A crise política na Inglaterra se agrava a cada dia que passa, o último importante acontecimento foi a renúncia da Primeira Ministra conservadora, Liz Truss, com o menor mandato da história do país. Ontem o Partido Converdor definiu quem é sua nova liderança e assim definiu, por ter a maioria no parlamento, quem será o novo PM, Rishi Sunak, um banqueiro bilionário de 42 anos descendente de indianos . A burguesia inglesa tenta improvisar mais um candidato para estancar a crise terminal do regime político que governa o país há décadas.
A crise no regime político da Inglaterra apareceu com um grande destaque a partir do referendo que sobre a questão de se manter ou não na União Europeia, o famoso Brexit. Os britânicos votaram em maioria pelo Brexit no ano de 2016, o mesmo ano da eleição de Donald Trump nos EUA. Foi um sinal de que o regime já estava em rápida decadência, a União Europeia é o baluarte do imperialismo europeu que tomou um duro golpe com a saída de um dos três países mais importantes do continente.
A questão do Brexit foi o ponto central da crise inglesa até a saída se tornar oficial, apenas em janeiro de 2020! O governo do periodo do referendo, do convervador James Cameron, caiu devido a vitória do Brexit. Se seguiu o governo de Theresa May, os conservadores ainda conseguiram a vitória em 2017 mas May renunciou em maio de 2019 após varias tentativas de negociação do Brexit derrotadas. Então assumiu Boris Johnson, um setor mais abertamente pró Brexit do Partido Conservador.
Enquanto isso se fortalecia o candidato do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, ele em determinado momento era o preferido para vencer as eleições. Sua posição, mais ligada aos sindicatos, era a posição tradicional da esquerda inglesa contra a União Europeia, uma organização do imperialismo e portanto inimiga da classe operária da Inglaterra e de toda a Europa. Contudo a pressão interna no partido foi muito grande, Corbyn parou de defender o Brexit e assim Johnson obteve a vitória nas eleições de 2019, com está sendo a principal pauta, a eleição foi quase que um novo referendo.
Após as eleições de 2020 Boris Johson seguiu como Primeiro Ministro, o Brexit de fato aconteceu em alguns meses. Contudo no Partido Trabalhista, a derrota da ala esquerda devido a sua capitulação deu lugar a um golpe da ala direita. Jeremy Corbyn foi retirado da liderança do Partido e quase que ostracizado, sendo suspenso do partido em outubro de 2020. Com essa perseguição também foram pegas figuras menos importantes da ala esquerda, com essa guinada à direita dos trabalhistas a sua popularidade diminuiu ainda mais, e ele não se tornou uma alternativa real para os trabalhadores diante das crises de 2020 até agora.
A crise do Brexit se seguiu a dois grandes eventos, a pandemia de Covid-19 e a guerra da OTAN contra a Rússia, esta ultima avassaladora para a economia inglesa. Ao tentar bater de frente com os russos Boris Johnson não aguentou se manter no governo, renunciou para Liz Truss, que se autodeclarou como a nova Margareth Thatcher. Mas a Dama de Ferrro 2.0 não aguentou a crise gigantesca e as novas mobilizações dos trabalhadores, que crescem cada vez mais com greves operários em diversas categorias. Ela renunciou com 45 dias de governo, agora Rishi Sunak é a nova carta na manga da burguesia.
O novo Primeiro Ministro inglês foi o ministro das finanças do governo Boris Johnson, ele é um bilionário ex banqueiro, o parlamentar mais rico do país, uma espécie de Emannuel Macron inglês. Sunak quase venceu Truss em setembro com uma política levemente menos neoliberal que sua concorrente. Ao que parece a burguesia inglesa para tentar manter o partido conservador, em crise total, no governo escolheu um ultra neoliberal com feições esquerdistas, um jovem, filho de imigrantes.
Enquanto a crise nos partidos políticos que controlam o regime cresce também ganham força dois movimentos importantíssimos no país. O primeiro, que pode até ser mais perigoso por estar mais organizado, são os movimentos de independência da Irlanda do Norte e da Escócia que possuem partidos que se fortalecem se colocando contra o governo da Inglaterra, o Partido Nacional escocês tem 64 de 128 cadeiras no parlamento.
E outro movimento é ainda mais assustador para a burguesia, o movimento da classe operária. A Inglaterra mesmo se excluindo da União Europeia ainda faz parte do mesmo regime político imperialista que governa toda a Europa, e portanto sofre das mesmas crises que os alemães e franceses. Isso está se revertendo em greves e mobilizações em todos esses países, as greves dos últimos meses nas ilhas britânicas foram cruciais para derrubada de Liz Truss. Ferroviários, trabalhadores da saúde e das universidades, portuários dentre outros estão se organizando para uma greve geral no inverno.
O a crise do regime político Inglês deve resultar, assim como em todo o mundo, na polarização e radicalização. De um lado a extrema direita, que está lutando por espaço no país, e do outro a esquerda e os trabalhadores. O golpe contra Corbyn foi justamente um golpe preventivo para esse momento de ascensão da classe operária pois, mal ou bem, o Partido Trabalhista teria uma liderança ligada aos sindicatos. Aos trabalhadores ingleses resta organizar um partido capaz de bater de frente com o imperialismo e derrubar o regime político podre que impõe a fome e o frio à milhões em um dos países mais ricos do planeta.





