Durante a Conferência do Clima (COP 27) realizada no Egito nesta semana, diversas empresas afirmaram que estão investindo na criação de uma empresa “totalmente dedicada às atividades de restauração, conservação e preservação de florestas no Brasil”.
Entre as empresas participantes estão Vale, Itaú, Marfrig, Suzano, Santander e Rabobank. De acordo com a nota soltada por essas empresas, o objetivo é que nos próximos 20 anos seja atingida a marca de 4 milhões de hectares de matas nativas restauradas e protegidas, incluindo biomas como Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.
A empresa, que possui, a princípio, o nome de “Biomas”, afirma que seus principais objetivos são “além dos benefícios ambientais da iniciativa em si, contribuir para estimular o desenvolvimento regional e o fortalecimento das comunidades locais com seu envolvimento na cadeia de valor”.
O aporte inicial da empresa é de 20 milhões de reais de cada uma de suas criadoras. Além disso, em seu lançamento durante a COP 27, os seus sócios também propuseram que a empresa teria o objetivo de reduzir da atmosfera aproximadamente 900 milhões de toneladas de carbono e contribuir para a proteção de mais de 4 mil espécies de animais e plantas.
Vamos recapitular: Vale, Itaú, Marfrig, Suzano, Santander e Rabobank, empresas controladas pelos vampiros do mercado financeiro, que fazem todo o tipo de atrocidade, estão se propondo, sem motivo nenhum, a criar uma empresa para a preservação de diversos biomas brasileiros.
A Vale, por exemplo, é uma empresa conhecida por ser a principal causadora dos desastres de Mariana e Brumadinho, destruindo cidades inteiras e matando dezenas de pessoas, cujas famílias sofrem consequências até os dias de hoje. A Vale deveria se preocupar em terminar os projetos de compensação a essas famílias e cumprir os acordos dentro dos prazos em vez de lançar mais uma ação demagógica relacionada com a natureza brasileira.
É difícil até mesmo entrar no mérito do Itaú: um banco privado, responsável por uma alta captação de lucro com base na miséria da população, uma das grandes “mãos” por trás do golpe de Estado de 2016. Agora, o banco, que partiu para uma demagogia rasteira com mulheres, negros e LGBTs, decidiu ingressar no ramo da “sustentabilidade” para esconder seus crimes contra o povo brasileiro.
A Marfrig, por sua vez, é a segunda maior produtora de carne bovina do mundo e líder na produção de hambúrgueres. Ela também é conhecida pelas denúncias de trabalho escravo e de altos níveis de poluição, com descarte ilegal de resíduos e desmatamento — a mesma coisa a qual ela se propõe a parar de fazer.
Enfim, poderíamos entrar nos detalhes de cada uma das empresas e destrinchar toda a sua lista de “crimes contra o meio ambiente” ou contra a própria população, o que já deveria ser suficiente. Suzano já se entrega por ser ela mesmo uma produtora de papel, cuja matéria-prima são as próprias árvores, entrando em conflito constante com os indígenas e sem terra, Santander é outro banco controlado pelos tubarões do setor financeiro e a Rabobank também é um banco com diversas denúncias de corrupção no cenário internacional.
Motivos para não acreditar que essas empresas querem fazer algum bem para os biomas brasileiros são coisas que não faltam. Os fatos se sobrepõem à demagogia e devem ser vistos como uma verdadeira cara de pau por parte dessas empresas. Obviamente, o interesse não é proteger o meio ambiente, e, mesmo com a demagogia, o grupo vai encontrar maneiras de lucrar para si mesmas com toda essa iniciativa.