O termo mais visto na imprensa burguesa desde que Lula foi eleito Presidente da República é o chamado “mercado”. O termo, em si, nada explica, mas na realidade é a forma da imprensa burguesa esconder os interesses dos grandes especuladores financeiros, banqueiros, sejam nacionais ou, sobretudo, do imperialismo.
O dito “mercado” está enfurecido com qualquer passo dado por Lula no sentido de desenvolver o País. Isso fica evidente pelo recente editorial do Estado de São Paulo, onde um dos principais jornais porta-vozes da burguesia brasileira afirma que a política de desenvolvimento econômico de Lula é uma “promessa irrealizável”, e afirma ainda que a culpa disso é a própria política do presidente eleito. O jornal afirma que Lula é “propenso à gastança, à gestão irresponsável das finanças da União e ao uso político das estatais” e insiste em outro termo famoso dos economistas burgueses, a chamada “responsabilidade fiscal”.
A que se deve toda esta preocupação da burguesia? Lula afirma desde a campanha eleitoral que pretende reindustrializar o País, melhorar a situação da classe trabalhadora e desenvolver a economia nacional. No entanto, para fazer isso, Lula precisa confrontar os principais interesses da burguesia e, principalmente, do imperialismo.
O problema da “responsabilidade fiscal” é um dos que mais preocupam o “mercado”. O motivo é que a dita responsabilidade tem como função, na verdade, a defesa do teto de gastos e a manutenção dos lucros crescentes de banqueiros e especuladores financeiros.
O regime golpista, a mando deste setor, aprofundou o parasitismo econômico no Brasil. Hoje, mais de 50% do PIB nacional é destinado a sustentação dos bancos e de pagamentos para especuladores financeiros. As empresas estatais foram praticamente todas dadas para estes setores, que saquearam grande parte da economia nacional.
Além do que é gasto pelo Estado nacional, os estados federativos e municípios também destinam grande parte de seus recursos a manutenção dos bancos privados e da especulação parasitária. Ou seja, para desenvolver o País, Lula precisa quebrar com o lucro crescente deste setor, o que, com certeza, não é a vontade da burguesia.
Porém, esta foi a vontade do povo, expressa pelos milhões de votos recebidos por Lula, que em toda sua campanha eleitoral defendeu a industrialização do País e o desenvolvimento econômico. A imprensa burguesa afirma que nada irá ocorrer, pois não há perspectivas de crescimento.
Na realidade, não há perspectiva de crescimento devido ao boicote destes setores a uma política de desenvolvimento nacional. Lula precisa romper com isso. O “mercado” perdeu as eleições, e não é a burguesia e o capital financeiro que deve dar as cartas para a política econômica do governo eleito.
Lula muito bem sabe deste problema e, no setor econômico, vem escolhendo apenas nomes de confiança para assumir os ministérios responsáveis. Teto de gastos, “responsabilidade fiscal”, entre outras políticas, servem apenas para forçar o atraso econômico ao País, impedir a industrialização e o desenvolvimento nacional à serviço do parasitismo econômico.