O novo editorial do Estado de São Paulo, o principal jornal porta-voz da burguesia brasileira e do imperialismo no País, estreou com a manchete Por uma frente ampla diplomática. O jornal, que foi um dos principais opositores à candidatura de Lula e que apoiou Bolsonaro em 2018 e 2022, agora quer obrigar Lula a fazer o programa dos “não-eleitos” e servir a nível internacional aos interesses do imperialismo.
Segundo o Estadão, a política que o novo chanceler de Lula, Mauro Vieira, deveria ter é de uma espécie de “frente ampla” internacional. O que isso significa? O jornal explica:
“A fórmula de Vieira para nortear essa agenda, a “ideologia da integração”, pode ser considerada o equivalente na política externa à “frente ampla democrática” propagada na campanha do presidente Lula da Silva para a política doméstica. E aqui começam as incertezas.”
Para o Estadão, a política de frente ampla não pode ser “da boca para fora”, como o Partido dos Trabalhadores vem tratando o pós-eleição, onde até o momento vem evitando fazer grandes concessões à terceira via e aos políticos golpistas.
Nesse sentido, a preocupação do jornal porta-voz do imperialismo é que o novo governo Lula faça o mesmo no terreno internacional. “Na formação do governo, a ‘frente ampla’ se mostrou mais reduzida do que esperavam muito de seus apoiadores, e está, simbolicamente, restrita às figuras do vice-presidente Geraldo Alckmin; da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; e da ministra do Planejamento, Simone Tebet”, lembrou o jornal golpista, para depois frisar que “nem o histórico do PT no poder, nem as palavras do presidente até o momento permitem supor que a ‘ideologia da integração’ de Vieira, em tese muito ‘ativa e altiva’, não será subvertida, na prática, pela ‘visão ideológica militante’ lulopetista”.
O jornal, por fim, compara a política de Lula à nível internacional ao “sectarismo” de Bolsonaro, e destaca a política da terceira via de aliança total com o imperialismo como a política necessária para o futuro brasileiro.
O imperialismo exige do novo governo que “o velho ranço ideológico petista fique no passado”. Na prática, isso apenas significa adotar a mais pura política tradicional dos governos neoliberais, de ampla servidão ao imperialismo e de tornar o Brasil um problema a menos para a dominação imperialista em toda a América Latina e nos demais países atrasados.
O Brasil, como mesmo afirmou Lula, tem um papel fundamental na disputa política internacional entre os países imperialistas e os países atrasados. Após anos de golpe de Estado, orquestrado pelo imperialismo, o País tem de volta um governo com viés nacionalista e apoiado pelas amplas massas.
Em conjunto com isso, os principais aliados do Brasil, os BRICS, com destaque para Rússia e China, se movimentam intensamente em um confronto aberto contra as forças imperialistas. O mundo se reorganiza em uma grande luta contra as potências capitalistas, onde é cada vez mais comum ver ondas de mobilização no Oriente Média e na América Latina contra os golpes de Estado e contra os regimes lacaios ao imperialismo.
Até mesmo Arábia Saudita e Israel, pilares de dominação do imperialismo no Oriente Médio, vivem em uma profunda crise e reorganizam sua posição internacional em meio ao conflito.
Nesse próximo período, o Brasil terá um papel fundamental, sobretudo para toda a luta anti-imperialista na América Latina. Por isso o porta-voz do imperialismo no País, o Estado de São Paulo, se preocupa tanto com a posição “sectária” – nesse sentido, leia-se “não subserviente aos interesses do imperialismo” – que o novo governo Lula vem demonstrando possuir.
É necessário, na contramão destsa política do Estadão, que o Brasil possua uma política de fortalecimento da relação com os países latino-americanos e do BRICS. Que priorize a relação econômica e política com estas nações oprimidas e que por meio disso possa tornar-se cada vez mais independente político e economicamente das forças do imperialismo.
Não há futuro de desenvolvimento para o Brasil nas garras do imperialismo. A política econômica que Lula vem anunciando está nesse sentido, e as relações internacionais é a posição de extrema importância que o País ocupa ao nível internacional devem acompanhar este problema.