─ Brasil de Fato ─
O PL repassou ao deputado estadual do Rio de Janeiro Samuel Malafaia, irmão do pastor Silas Malafaia, R$ 500 mil do Fundo Eleitoral para sua campanha à reeleição. O valor é 656% acima do valor médio de R$ 66 mil pago aos outros 63 candidatos do partido que disputarão a corrida eleitoral para uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Somente o Delegado Guilherme Delaroli, que não ocupa cargo público, recebeu um valor similar, R$ 550 mil. Outros candidatos à reeleição, como Dr. Serginho, Jair Bittencourt e Rodrigo Bacellar, receberam R$ 100 mil do partido.
Silas Malafaia tem sido aliado inconteste do presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a eleição de 2018. Na última segunda-feira (19), enquanto o presidente discursava na sacada da embaixada brasileira em Londres, o religioso provocava um militante anti-Bolsonaro e animava a claque bolsonarista, correndo entre os manifestantes a favor do mandatário e puxando gritos de “mito”.
Após fracassar no intuito de fundar o próprio partido, o Aliança pelo Brasil, Bolsonaro anunciou sua ida ao PL para disputar as eleições de 2022. Uma série de aliados do presidente migraram para a legenda, inclusive os dois filhos que ocupam cargos no Congresso Nacional, o senador Flávio e o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Fé e milícia
Samuel Malafaia, que é engenheiro mecânico por formação, concorre pela quinta vez ao mesmo cargo, sempre por partidos diferentes. Em 2006, perdeu a eleição quando estava no MDB. Em 2010, pelo PR, foi eleito pela primeira vez. Quatro anos depois, em 2014, estava no PSD e foi reeleito pelo coeficiente eleitoral, assim como em 2018, quando já era filiado ao DEM.
Entre as eleições de 2014 e 2022, o patrimônio de Samuel Malafaia saltou 224%, saindo de R$ 241 mil para R$ 782 mil. O salário pago aos deputados estaduais do Rio de Janeiro é de R$ 25.322,25 e o valor líquido dos vencimentos é de R$ 18.812,85.
Abaixo da faixa dos R$ 500 mil, onde está Samuel Malafaia, está a candidata Val Meliga, ex-tesoureira do PSL e ex-assessora do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que recebeu R$ 300 mil do partido. Ela é irmã dos irmãos gêmeos Alan Rodrigues Oliveira e Alex Rodrigues Oliveira, presos e acusados de serem milicianos.
Em 2018, Val trabalhava no comitê da candidatura de Flávio Bolsonaro ao Senado. Sua relação com a família do senador é tão estreita que ela tinha procuração para assinar cheques da campanha em nome do filho do presidente.
Outro lado
Procurado, o PL preferiu não se manifestar sobre os critérios adotados para a divisão de recursos do Fundo Eleitoral entre as candidaturas que disputarão uma vaga de deputado estadual.