Subordinado de segundo escalão do imperialismo, a Coreia do Sul, nessa quarta-feira (26), concordou com os Estados Unidos e com o Japão, que a retomada dos testes nucleares pela Coreia do Norte, teria que ser recebida com uma resposta “sem paralelo”. Washington quer proibir a Coreia do Norte de praticar testes de bombas nucleares, algo realizado pelos Estados Unidos sistematicamente.
Em entrevista coletiva em Seul, representantes dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul tiraram uma resolução: “Concordamos que uma resposta de escala sem paralelo seria necessária se a Coreia do Norte avançar com um sétimo teste nuclear”, disse ele, em entrevista coletiva conjunta. O Departamento de Estado norte-americano afirmou que se a Coreia do Norte continuar os testes, terá resposta “sem precedentes” e será o “fim do regime”.
Apesar das ameaças, na última sexta-feira (28) a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos de curto alcance em direção ao Mar do Japão, segundo militares da Coreia do Sul e o governo japonês. Os projéteis, de acordo com as autoridades, foram lançados na zona econômica exclusiva do Japão e não houve relatos de danos.
A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos de curto alcance ao largo de sua costa na sexta-feira, o mais recente de uma série de lançamentos desde o início deste mês, disseram os militares sul-coreanos.
O Estado-Maior Conjunto de Seul (JCS) disse que “detectou os lançamentos da área de Tongchon na província de Kangwon”. A cordilheira de Tongchon está localizada a cerca de 60 km da fronteira inter-coreana. Parece estar mais perto do território sul-coreano do que qualquer outro local de lançamento usado por Pyongyang este ano.
O que a imprensa omite?
O teste de Pyongyang vem no último dia dos exercícios navais anfíbios “Hoguk” da Coreia do Sul, que também envolveram um número não especificado de tropas americanas. Na segunda-feira, Seul e Washington também estão prontos para iniciar seus exercícios conjuntos de “Tempestade Vigilante”, que devem envolver mais de 200 caças.
As provocações do imperialismo japonês têm avançado. Com a crise energética europeia, as corporações japonesas, especialmente a Mitsubishi, retomaram o projeto nuclear japonês, visando o fortalecimento do imperialismo na região do indo-pacífico, ao mesmo tempo suprir a Europa com usinas nucleares em novos acordos e convenções que poderão vir com as sanções sem volta à Rússia.
Existe um fortalecimento da atuação dos Estados Unidos no pacífico para pressionar a Rússia e a China no Leste, especialmente na pressão contra Taiwan. Deste modo, uma guerra de desgaste sobre a Coreia do Norte, garante a possibilidade de um território de pressão à China e à Rússia.
Sabendo disso, o regime Juche retomou o programa de testes, que tinham arrefecido em 2018, com toda força. No mês passado, Kim Jong Un declarou seu país uma potência nuclear “irreversível”, sinalizando efetivamente o fim das negociações sobre a desnuclearização da Península Coreana. Ele disse que a Coreia do Norte colocaria ênfase no desenvolvimento de ogivas táticas e estava pronta para realizar múltiplos testes atômicos como parte do programa.
Se a Coreia do Norte resiste mais que Irã e Rússia, por que a tentativa de desgaste?
Trata-se de uma preparação do imperialismo na região, a fim de fortalecer os cinturões de pressão à Rússia e à China, e a península coreana em sua totalidade, incluindo a capacidade científica desenvolvida após a segunda guerra mundial, é muito interessante aos Estados Unidos. Contudo, os Estados Unidos sabem que a independência e o estado operário da República Popular é ameaça aos projetos americanos, não por causa de seu desenvolvimento tecnológico, mas pela força dos militares norte-coreanos, que resistiriam com mais violência que um Vietnã ou Afeganistão, além de ser um país dedicado à produção dos submarinos mais letais do mundo, sendo a maior frota.
Os EUA dividiram a península em Estados do norte e do sul. O Governo Militar do Exército dos Estados Unidos na Coreia (USAMGIK) governou a metade sul da Península Coreana usando os antigos ocupantes japoneses para ajudar na decisão. Mais tarde, os EUA trouxeram um coreano americanizado, Sygnmann Rhee, para ser um ditador. Os EUA se opuseram firmemente à reunificação temendo um resultado democrático que traria a vitória da revolução proletária em toda a península. Os norte-coreanos formaram seu próprio governo e, desde o início, superaram economicamente a República da Coreia (ROK, ou seja, a Coreia do Sul) durante três décadas. Esse elemento consta no livro fundamental sobre o tema “Immovable Object: North Korea’s 70 Years at War with American Power”.
Para manter o controle, os americanos e o governo reprimiram brutalmente os trabalhadores na Coreia do Sul, cometendo muitos massacres. Isso ajudou a preparar o palco para a guerra na península, e essa guerra não acabou, mas como em toda guerra, existem momentos de relativa paz e maior pensar para tomada de novas decisões. Agora, a Coreia do Sul está ensaiando manobras para auxiliar o imperialismo japonês e norte-americano, sondar novas possibilidades de invasão, derrubada do regime Juche e verificar vulnerabilidades.
Estratégia e resiliência da Coreia: quase intransponibilidade
Um armistício foi assinado, sem um tratado de paz; portanto, os inimigos permanecem tecnicamente em guerra. A Coreia Popular e Operária aprendeu com sua experiência e tornou-se militarmente adepta a se defender.
A Coreia do Norte tornou-se líder em fortificações subterrâneas, e colocou grande parte de seus armamentos e materiais bem além do fácil alcance dos mísseis. Os norte-coreanos se tornaram tecnicamente proficientes e desenvolveram uma capacidade de mísseis balísticos intercontinentais de atacar em qualquer lugar dos EUA continental, incluindo Intercontinental Ballistic Missile (ICBMs) lançados por submarinos. Esses mísseis podem ser cobertos com dispositivos nucleares miniaturizados e representam um impedimento mais crível. É sabido que a Coreia do Norte não hesitará em responder à provocação. A nuclearização da RPDC impediu qualquer ataque contra ela.
No livro “Immovable Object: North Korea’s 70 Years at War with American Power”, Abrams destaca que a Líbia pagou o preço por ter “ignorado avisos diretos tanto de Teerã quanto de Pyongyang para não prosseguir tal curso [de desarmamento unilateral], a liderança da Líbia mais tarde admitiria que o desarmamento, a modernização militar negligenciada e a confiança no bem ocidental provaram ser seu maior erro — deixando seu país quase indefeso quando as potências ocidentais lançaram sua ofensiva em 2011. (p 296)”
O que se pode depreender é que os Estados Unidos, em crise de legitimidade, apelam a estratégias de agressão permanente, guerras de desgaste, e escalar uma guerra psicológica que teste os povos nos territórios governados por governos anti-imperialistas. A meta continua sendo a Rússia e a China, porém, a tomada gradual dos territórios fronteiriços, e com grande importância estratégica e geopolítica, fazem parte da organização de longo prazo do imperialismo.


