França e Noruega se comprometeram, na abertura da COP 27, a reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis, em até 95% no caso norueguês, no ano 2050, investindo em tecnologia, captação e armazenamento de carbono e fontes renováveis de energia. Embora estejam entre países financiadores da Carbon Brief, empresa britânica responsável pelos índices apresentados e pelos parâmetros científicos que monitoram a poluição mundial,que foram recentemente alterados, de modo que os países emergentes, antes considerados poluidores menores, com a nova metodologia, tornam-se os primeiros na lista de vilões. Brasil, que estava entre os 20 primeiros, foi para a quarta posição.Países nessas categorias ficam fragilizados perante as metas da agenda e sofrem a intrusão dos “experts” em salvação do clima em suas decisões energéticas e político-econômicas. Os dados são criados para corroborar políticas de continuidade do domínio dos grandes monopólios ocidentais sobre as matrizes energéticas e políticas de desenvolvimento de países periféricos.
Mas não é apenas a empresa norueguesa que destrói a água da Rainforest. A mineradora francesa Imerys, com sede no Pará, também polui, há anos, o ambiente em que vive a população próxima às suas instalações, que se alastram velozmente dejetos químicos na água, no ar e, por consequência, no solo também. Uma instalação da empresa explodiu em Barcarena, Pará, em 2021, causando muitos danos à saúde dos habitantes. Os verdes só são verdes porque deixam sua poluição em países nos quais exploram minerais e outras riquezas naturais, os lugares para turismo e especulação imobiliária.
Na abertura da COP 27, Macron se colocou a favor de se banir toda a exploração em alto mar (deep sea mining), alertando para o fato de que apesar da crise de energia e de alimentos devido à guerra na Ucrânia, o clima deve ser nossa prioridade.”. O francês também afirmou que: “ Nós não devemos sacrificar os nossos compromissos com o clima sob a ameaça energética da Rússia, então, todos os compromissos assumidos pelas nações devem ser mantidos.”, conforme publicou o Euronews, em 07/11/2022.
A distância entre discursos sobre aquecimento global e “somos verdes” que norteiam as negociações e as práticas de países imperialistas com países em desenvolvimento, de onde tiraram recursos de maneira suja, violenta e devastadora, é uma distância de anos-luz. Mas os discursos não são fortes o suficiente para gerar energia limpa, e talvez nem seja esse o objetivo de tais discursos. O objetivo é manter todos focados em um tema e algumas ações propagandísticas enquanto os “donos do mundo” continuam queimando, minerando, explodindo e enriquecendo às custas da maioria da população mundial.
União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e França lançam durante o evento do COP27 o projeto por eles financiado chamado “Just Energy Transition Plan” , ou Apenas Plano de Transição de Energia, na África do Sul. O objetivo é ajudar a África do Sul a sair da dependência do carvão e evitar emissões de carbono. Uma lágrima no oceano, mas é mostrado como uma ação de amor ao planeta. Será? Há eventos sobre projetos voltados a financiamento para países africanos na COP27. Projetos como este na verdade apenas camuflam a política de se barrar os países em desenvolvimento de gerir seus próprios recursos energéticos, algo extremamente estratégico na geopolítica atual.