A profética frase da ex-presidenta Dilma Russef, dita em 2014, nos parece que transcende os horizontes a que se destinava em seu contexto inicial. Após o golpe de estado de 2016, quando ela foi deposta “democraticamente” num processo fraudulento por uma confraria de políticos corruptos e por um judiciário conivente, as coisas no Brasil tem ido de mal a pior. Desde então, a desintegração nacional segue firme o script que foi planejado pelo imperialismo: o roubo de nossas riquezas, a destruição de nossa indústria e de nossa economia produtiva para, assim, obrigar o País a trabalhar apenas para gerar lucros para os bancos parasitas, tanto nacionais quanto internacionais.
Mais um sintoma desse golpe se deu nessa segunda-feira (14). Um gigantesco navio que estava abandonado há 6 anos na Baía de Guanabara colidiu com a Ponte Rio-Niterói por volta das 18h30. Devido aos fortes ventos, a corrente que prendia o navio à área de fundeamento se partiu e a embarcação, à deriva, se chocou com a ponte. O acidente fez com que o trânsito ficasse interrompido por 16 horas, causando o caos no tráfego da cidade do Rio de Janeiro. Felizmente, os danos à estrutura não foram muito sérios e a ponte pôde continuar a ser utilizada.
Esse acidente nada mais é que outro dos inúmeros prejuízos causados ao País por mais um golpe de Estado sofrido pelo Brasil, dessa vez o de 2016. Devido a isso, a crise provocada no setor naval fez com que muitas empresas, nacionais e internacionais, fossem à falência e acabassem por abandonar muitas embarcações. É o caso do navio graneleiro São Luiz que se chocou com a Ponte Rio-Niterói. A empresa proprietária da embarcação, falida como muitas outras do setor, sofre vários processos judiciais e o navio, sub judice, estava largado na baía aguardando o desfecho.
A Operação Lava Jato, embora não tenha destruído nem o PT e nem o Lula, como se propunha, liquidou completamente nosso setor naval ligado à Petrobras. Dados da FUP (Federação Única dos Petroleiros) de 2018 davam conta da tragédia. À época, informava-se que cerca de 300 mil trabalhadores dos estaleiros e das empresas de apoio à indústria naval perderam o emprego com a política de sucateamento da petrolífera levada a cabo pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer. Só na indústria naval foram 60 mil demissões. Para cada desempregado direto do setor, outros quatro postos de trabalho da cadeia produtiva foram fechados, chegando a mais de 240 mil trabalhadores.
Assim, embora uns queiram virar a página do golpe, nos parece evidente que o golpe vem se recusando a deixar que sua página seja virada. Se o governo Lula que virá não conseguir a contento combater seus efeitos, não há de restar realmente pedra sobre pedra ou mesmo ponte sobre ponte.