporta o Brasil Center, é controlado pelo governo americano e ex-agentes empresários da Cia que “instigam” vários golpes pelo planeta; aqueles famosos golpes que muitos chamam de teoria de conspiração onde muita gente acaba morrendo de bala ou de fome, apesar do ‘altruísmo’ do governo americano, e que acontecem tantas vezes que acaba sendo uma enorme teoria da conspiração.
Ainda de acordo com o ministro, neste evento, é necessário o reconhecimento por parte das Forças Armadas; “São chamadas para defender as instituições, para gerar segurança das instituições, e não o contrário”, declarou Fachin. O ministro delineou a ligação umbilical entre as duas instituições, FAA e Judiciário. Com as participações de militares nos atos e um consentimento na realização dos atos, os setores mais direitistas dos militares mostram que não apoiam o governo Lula.
De fato
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, invocou a Lei 13.260/2016, que define o terrorismo, inclusive com a realização de atos preparatórios com o propósito de consumar o que ele chamou de crime e a aplicou ao ato de domingo (8), em Brasília, com a ação dos bolsonaristas (se é que todos eram bolsonaristas) que destruíram o patrimônio público pertencente aos três poderes da República, em associação criminosa e com a também prática de atos antidemocráticos contra o Estado de Direito.
Moraes determinou que devam ser presos em flagrante delito todos os acampados pela prática desses crimes e proibiu até o dia 31 de janeiro o ingresso de quaisquer ônibus e caminhões com manifestantes no Distrito Federal. A PRF e a PF deverão providenciar o bloqueio, a imediata apreensão do ônibus e a oitiva de todos os passageiros, com base no artigo 5º da Lei Antiterrorismo, que pune os atos preparatórios.
Como já destacamos várias vezes em análises anteriores desde antes das eleições, não adiantam punições aos bolsonaristas nem bloqueio de suas publicações em redes sociais na internet pois isso só fortaleceria o bolsonarismo; é preciso fortalecer a polarização à esquerda em apoio ao governo Lula, como a única maneira do governo de esquerda de Lula se sustentar e vencer a manipulação dos bolsonaristas contra a esquerda. Os movimentos de massas e de trabalhadores têm que se unir e convocar o povo nas ruas em favor de Lula, para que este possa colocar em pauta ações que favoreçam à classe trabalhadora.