Durante o ano de 2022, viu-se uma escalada na censura que tem sido memorável na cabeça dos brasileiros. O Judiciário, sobretudo o Supremo Tribunal Federal (STF), tem feito o trabalho de um verdadeiro moedor de carne da população, passando a borracha em tudo o que não lhe agrada, ou melhor, não agrada a burguesia.
Alexandre de Moraes, mais especificamente, parece ter sérios problemas de auto-estima ao simplesmente censurar todos os meios de comunicação de uma organização partidária por ter feito uma crítica cômica a sua figura. Em meados de junho de 2022, o ministro derrubou todas as redes sociais do Partido da Causa Operária sem nenhum motivo legal e aparente.
Passadas as eleições, nos deparamos com mais uma notícia bombástica: em plenário virtual com os advogados de diversas redes sociais como Twitter, Telegram, Tik Tok, Google e Meta, o STF manteve o bloqueio às redes sociais da legenda com a desculpa de que as redes não apresentaram nenhum “argumento minimamente apto a desconstituir os óbices apontados”.
Enquanto isso, as redes sociais afirmaram que as determinações do STF se aplicam em uma censura genérica a conteúdos que são, muitas vezes, lícitos. Não só isso, mas também protocolaram um pedido de explicação apontando de forma clara quais as postagens ilegais para que a censura fosse feita a postagens específicas, e não a uma rede de páginas inteira. Por fim, também reiteraram que não é permitido remover postagens específicas que não ferem as instituições ou reproduzem notícias falsas, e que o bloqueio das páginas é uma atitude de censura prévia, impedindo os usuários de publicarem novas postagens.
Mas não é apenas contra o PCO que o famoso Xandão do judiciário cavalga sua gloriosa jornada de censura — os principais atingidos nos últimos tempos são os bolsonaristas, sobretudo por ataques às “instituições democráticas” e a “democracia” em si, além de também ousarem questionar o processo eleitoral brasileiro, obviamente um sistema sem nenhuma brecha e sem qualquer risco, apesar de ser controlado pela burguesia.
Um dos exemplos mais gritantes disso foram as manifestações bolsonaristas pós-eleições. Indignados com o resultados, eleitores de Bolsonaro bloquearam diversas estradas pelo País, criando um movimento assustador de repressão dentro da esquerda e do judiciário: multas altíssimas para cada dia a mais de mobilização, repressão intensa com uso de agressão policial e, o mais assustador, apoio incondicional da esquerda.
Como se nunca tivesse bloqueado uma estrada na sua história de mobilização ao longo dos séculos, a esquerda condenou as manifestações pacíficas dos bolsonaristas como terroristas, acompanhados pela imprensa burguesa, que as tachou como manifestações golpistas e antidemocráticas. Não só isso, mas a esquerda também incentivou a repressão não só pela polícia, mas pelos próprios militantes, utilizando argumentos direitistas como o “direito de ir e vir” e passando pano para o judiciário, o qual simplesmente destroçou o direito à livre manifestação.
Esse mesmo clima repressivo da esquerda parece ter cegado seus integrantes para a realidade, pois tem defendido isso para si próprios. Primeiro, é importante ressaltar que, se vale para um, também vale para outro — se a direita não pode se manifestar e bloquear estradas, a esquerda também não pode e vai sofrer o mesmo destino dos bolsonaristas caso isso aconteça, se não pior.
Em segundo lugar, é interessante observar como ninguém da esquerda se manifestou contra o que acontece com o PCO. Um caso óbvio e absurdo de censura não despertou a atenção, e muito menos a solidariedade de ninguém. É como se a esquerda estivesse se recusando a ver a verdade, algo muito prejudicial considerando que tudo isso já está se movimento contra ela e, principalmente, contra o povo.
Poderíamos considerar que a esquerda é besta o suficiente para acreditar que, por algum motivo, o Judiciário da burguesia, dos capitalistas e do sistema decadente estaria do lado da esquerda que, curiosamente, é contra tudo isso. Mas mesmo quando isso acontece com a esquerda, no caso, contra o PCO, esse setor da política brasileira não só não mexe um dedo como ignora veementemente o que está acontecendo, apesar de todos os apelos e denúncias das inúmeras arbitrariedades que vem acontecendo.
A esquerda, no fim das contas, aceita todo esse regime de poder do STF e do resto do judiciário, cega pela burrice de não compreender que eles não são justos e honestos e estão do lado da burguesia — não adianta reclamar quando acontecer com ela mesmo e com seus movimento e organizações.