Nessa segunda-feira (12), Ronaldo Fenômeno, pentacampeão brasileiro e um dos maiores craques da história do País, concedeu uma entrevista coletiva em Doha, no Catar, transmitida pela Ronaldo TV. Na ocasião, o ex-jogador defendeu que a Seleção Brasileira contrate um técnico estrangeiro para o lugar de Tite.
“Antes do anúncio do treinador, a CBF terá outros anúncios para fazer. A escolha do treinador ela vem de um conceito de como a direção da CBF quer que a seleção jogue. A partir desse conceito de jogo que a seleção escolher, aí sim buscar os perfis mais adequados para esse tipo de jogo. Mas tem muitos nomes incríveis, o Ancelotti, o Abel do Palmeiras, o Mourinho são nomes incríveis e todos com contratos. Mas são nomes incríveis. Não sei o que a CBF vai fazer, mas minha opinião é apoiar nome estrangeiro”, disse Ronaldo.
Apesar da altíssima habilidade que Fenômeno mostrou no passado, principalmente na Copa de 2002, sua recomendação parece se afastar de um quesito técnico e mostra, antes, um critério político. Afinal, Ronaldo é muito ligado à FIFA e, de maneira geral, ao mercado do futebol nacional e internacional – atualmente, por exemplo, é dono do Cruzeiro, clube mineiro tradicional que foi privatizado ainda este ano. Nesse sentido, seria de seu interesse abrir a Seleção cada vez mais para o mercado internacional.
Acima do caso de Ronaldo, fato é que, desde que o Brasil foi eliminado da Copa após sofrer uma derrota contra a Croácia em jogo que, de maneira clara, foi armado contra os brasileiros; a imprensa burguesa lançou uma grande ofensiva contra a Seleção e o futebol nacional como um todo. Poucos minutos após soar o apito do juiz, grandes jornais como a Folha de S. Paulo e o Globo publicaram artigos culpando Tite pelo resultado, procurando caracterizá-lo como um dos piores técnicos a comandar o Brasil.
Casagrande, por exemplo, a figura que mais atacou a Seleção nos últimas meses, publicou uma coluna no UOL intitulada Entre Modric e Neymar, fica na Copa o camisa 10 altruísta; o egoísta se foi. Uma continuação dos venais ataques da imprensa contra Neymar que, por sua atuação espetacular em campo, conseguiu calar a maior parte da campanha contra o jogador.
Milton Neves, também pelo UOL – portal que se colocou como comando da campanha anti-nacional contra a seleção brasileira -, publicou coluna com título Brasil pipoca contra a veterana Croácia e está fora da Copa: culpa de Tite!, também uma continuação da campanha contra o treinador. O Globo fez o mesmo com o texto Substituições, ordem dos pênaltis e mais: seis erros de Tite que frustraram o sonho do hexa.
Outro lado dessa campanha é como a imprensa está tentando eleger a Argentina como um time muito melhor que o Brasil. Dezenas de matérias foram publicadas nos últimos dias exaltando o futebol argentino e figuras como Maradona e Messi, adotando o time, de maneira artificial, como o favorito para levar a taça. Algo que não passa de uma forma de criticar ainda mais a Canarinha por sua derrota, desmoralizando o futebol brasileiro como um todo.
O Globo, por exemplo, publicou um artigo, intitulado ‘Maradoneado’: como um Messi mais explosivo quer levar a Argentina ao tri, que só poderia ter sido escrito por um argentino. A Folha de S. Paulo, seguindo o mesmo padrão, publicou texto, intitulado Argentina adota o nós contra o mundo, no melhor estilo de Maradona, também exaltando o já falecido jogador da Argentina.
É isso que deve ficar claro: se a Seleção é prejudicada, a imprensa burguesa se dá bem. O futebol brasileiro é, talvez, o principal aspecto da cultura nacional, é uma grande paixão de toda a classe trabalhadora que, durante décadas, fundou o esporte no Brasil com suas próprias mãos apesar de todas as dificuldades impostas sobre ela pelo imperialismo.
A imprensa burguesa, representante fiel da burguesia imperialista, precisa, então, atacar o futebol nacional para atacar os trabalhadores brasileiros e a sua cultura. Não é à toa que surge tal campanha contra a Seleção em um momento de derrota, serve para tentar enfraquecer a Seleção e, consequentemente, a maior representação esportiva dos países oprimidos de todo o mundo.