Em um editorial intitulado “O passado pela frente”, da Folha de São Paulo (de 04/01/2023), volta a criticar o recém-empossado governo nas questões econômicas. Era esperado que tal fator acontecesse. A imprensa é a porta-voz da burguesia e, portanto, passa a frente seus interesses, os quais incluem sobretudo a economia.
A bola da vez é a Petrobras. A principal crítica feita pelo editorial é pelo fato de ser a quinta vez em quatro anos em que o presidente da empresa é trocado, com o novo nome indicado sendo o senador Jean Paul Prates, do PT — descartando completamente o fato de que o governo mudou e é completamente normal que o este seja modificado.
A principal crítica vista nos grandes meios de comunicação nos últimos dias é que Lula tem priorizado ações políticas em vez de econômicas nessas empresas, ou seja, em vez de encher o bolso dos banqueiros e da burguesia, enquanto sucateia a empresa para depois entregá-la nas mãos dos especuladores internacionais, o presidente utiliza a empresa para baixar o preço dos combustíveis e beneficiar a população. O editorial da Folha de São Paulo coloca como fator de desconfiança do governo o fato de pregar uma intervenção em uma empresa com o “patrimônio líquido na casa dos R$ 370 bilhões”.
Para a burguesia, o valor de uma empresa é se ela gera lucros. Não interessa se não ajuda a população, se é uma verdadeira sucata ou se não serve para nada na sociedade, o importante é que gere cada vez mais lucros para a burguesia, os banqueiros e os especuladores. Lula tem ido contra essa maré, sendo uma prova disso a reversão das privatizações de oito empresas de uma vez.
No fim das contas, é evidente que a Folha de São Paulo quer a destruição não só da Petrobras, mas de todas as estatais. Essas empresas não têm benefício para a burguesia enquanto estão na mão do Estado, ainda mais quando estão dando menos lucro ou até mesmo prejuízo do que em tempos anteriores por estarem focadas em ajudar a população.
O editorial coloca como se tudo isso fosse criminoso, como se ajudar a população fosse algo a ser abominado. Para justificar seus argumentos, desenterra os “escândalos de corrupção dos governos Lula e Dilma”: “Os prejuízos bilionários recordes de 2014 e 2015 refletiram, acima de tudo, imprudência e incompetência decorrentes do uso político e ideológico da empresa, em particular em projetos faraônicos sem sentido econômico nos tempos de euforia com a alta do petróleo.
De lá para cá, a Petrobras viveu um processo de ajustes perseverantes, incluindo a venda de subsidiárias, e de melhora em sua governança, para a qual contou com a Lei das Estatais, de 2016.” afirma um trecho do editorial.
Ou seja, o portal de notícias revive os ataques da farsesca operação Lava Jato para justificar que a Petrobras precisa ser uma empresa focada em entregar lucros e ainda afirma que sua gestão melhorou após o golpe de 2016, ou seja, durante os governos de Temer e Bolsonaro, uma gestão com aval do imperialismo, que tinha grande apoio da burguesia.
A única coisa a qual a Folha de São Paulo considera como positiva é que Jean Paul Prates estaria tendo “lapsos de sensatez” ao afirmar que, apesar dos reajustes serem algo planejado, o valor dos combustíveis continuaria seguindo a tabela internacional — ou seja, tudo precisa ficar mais caro, com um preço completamente descolado da realidade brasileira, mais uma prova da verdadeira intenção da privatização da Petrobras.
Essa declaração, no fim das contas, é extremamente negativa para a população brasileira. O petróleo no preço do dólar é algo completamente fora da realidade e que faz muita diferença para a população — aumenta o preço dos combustíveis (e por consequência de insumos básicos e outros) enquanto destina mais lucros para os capitalistas nacionais e internacionais.
Fica evidente a quem serve a imprensa brasileira: “O estatista Lula não surpreendeu ninguém ao tirar a petroleira do programa de privatizações logo no primeiro dia de mandato. Em respeito ao patrimônio público, deveria evitar novos retrocessos.”, afirma o editorial.
Os grandes meios de comunicação servem a burguesia e claramente possuem um caráter entreguista. Não é a primeira e certamente não será a última vez que irão fazer campanha a favor de privatizações, afinal, é de seu maior interesse que a política neoliberal e imperialista seja realizada no Brasil.Em respeito ao patrimônio público, parafraseando o editorial da Folha de São Paulo, Lula é o primeiro desde o golpe que fez com que a situação avançasse em vez de retroceder. O fato é que o retrocesso foram as privatizações, o sucateamento das empresas, a venda delas a preço de banana — a reestatização e a volta da atenção ao povo são avanços que foram jogados no lixo após o golpe, resultando, junto com outros fatores, na situação catastrófica a qual o Brasil e o povo brasileiro vivem atualmente.