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COP 27

Lula: a Amazônia é do Brasil

Durante seu primeiro discurso na COP 27, no Egito, Lula demonstrou que seu governo será inimigo do imperialismo e, consequentemente, aliado do povo trabalhador brasileiro

Entre os dias 6 e 18 de novembro, está ocorrendo, em Xarmel Xeique, no Egito, a 27° Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), mais comumente conhecida como COP 27. O evento, realizado anualmente desde 1992, ano em que foi firmado o primeiro acordo climático da ONU, é utilizado pelo imperialismo para fazer demagogia com o meio ambiente, adotando uma série de compromissos que, no final das contas, nunca são cumpridos, principalmente pelas grandes potências.

Nessa quarta-feira (16), Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito do Brasil convidado a participar do evento, realizou o seu primeiro discurso na conferência. Na ocasião, Lula, em discurso marcante, reiterou que seu compromisso não é com a política do imperialismo, mas sim, com o que considera a defesa da soberania nacional e do povo brasileiro.

A luta contra a pobreza

Um dos principais focos da discussão levantada por Lula foi em relação à pobreza no mundo. Entretanto, ao invés de denunciar a questão de maneira abstrata, não atribuindo-lhe responsáveis, deixou absolutamente claro que os culpados pela crise pela qual passa o mundo são os países imperialistas, ou “países ricos”, como ele coloca.

“Precisa haver recursos destinados aos países pobres para combater os problemas criados, em grande medida, pelos países ricos, mas que atingem de maneira desproporcional os mais vulneráveis […] O mundo [deve ser] capaz de acolher a totalidade de seus habitantes, e não apenas uma minoria privilegiada”, afirmou o petista.

Adiante, ele criticou a política de guerra do imperialismo, colocando que “Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e morte, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer”.

Cooperação com os países oprimidos

Ao longo de todo o seu discurso, ficou claro que uma das maiores preocupações do governo Lula será a intensificação da colaboração entre o Brasil e os países atrasados, visando, sobretudo, o desenvolvimento social desses locais. Defendeu, seguindo esse raciocínio, uma série de medidas destinadas a combater a pobreza nos países oprimidos, garantindo a sua soberania em conjunto com a sua colaboração. “Estreitar novamente a relação com nossos irmãos latino-americanos e caribenhos […] lutar por um comércio justo entre as nações”, declarou Lula.

Mais adiante em sua fala, Lula propôs, como uma iniciativa formal de seu governo, “a realização da cúpula dos países membros do Tratado de Cooperação Econômica, para que Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam, pela primeira vez, discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região com inclusão social e muita responsabilidade climática”. Ou seja, destacou que seja feita uma grande união entre os países da América Latina para que sua soberania seja garantida. Aí sim será possível desenvolvê-los de maneira concreta.

Luta contra a dominação imperialista

Seguindo a política já exposta por Lula anteriormente, principalmente durante a sua campanha e em seu primeiro discurso após ganhar as eleições deste ano, Lula voltou a reivindicar uma “nova governança global”, defendendo a inclusão de “mais países no Conselho de Segurança da ONU para acabar com o privilégio do veto”. Ainda mais uma medida que visa enfraquecer a dominação imperialista sobre o mundo.

Em seguida, em uma verdadeira ode à luta anti-imperialista, Lula deixou claro que discorda completamente do fato de que poucos países detêm o controle da grande maioria do mundo:

“A ONU precisa avançar. Não é possível que a ONU seja dirigida sob a mesma lógica da geopolítica da II Guerra Mundial. O mundo mudou, os países mudaram. Os países querem participar mais. Os continentes querem estar representados, e não há nenhuma explicação para que só os vencedores da II Guerra Mundial sejam os que mandam e dirigem o Conselho de Segurança. É importante ter em conta que o mundo está precisando de uma governança global”

Lula escancarou a demagogia imperialista sobre o clima

Como foi dito anteriormente, eventos com a COP não servem, na prática, para nada. São palanques criados para que o imperialismo tente passar a imagem de que é democrático e que, apesar de toda a destruição causada ao longo de toda a sua história, se preocupa com o meio ambiente e com a humanidade como um todo. Algo que não poderia estar mais distante da realidade e que é constantemente impulsionado pela imprensa burguesa, que contribui para a fabricação desse tipo de propaganda.

Todavia, isso não passou batido para Lula. Ao longo de todo o seu discurso, foi enfático na denúncia da demagogia imperialista no que diz respeito ao clima, afirmando, com todas as palavras, que o imperialismo promete mas, no final, não cumpre os objetivos estabelecidos nesse tipo de conferência.

“Eu preciso discutir com os países ricos algumas decisões que já foram tomadas em várias outras COP e que não saem do papel e não são executadas e nós precisamos ter clareza de que não podemos ficar prometendo sem cumprir”, denunciou Lula.

Um exemplo claro do que Lula coloca ocorreu na COP 15, em 2009. Os países que participaram da conferência, na Dinamarca, se comprometeram a fornecer 100 bilhões de dólares até 2020 para ajudar os países mais pobres a enfrentar a mudança climática. Algo que, efetivamente, não foi feito. A isso, Lula avisou que sua “volta também é para cobrar aquilo que foi prometido na COP 15”, algo que foi energicamente respondido pela plateia que gritou “O Brasil voltou!”. 

Na mesma linha, o presidente eleito demonstrou como a imensa maioria dos prejuízos causados pela devastação do meio ambiente recai sobre os países oprimidos, enquanto que a esmagadora maioria desses danos é, justamente, causada pelas potências imperialistas.

“O 1% mais rico da população do planeta vai ultrapassar em trinta vezes o limite das emissões de gás carbono necessário para evitar que o aumento da temperatura global ultrapasse a meta de 1,5°”, disse Lula.

Ao falar sobre os desastres naturais na África, o continente que menos emite poluentes, Lula disse que “a desigualdade entre ricos e pobres manifesta-se até mesmo nos esforços para a redução das mudanças climáticas”. Também afirmou que “A luta contra o aquecimento global é indissociada da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo”, demonstrando ter clareza no fato de que, para impedir a destruição do planeta, é preciso impedir o imperialismo.

Uma defesa verdadeiramente nacionalista da soberania do Brasil e da Amazônia

O grande destaque da vez, porém, foram as colocações de Lula sobre a questão da Amazônia. Foco da principal campanha imperialista contra a soberania nacional, o posicionamento do presidente eleito acerca desse tema é de extrema importância para determinar os rumos de seu novo governo. Nesse sentido, Lula se colocou, mais uma vez, decididamente ao lado do povo brasileiro:

“Estamos abertos à cooperação internacional para preservar nossos biomas, seja através de investimento ou pesquisa científica. Mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania”, um verdadeiro balde de água fria nos planos criminosos do imperialismo.

Então, Lula mostrou defender uma política extremamente progressista no que diz respeito ao desenvolvimento da Amazônia. Ao invés de seguir a confusão da esquerda, que afirma que é preciso acabar com as hidrelétricas, as indústrias e, de maneira geral, o desenvolvimento no País, o presidente eleito afirma que é preciso lutar pelo progresso da região ao lado de uma exploração sustentável do território, “Explorando com responsabilidade a extraordinária biodiversidade da Amazônia para a produção de medicamentos e outras coisas”. Disse que o Brasil vai mostrar que é possível “promover crescimento econômico e inclusão social tendo a natureza como aliada estratégica”.

Em relação aos índios, tema de extrema importância neste momento por também ser um foco da campanha do imperialismo para o Brasil, Lula defende que sejam os principais responsáveis pela defesa de seus próprios interesses:

“[…] vamos criar o Ministério dos Povos Originários para que os próprios indígenas apresentem ao governo propostas de políticas que garantam a eles sobrevivência digna, segurança, paz e sustentabilidade. Os povos originários e aqueles que residem na região amazônica devem ser os protagonistas da sua preservação. Os 29 milhões de brasileiros que moram na Amazônia têm que ser os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento local”

Em versão muito mais esquerdista que em 2002, Lula promete defender a classe operária brasileira

“Eu não voltei para fazer o mesmo que eu já tinha feito, voltei para fazer mais e por isso esperem um Lula muito mais cobrador”, finalizou Lula. Enquanto toda a esquerda pequeno-burguesa faz uma campanha para entregar a Amazônia para o imperialismo e, em especial, para os Estados Unidos, Lula mostra que seu governo rejeitará completamente esse tipo de política reacionária.

A sua posição é, inclusive, muito parecida com a de Nicolás Maduro, presidente nacionalista da Venezuela que, nas últimas décadas, consagrou-se como uma das figuras mais importantes na luta dos povos oprimidos contra as potências imperialistas. Ele afirmou, recentemente, que são os países amazônicos que devem controlar a Amazônia, justamente a política defendida por Lula na ocasião em questão.

Fica evidente, portanto, que o próximo governo Lula tem tudo para se consagrar como um dos principais inimigos do imperialismo no mundo. Acima de mera bravata, Lula tem toda a força do povo ao seu lado, que o pressiona cada vez mais à esquerda. Por isso, entretanto, é que os países imperialistas devem voltar as suas armas contra o Brasil, em uma tentativa de frear o ímpeto progressista que vem do gigante do Sul.

Finalmente, são os trabalhadores que darão as condições objetivas para que Lula cumpra com suas promessas, um horizonte extremamente positivo para a luta dos povos oprimidos em todo o mundo, mas que só poderá se materializar por meio da luta da classe operária organizada com um objetivo em comum: expulsar o imperialismo de nosso País.

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