Crise inflacionária

Brasileiros deixam de usar sabonete no banho para economizar

Preço do sabonete aumentou quase 28% em 12 meses e parte da população agora toma banho só com água

Diante da enorme crise econômica que assola o Brasil e o mundo, a inflação tem levado a população não só a reduzir drasticamente a compra de alimentos, mas também o uso de produtos básicos de higiene pessoal, como sabonete e xampu. No segundo trimestre deste ano, houve um aumento de 9% no número de banhos sem uso de sabonete entre os que tomam dois banhos por dia, comparado ao mesmo trimestre de 2018.

Em matéria publicada em O Estado de S. Paulo, os dados levantados pela consultoria Kantar são frutos de um estudo nacional sobre hábitos de higiene e consumo, que monitora diariamente o comportamento de 4 mil pessoas. O estudo serve como representação de 115 milhões de brasileiros, pouco mais da metade da população.

Uma das responsáveis pela pesquisa, Jenifer F. Novaes, afirmou que “um em cada cinco banhos é apenas com água, e essas ocasiões são feitas por cerca de 31% da população”. O acompanhamento, feito desde 2018, mostra que desde 2019 tem crescido o número de banhos sem sabonete. Os mais afetados por essa condição são os brasileiros das classes D e E, onde a renda média individual é de R$ 791,63 (65% do salário mínimo).

De acordo com Rafael Couto, diretor de soluções avançadas da consultoria, “o aumento da inflação e o agravamento do cenário econômico levaram o consumidor a ter de fazer escolhas seja cortando produtos seja racionalizando o uso para que durem mais”. Sendo assim, tem aumentado cada vez mais o banho só com água, sem usar sabonete e também evitando o uso de xampu e cremes de cabelo.

É o caso de Ulisses dos Santos, educador infantil, não chegou ao ponto de não usar sabonete, mas adotou uma forma rígida de economizar: primeiro ele se molha, depois fecha o chuveiro e então ensaboa todo o corpo. E só depois se molha novamente para tirar o sabão. Assim, economiza 50% do sabonete e também gasta menos água e energia.

A maquiadora Nayalla Mendes de Carvalho, por exemplo, passou a lavar menos vezes o cabelo: ao invés de lavar quatro vezes na semana, agora lava só duas e “o resto a gente disfarça e usa cabelo preso”, disse ela.

O aumento do preço dos alimentos costuma estar mais em evidência, contudo o preço dos produtos de higiene também sofreram altas equivalentes aos dos alimentos. Em 12 meses até agosto, o preço do sabonete subiu 27,97%, semelhante ao do óleo de soja, que foi de 27,52%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15. Já o reajuste do sabonete foi de 20,95%, superior ao óleo, que foi de 19,76%.

Resultado direto do golpe de estado e da crise generalizada do capitalismo mundialmente, o problema da inflação põe a população em condições sub-humanas. Direitos básicos como alimentação e higiene tornam-se luxo em meio a essa crise. O sabonete é um produto que, a depender do local, pode ser comprado por menos de 1 real, está tendo que entrar na lista de coisas que podem ser cortadas ou reduzidas no consumo. Uma barbaridade com o povo pobre.

A crise se acentua cada vez mais ao redor do mundo. O problema da inflação atinge até mesmo os países desenvolvidos, como no caso da Europa. Porém, no Brasil, justamente por ser um país mais atrasado, a população passa por uma situação degradante. Durante a crise inflacionária e o aumento do preço dos alimentos, vimos a população deixando de consumir elementos básicos como carne, ovo e até mesmo o arroz e o feijão. Nos mercados, os paupérrimos procuravam por ossos e pele para ter uma sustância a mais no prato. Vimos também a substituição do gás de cozinha pela lenha.

Essas “escolhas” diante das quais a população se encontra em relação ao consumo nada mais são do que a pobreza em sua forma pura. É a negação do direito à alimentação. O caso da higiene é ainda mais gritante. Daqui a pouco, teremos que reduzir a quantidade de banhos na semana e, caso se mantenha desse jeito, sabe se lá o que vai acontecer com o povo.

É necessário uma ampla denúncia a esse tipo de absurdo e condições decadentes que a população pobre se encontra. Esse é o programa da direita, do imperialismo, do neoliberalismo. É um “salve-se quem puder”.

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