As eleições deste ano se deram em meio a uma das maiores polarizações de toda a história do Brasil. A vitória de Lula, candidato da esquerda e o maior representante dos trabalhadores no Brasil, foi motivo de revolta entre setores compostos majoritariamente por caminhoneiros. Após o resultado do pleito, dezenas de rodovias foram bloqueadas em várias regiões do País. Os manifestantes reivindicam, em primeiro lugar, a anulação das eleições, afirmando que a vitória de Lula representou uma fraude contra Bolsonaro.
Então, Alexandre de Moraes, skinhead de toga do Supremo Tribunal Federal (STF), contando com o apoio de governadores como Zema, em Minas Gerais, decretou que a Polícia Militar poderia utilizar os meios que fossem necessários para desobstruir os trechos ocupados pelos manifestantes. De maneira simples, uma grave violação do direito constitucional de livre manifestação.
Finalmente, os manifestantes bolsonaristas são, em sua maioria, trabalhadores que, assustados pelo tamanho da crise imperialista e, ao mesmo tempo, completamente abandonados pela esquerda brasileira, foram à direita que, de maneira demagógica, diz defender os seus interesses. Nesse sentido, manipulados pela imprensa capitalista e pelo empresariado aliado a Bolsonaro, enxergam o novo governo de Lula com muito temor.
É corriqueira, por exemplo, a campanha nos jornais de que Lula, aliado de Maduro, tornará o Brasil uma nova Venezuela que, neste momento, sofre com uma enorme crise energética em decorrência das sanções do imperialismo contra o país.
O que deve ser feito frente a essa situação? Setores da esquerda pequeno-burguesa defendem, mostrando o profundo processo de direitização daqueles que se consideram defensores do povo oprimido, que é preciso reprimir os manifestantes, convocando, inclusive, sua militância para fazer o papel da polícia. Não existe política que afastará mais o povo da esquerda do que essa.
É preciso, acima de qualquer coisa, dialogar com os caminhoneiros. Lula, nesse sentido, deve assegurar que suas reivindicações importam para o seu governo e que, portanto, possui um programa em defesa de seus direitos. Afinal, são trabalhadores que a esquerda precisa reconquistar e, para tal, a única saída é a discussão política.
Fundamentalmente, Lula, como presidente eleito e principal representante dos trabalhadores no Brasil, deve ir até os caminhoneiros e apresentar o seu programa em sua defesa: estatizar completamente a Petrobrás para que, dessa maneira, o imperialismo pare de controlar os preços do diesel no País. O petróleo estatal implica, necessariamente, em um melhor aproveitamento dos recursos que são do povo brasileiro por direito, já que não será exportado de maneira desenfreada para que as grandes potências possam explorá-lo.
É isso que deve ser explicado para os trabalhadores. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior organização sindical da América Latina, deve ser linha de frente nesse embate e apresentar para todas as categorias, em todo o Brasil, um programa de luta que tenha como preocupação principal os direitos da classe operária brasileira.
A classe operária é sensível aos problemas que lhe afetam e, no caso dos caminhoneiros, não há preocupação maior que o preço dos combustíveis, já que isso implica, diretamente, em sua sobrevivência e na sobrevivência de suas famílias.
Essa é a saída à esquerda para a atual crise envolvendo as manifestações bolsonaristas. Agora é a hora de reconquistar todos os trabalhadores para que travem, como uma classe só, uma gigantesca luta contra o imperialismo que, há mais de uma década, tenta colocar as suas garras no patrimônio nacional. O bolsonarismo, enfraquecido pelo resultado eleitoral, deve ser combatido de maneira política, sendo denunciado como a grande demagogia que é.
No fim, o governo de Lula precisará de toda a força popular para derrotar, de maneira definitiva, o golpe no País, instaurando, então, um governo ditado pelos trabalhadores e suas organizações.