─ Eduardo Vasco, de Moscou ─
Ainda estávamos em Moscou. No mesmo dia que Rafael Dantas e eu entrevistamos Denis Parfanov, deputado do Partido Comunista da Federação Russa, conhecemos alguém ainda mais especial.
Era 22 de junho. Foi na saída da manifestação em homenagem aos 81 anos da invasão alemã à União Soviética e aos 27 milhões de cidadãos que padeceram sob o domínio nazista nos quatro anos que se seguiram.
Vladimir Fedorovich Khodakov nos disse que tem 99 anos.
Eu estudei na cidade de Górki [atualmente rebatizada de Níjni Novogorod]. Essa cidade sofreu muito com os bombardeios. Lutamos nas forças de artilharia naquela cidade. Havia muitas empresas e nossa missão era protegê-las dos bombardeios. Após a guerra, participei dos trabalhos de muitas organizações
Com uma dúzia de medalhas no peito (entre elas a da Revolução de Outubro, de Jorge Júkov e do 75° aniversário da Guerra), conta orgulhoso um pouco do que viveu na “Grande Guerra Patriótica”, como os russos chamam a Segunda Guerra Mundial.
Lutei nas forças de defesa aérea de aeródromos na Polônia, na Romênia, protegendo-os dos bombardeios inimigos. Mas obviamente houve muitas perdas entre nossas forças. Os aeródromos próximos de estações de trem eram bombardeados pesadamente, porque se estavam juntos um do outro, eram alvos ideais para as forças do Eixo.
Já cansado, lamenta-se por não poder continuar o papo. Mas passa um último recado.
Temos de nos unir, essa é nossa missão primordial neste momento. Trabalhadores do mundo, uni-vos!