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Contrarrevolucionário

O “marxismo” terraplanista dos stalinistas da UP

Como transformar um traidor em santo protetor do marxismo

Uma característica comum entre os stalinistas, ou melhor dizendo, os que se autointitulam stalinistas, é a idolatria de Stalin. Não existe discussão, argumentos, lógica. Não existe ciência, portanto, não existe marxismo. Para um stalinista, o que existe é a crença no ídolo Stalin.

O jornal A Verdade, do grupo Unidade Popular, publicou um texto traduzido de 1978, escrito por Elena Ódena, fundadora do Partido Comunista da Espanha, chamado “A contribuição teórica e prática decisiva de Stalin para o marxismo-leninismo”. No texto, escrito a pretexto de uma polêmica na época, a autora não foge à regra: muito elogios a Stalin, falsificações históricas e teóricas e poucos argumentos.

Vejamos alguns pontos interessantes:

“Há muitos anos, os revisionistas na Espanha e em todas as latitudes, em sintonia com a reação mundial, têm dedicado grandes esforços e tentativas ao trabalho de difamar, caluniar e esconder a grande figura revolucionária do líder comunista indiscutível, tão internacionalista, que foi Joseph Stalin, bem como suas importantes obras teóricas e ideológicas.”

Segundo a autora, os “revisionistas”, que ela não diz quem são, dedicam-se a difamar e caluniar Stalin. Tais “revisionistas” estariam em sintonia com a reação mundial com esses fins.

A afirmação é interessante. Na época em que o texto foi escrito, a figura de Stalin já estava na lama. Seus crimes, antes apenas denunciados pela oposição, foram amplamente divulgados no relatório Kruschev. A divulgação do relatório, embora fosse uma política do imperialismo, que naquela época tinha o interesse em atacar, não Stalin especificamente, mas o comunismo, foi a confirmação de todas as denúncias que a oposição fez contra a burocracia stalinista desde o início.

O que a autora não diz, por exemplo, é que o imperialismo, a partir do final da Segunda Guerra, não difamou Stalin. Pelo contrário, houve uma propaganda geral de que Stalin era um grande líder que havia derrotado o nazismo. De qual período a autora está falando? Do Stalin aliado do imperialismo do pós-guerra ou do Stalin usado pelo imperialismo para atacar o comunismo de modo geral?

No primeiro caso, não há difamação nem calúnias, há elogios e alianças políticas. No segundo caso, o que há é o uso de fatos para atacar o comunismo. Mas a autora não explica nada disso, apenas se limita a dizer que são calúnias.

A segunda parte do trecho colocado acima poderia estar num conto de ficção científica. Chamar Stalin de “grande figura revolucionária” e de “líder comunista indiscutível” é bizarro, mas faz parte da idolatria. Stalin falava que era comunista e revolucionário, alguns tontos acreditam.

O surreal mesmo é chamar Stalin de “internacionalista”. Justamente ele, o representante da teoria num só país, uma aberração antimarxista e contrarrevolucionária. A autora perde o senso de ridículo. Ela deveria ao menos explicar o debate. Deveria explicar como e por que Stalin, apesar de ter combatido a política internacionalista de Trótski, seria “tão internacionalista”. Aqui, não se trata apenas de opinião, mas de um debate que de fato aconteceu que a autora simplesmente esconde.

Tudo é um problema de elogio, quanto mais se elogia, mais fácil fazer um incauto acreditar no que está se dizendo.

Já a última parte da citação, ou seja, falar que Stalin tem “importantes obras teóricas e ideológicas”, é uma piada. É simplesmente uma afirmação que não se sustenta em nenhum fato.

Para não dizer que estamos apenas tomando partido por Trótski, quem conhece as obras de qualquer dos marxistas mais importantes saberá medir o “tamanho da obra teórica” de Stalin: uma nulidade. Também não vamos comparar com Marx, Engels e Lênin, vamos comparar com Rosa Luxemburgo, Plekhanov (antes de sua degeneração), Kautsky (ídem). Stalin não apenas possui uma obra pequena, como que seus poucos escritos são medíocres e insignificantes. Poderíamos listar muitos outros.

A própria autora do texto, na tentativa de citar Stalin, revela a mediocridade de suas formulações: “durante a crise econômica mundial da década de 1930, o camarada Stalin desenvolveu a teoria marxista-leninista demonstrando que ‘para acabar com a crise, é necessário acabar com o capitalismo’. Aplausos para a grande descoberta do camarada Stalin: “a crise vai acabar quando o capitalismo acabar”.

Vejamos outra citação da autora, na tentativa de mostrar a inteligência e o gênio de Stalin como grande teórico: “A teoria marxista-leninista é a ciência do desenvolvimento da sociedade, a ciência do movimento operário, a ciência da revolução proletária, a ciência da construção da sociedade comunista. E como ciência não é e não pode ficar estagnada, mas se desenvolve e se aperfeiçoa”. Uma lista de coisas óbvias que, no máximo, serviria para algum manual escolar para crianças que estão aprendendo a ler. Mesmo assim, podemos encontrar entre os marxistas coisas muito melhores para esse fim.

Todas as citações escolhidas pela autora são desse nível teórico. Nenhuma contribuição para a teoria e a ideologia, como diz ela no início do texto. E vamos nos permitir concluir que, se essas foram as melhores citações escolhidas pela autora que está defendendo o “legado de Stalin” não deve existir nada melhor do que isso.

“Após a morte de Lenin, Stalin foi o líder comunista mais atacado e mais odiado pela reação e por todos os renegados do marxismo-leninismo. Acusando Stalin de dogmatismo e “déspota”, os ideólogos da reação juntaram-se em seus ataques a Stalin com revisionistas renegados de todos os matizes, desferindo assim um golpe pérfido nos próprios fundamentos do marxismo-leninismo e da revolução”

Aqui a autora novamente apela para a exaltação. Logo após a morte de Lênin, o problema do imperialismo não era Stalin, mas a própria URSS. No entanto, logo a burguesia dos países imperialistas notaram que Stalin podia ser um grande aliado contra a revolução no mundo todo. Aqui, a autora desconsidera os debates sobre as frente populares, o papel desastroso do stalinismo na Revolução Chinesa, o desastre na Guerra Civil Espanhola. Em todos esses casos, Stalin cumpriu o papel de ser o principal aliado do imperialismo na contrarrevolução. A tal ponto que, após a Segunda Guerra, como mencionado acima, Stalin era um queridinho do imperialismo.

“Ao acusar vilmente Stalin de todos os tipos de crimes e injustiças, a reação, e mais tarde os revisionistas e renegados junto com ela, procuraram semear o descrédito e a desconfiança da revolução socialista e dos líderes e Partidos marxistas-leninistas, em geral, que continuaram a defender os princípios fundamentais do marxismo-leninismo.”

Aqui, mais uma vez a autora joga palavras ao vento. Não há conteúdo nas suas frases, não há argumentos, ela não leva em consideração os debates que ocorreram. Quem acusava Salin? Os crimes existiram ou não existiram e por quê? Quem são os revisionistas? Nada disso é explicado, apenas devemos acreditar na autora assim como ela acredita em Stalin.

Sobre o descrédito e a desconfiança na revolução, Stalin é o principal culpado por isso. Sua política desastrosa e criminosa abriram uma avenida de possibilidades para o imperialismo atribuir tudo ao comunismo em geral. O imperialismo usou a política de Stalin para esse descrédito, atribuindo tudo o que ele fez ao comunismo.

“trata-se sobretudo de negar e condenar o internacionalismo proletário ativo, a ditadura do proletariado, a necessidade do Partido como instrumento primordial da revolução e da construção do socialismo; o princípio da violência revolucionária e da luta de classes como motor da História, entre outros.”

Aqui novamente ela chama Stalin de internacionalista, o que só pode ser uma piada. Toda essa lista feita pela autora, atribuindo a Stalin a defesa desses princípios, são na verdade os princípios jogados no lixo pelo stalinismo. O Partido, o socialismo, a luta de classes, a ditadura do proletariado. Em cada oportunidade, Stalin abandonou esses princípios para uma política oportunista. Novamente, a autora ignora os debates, não explica exatamente quais são as diferenças da política de Stalin em relação a esses princípios e os que o acusam.

O texto publicado pela UP é um exemplo muito marcante do que são os stalinistas. Nada mais do que um pequeno grupo que idolatra uma figura reacionária. Transformam um carniceiro contrarrevolucionário em um santo protetor do marxismo. É ridículo!

Staln e o stalinismo, como bem explicou Trótski, não revisam o marxismo de maneira tradicional, o prostituem. Enquanto os revisionistas alemães fizeram um esforço teórico para revisar o marxismo, Stalin o fez com a força de um aparato material gigantesco, reprimindo e corrompendo. Nenhum revisionista tradicional poderia argumentar a favor de uma aliança com Hitler, por exemplo. O stalinismo, usando essa máquina, foi lá e fez a aberração. E com a mesma máquina, produziu alguma explicação para o feito, usando pessoas como a autora do texto, que acreditam em tudo o que Stalin fez, afinal, ele é um santo.

Nesse sentido, o stalinismo é um tipo de terraplanismo na esquerda. Se alguém disse que a Terra é redonda, lá estarão eles para defender. Se alguém disse que se aliar com Hitler é uma grande jogada genial de um marxista, lá estarão os terraplanistas da esquerda para justificar.

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