Em 14 de novembro, na última segunda-feira, o WRI, World Resources Institute, Instituto de Recursos Mundiais, lançou um novo projeto que busca parcerias no sentido de desbloquear dados relativos ao uso da terra e das áreas de florestas e fazer deste um objetivo global que reúne dados, os modos de interpretá-los e possíveis soluções para os problemas ambientais e climáticos. Embora pouco conhecido por grande parte da população, o WRI é uma instituição muito influente em vários países e tem escritórios, projetos e profissionais espalhados pelo mundo, em todos os continentes.
O objetivo do projeto é o de “melhorar as decisões sobre o uso da terra, acelerar a transição para uma sustentabilidade da cadeia de suprimentos e reverter a perda de florestas devido à economia baseada em commodities ao redor do mundo.” Super ecologicamente correto, “do bem”. Entretanto, o projeto não pretende acabar com a economia baseada em commodities dos países menos desenvolvidos. Pretende, de certa forma, centralizar e tabular dados globais sobre o tema, para poder fazer intervenções via projetos locais.
Na página do WRI, que anuncia o chamado para parcerias com empresas, agências que fazem políticas públicas, ONGs e interessados em geral, confere-se que “o ponto crítico para se barrar o desmatamento causado pela cadeia de suprimentos de commodities é a falta de transparência e de consistência no que se refere à extensão das florestas, usos da terra e as direções para mudanças no uso da terra, juntamente com o consenso limitado no modo como se interpreta esses dados” Até aí, tudo bem. De fato, os dados, sua coleta, interpretação e divulgação são manipulados conforme os objetivos de cada interessado. O que não causa estranheza é a lista de financiadores da iniciativa: a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), USAID, o Departamento de Estado dos EUA, Google, NASA e Unilever. Esses agentes criaram o projeto em 2021.
Vejamos: são quatro agências diretas do governo dos EUA: FAO, USAID, Departamento de Estado e NASA. Além destes, há duas empresas multinacionais. A Google dispensa comentários. A Unilever é um conglomerado gigantesco em número de produtos, são 400 marcas em 190 países. No Brasil, são 30 marcas, cada uma com vários produtos alimentícios e de higiene/limpeza.
As imagens dos projetos e seus resultados são verdadeiros “comerciais de margarina”. Tudo lindo, ético, limpo e cheio de compaixão, por tudo e por todos. Há relatos de projetos já realizados no Brasil, na área de reflorestamento, segundo o site da WRI.
O Instituto não deixou suas raízes. Foi fundado em 1982, em Washington, com um Fundo de $15 milhões da MacArthur Foundation. Segundo eles: “O WRI se mantém fiel à sua missão fundadora que é a de mover a sociedade humana de modo que proteja o meio ambiente da Terra e sua capacidade de prover as necessidades e aspirações desta e das próximas gerações.” A WRI nasceu junto com o Neoliberalismo do Consenso de Washington, aparentemente.
Uma coisa é certa: não há melhor oportunidade de ver o vigor da demagogia imperialista que o palco da COP27. Institutos e organizações imperialistas, os mesmos que deram o golpe de 2016 no Brasil e realizaram a farsa eleitoral em 2018 que levou Bolsonaro à presidência, que patrocinam a guerra na Ucrânia, no Iêmen, o bloqueio a Cuba, são esses que dizem estar interessados no meio ambiente, uma farsa. Esses golpes, que impedem o desenvolvimento tecnológico no Brasil por exemplo, inclusive com relação a inovações no transporte com o uso mais eficiente da energia, são os maiores crimes contra a humanidade e o meio ambiente. Todo o show feito agora tem por objetivo intervir na política interna dos países atrasados, sob o argumento do “bem comum”, pelo meio ambiente, uma violação da soberania nacional dos países atrasados, nada mais que isso.