O primeiro debate presidencial, realizado na noite desse domingo (28) na Rede Bandeirantes, foi uma obra montada com o principal objetivo de beneficiar a candidatura de Simone Tebet.
Em todo o momento, as questões se voltaram para problemas relacionados com as mulheres. Isso foi levantado principalmente pelos jornalistas que realizaram as perguntas, mas também pelos candidatos do centrão (principalmente Tebet, Ciro Gomes e Soraya Thronicke).
As mais evidentes foram as aparições da jornalista golpista Vera Magalhães e o questionamento sobre a paridade de gênero em um possível ministério, que foi levantado para Lula e para Tebet.
Tebet, aliás, foi, logo após o debate, a primeira entrevistada pela imprensa na transmissão da UOL, e foi questionada sobre o fato de Lula não ter se comprometido com a paridade de gênero ─ corretamente, afirmando que não pode se comprometer para fazer demagogia com setores. Ela aproveitou a trama para atacar Lula e fazer-se de feminista novamente.
Levantamentos realizados ao longo do debate pelo DataFolha apontaram Tebet como a candidata com o melhor desempenho, junto com Ciro Gomes. Bolsonaro, por sua vez, foi considerado, pela pesquisa de opinião e também pelos comentaristas, como o de pior desempenho.
Os jornalistas que estavam comentando na transmissão do UOL também levantaram a bola de Tebet ao destacarem que ela é uma mulher e que a questão da mulher é a mais importante, logicamente por isso ela seria a melhor candidata do debate.
Bolsonaro saiu-se como grande perdedor, sendo encurralado pela trama entre os jornalistas e os candidatos da terceira via na questão feminina. Lula, por sua vez, também foi prejudicado por essa questão, mas também pela questão da suposta corrupção, martelada por seus adversários e pelos jornalistas.
“Machista”, “misógino”, acusaram Bolsonaro os jornalistas após o debate.
Este diário tem alertado o papel da imprensa golpista e, principalmente, dos debates eleitorais, na ascensão de Simone Tebet como a candidata da burguesia para essas eleições. É desta forma que a burguesia poderá, se for bem-sucedida, colocar Tebet em cima nas pesquisas. Veremos a próxima pesquisa de opinião pública ─ também controlada pela imprensa burguesa ─ qual será a posição de Tebet. É bem possível que terá mais pontos após esse presente dos jornalistas e dos seus aliados da terceira via no debate da Band.
A manipulação da questão da mulher deve ser combatida pelo movimento feminino, pelos trabalhadores e pelo conjunto da população. Está muito claro que as mulheres estão sendo usadas pela burguesia para eleger a sua maior inimiga, que é a terceira via, ou seja, a direita tradicional, representada por Simone Tebet, que levou Bolsonaro ao poder e está entregando o Brasil ao imperialismo. A candidata mais impopular, que a burguesia vai tentar enfiar goela abaixo do povo brasileiro.
“Eu acho que a terceira via, que estava no acostamento, ganhou uma sobrevida neste debate”, disse um comentarista do UOL. Com isso, podemos esperar o mecanismo da burguesia funcionando para alçar sua candidata contra a vontade popular.