As centenas de milhares de imigrantes detidos nos Estados Unidos, país que possui a maior economia do mundo, bem como, as dezenas de milhares que estão presas sob a custódia da Agência de Imigração, revelam a gigantesca crise do sistema capitalista. Nessas prisões as pessoas são submetidas a todo tipo de violência, passam fome, são torturadas física e psicologicamente, filhos e familiares são separados, acontecem estupros, há caso de mulher parindo filho totalmente desassistida, outras tendo seus úteros retirados e, nessas condições, inevitavelmente mortes como a Kesley Vial, jovem brasileiro de 23 anos.
A imprensa capitalista noticiou a morte do jovem brasileiro, mas nenhuma explicação das causas do incidente. No dia 22 de abril, Kesley teria sido detido pela patrulha de fronteira na cidade de El Paso, estado do Texas. No dia 29 de agosto, o brasileiro teria sido transferido para uma prisão em Torrance, no estado do Novo México, enquanto sua deportação era preparada. Na quarta-feira (24), Kesley foi encontrado sem vida. Segundo as informações, a Agência de Imigração dos Estados Unidos estaria realizando uma revisão mais abrangente sobre a morte do brasileiro.
Não há como negar a responsabilidade do estado norte-americano sobre a morte do jovem Kesley, o caso é tão criminoso que há um mistério sobre o que teria acontecido. Evidentemente, não se trata de um caso isolado e o governo norte-americano vai tentar esconder as causas assim como faz com os números de mortes de imigrantes detidos, procedimento comum também diante de outras formas de violência.
Também não há como negar a responsabilidade dos Estados Unidos e dos demais países imperialistas sobre a situação migratória, populações de países inteiros são subjugadas através de golpes de estados e invasões militares, a precarização das condições de vida nestes países faz com que verdadeiras multidões se desloquem para os países centrais do capitalismo em busca principalmente de emprego.
Um caso que ilustra bem esse fenômeno e o descaso do imperialismo com os imigrantes aconteceu em setembro do ano passado, 15 mil haitianos foram detidos ao tentar entrar nos Estados Unidos e tiveram que ficar embaixo de uma ponte na cidade de Del Rio, no Texas, ao longo de três semanas com fome, molhados e expostos a todo tipo de adversidade. A situação do Haiti explica do que fugiam, se trata de país com tradição de golpes de estado, que passa por uma crise econômica sem precedentes, depois da ONU ocupar militarmente o país por 10 anos, uma eleição foi anulada em 2015 e o presidente eleito em 2017 terminou assassinado no ano passado, atualmente o governo provisório empossado tem objetivo de pacificar o país até 2023.
O aspecto que chama muito atenção é como a imprensa, que outrora demonizava o presidente Donald Trump pela crise migratória e pelas condições desumanas das detenções, se esqueceu completamente do problema apesar do mesmo ter se intensificado ainda mais no governo Biden, somente o número de brasileiros detidos aumento seis vezes no ano passado, em números absolutos foram mais de 46 mil pessoas. O presidente, Joe Biden, que se valeu do identitarismo, conquistando apoio incluso da esquerda brasileira que o considerou como mal menor, ao encarcerar massas principalmente de pessoas negras, demonstra que essa política não passa de pura demagogia.
Hoje não se pode ter qualquer dúvida da tirania do atual governo dos Estados Unidos, com menos de um mês como presidente Biden bombardeou a Somália, depois tentou um golpe contra o regime de Cuba, intensificou os bloqueios econômicos contra países como a Venezuela, aplicou sanções contra outras economias como a China, provocou a guerra na Ucrânia.
Além desses acontecimentos recentes, Biden como parlamentar por décadas participou do comando de inúmeras guerras e golpes de estado incluso no Brasil em 2016. É essa política criminosa de condenar milhões de pessoas à miséria, para manter a dominação econômica dos países imperialistas sobre os demais, que resulta na gigantesca crise migratória que é irreversível.