Pela estatização dos bancos

Sabatina com os banqueiros: quem realmente manda no Brasil?

Lula foi eleito com 60 milhões de votos, mas os banqueiros, odiados pelo povo, querem que seu governo seja a continuação do que foram Temer e Bolsonaro

O novo governo Lula se aproxima e a burguesia segue pressionando o PT para que mantenha o controle sobre os setores mais importantes, com destaque para o Ministério da Economia. O debate está correndo desde o dia após a vitória eleitoral de Lula e os banqueiros são o setor que mais lhe pressiona pela escolha de um neoliberal puro sangue. Inclusive, o presidente eleito foi convidado pela Febraban, a Federação Brasileira de Bancos, mas acabou enviando Fernando Haddad. O que fica claro é que os banqueiros, que não tiveram sequer um voto, querem mandar no País a qualquer custo. 

A vitória eleitoral de Lula por meio da força da mobilização popular de milhões de trabalhadores foi uma derrota dos bancos. O golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma e prendeu Lula teve como um dos principais motivos a imposição de uma política econômica totalmente neoliberal, um saque total do País. O governo Temer foi o maior exemplo disso e o governo Bolsonaro, mesmo com a queda de diversos ministros, se manteve com Paulo Guedes até o fim.

Os banqueiros, que são o setor da economia mais ligado ao imperialismo e que tem como seu porta-voz a imprensa burguesa, querem ter um controle total do Brasil. Eles tentam derrubar o governo do PT desde 2014, conseguiram seu objetivo por 6 anos e, agora, com a volta de Lula, estão exercendo uma pressão enorme para que indiquem o cargo mais importante do governo federal.

Os nomes indicados são os piores vampiros neoliberais, como Pérsio Arida, que está na equipe de transição. A pressão se transforma em uma luta interna no PT, os setores mais de esquerda ligados a Lula, como a presidenta do PT Gleisi Hoffmann, já indicaram que não vão se curvar aos ditames do “mercado”. Enquanto isso, a ala direita, como Jaques Wagner, já afirmou que “falta um ministro da Fazenda para assumir a coordenação da negociação no Congresso”. Ele acha que é necessário um porta-voz na economia, que seja um “grande interlocutor no Congresso”. Afirmação a qual Gleisi se colocou abertamente contra.

Nessa conjuntura, os banqueiros organizados na Febraban convidaram o presidente eleito para tentar intervir na escolha do ministro. Lula, por sua vez, não deu muito valor ao convite e mandou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da educação Fernando Haddad para conversar com os banqueiros. Há boatos de que Haddad seria um possível Ministro da Fazenda, mas parece que o “mercado” não ficou feliz com o discurso de Haddad, mesmo tratando-se de um elemento direitista dentro do PT.

O Estadão já noticiou que o discurso “não empolga”. Dois banqueiros foram entrevistados, o primeiro afirmando não ter “nada de concreto” no discurso e o segundo que o “mercado está no escuro”. Haddad, em sua fala, afirmou:

“[Será necessário] melhorar a qualidade da receita, pela reforma tributária, e melhorar muito a qualidade das despesas […] Será preciso repensar vários gastos autorizados e outros represados, como na área de ciência e tecnologia, controle ambiental e cultura”.

O discurso moderado de Haddad, que apenas deixa claro que o governo federal irá investir parte do orçamento não só em questões de assistência social, como de ciência, tecnologia e cultura, foi muito mal recebido pelos banqueiros. O que eles querem é que a política econômica de destruição nacional, fome e miséria que começou com Temer e seguiu com Bolsonaro se mantenha. Eles não querem conciliar, querem que a sua política seja a do novo governo.

Outro aspecto é que em conjunto aos boatos de que Haddad seria o ministro da Fazenda, o próprio Pérsio Arida seria o ministro do planejamento, que seria ainda mais uma concessão aos banqueiros, que teriam um homem de confiança em um ministério ligado à economia. Mas está claro que, para o “mercado”, as concessões não são o suficiente, eles querem o controle total. 

O absurdo de tudo isso é que os banqueiros estão querendo passar por cima dos 60 milhões de votos em Lula e de uma grande parte dos votos em Bolsonaro. A população votou em Lula para que o Estado invista nos programas sociais, invista na economia, controle as estatais, realize uma política de preços para o petróleo etc. Os bancos são contra tudo isso, querem um governo neoliberal, um governo que esteja a serviço dos interesses do mercado financeiro e dos monopólios estrangeiros. 

Fica claro que a eleição era apenas um, porém importante, passo na luta dos trabalhadores brasileiros contra os golpistas. Os bancos são a principal força por detrás do golpe e dos governos Temer e Bolsonaro, e mesmo com Lula reeleito eles não querem soltar o osso. A classe operária tem um importante aliado agora no governo mas precisa seguir se mobilizando para conquistar suas reivindicações e precisa colocar em primeiro plano a luta pela estatização de todo o sistema financeiro.

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