No último sábado (20), o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Mato Grosso do Sul, realizou um sorteio para redefinir o tempo de propaganda na televisão e nas rádios que para os partidos
Segundo os juízes do tribunal, estariam seguindo a orientação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido pelo juiz Alexandre de Moraes, para excluir o PCO e outros oito partidos (Agir, DC, PCB, PMB, PMN, PRTB, PSTU e UP) do horário eleitoral público, com o argumento de não ter atingido a cláusula de barreira na eleição anterior. Claramente um instrumento antidemocrático para excluir partidos e candidatos pobres, que não sejam ligados à burguesia.
É exatamente o caso no Mato Grosso do Sul que com a medida antidemocrática da justiça eleitoral, cassou o acesso à propaganda eleitoral pública – financiada com os impostos pagos pela classe trabalhadora inclusive – do índio Magno Souza, candidato do PCO ao governo do Estado. O primeiro índio a concorrer ao cargo no Estado.
Índio de verdade não serve
O companheiro Magno Souza, índio Guarani Kaiowá, lavrador e morador da retomada Aratikuty e candidato a governador do Estado, será o principal afetado pela ação do tribunal. Um índio de verdade que vê nas eleições uma oportunidade de denunciar os crimes do Estado capitalista e da burguesia latifundiária contra o seu povo, além de defender a luta do povo trabalhador e da união por Lula presidente e por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, da defesa da soberania nacional e contra a intervenção imperialista na Amazônia.
Direito de manifestação que foi gravemente “amputado”, solapado pela ação antidemocrática de um dos órgãos do setor mais reacionário do Estado burguês, o judiciário. Praticamente impedindo que boa parte da população trabalhadora do Estado possa conhecer o candidato, suas denúncias e o programa do PCO, vez que a campanha por outros meios, também é fortemente controlada e tornada inacessível para os candidatos do partido, a começar pelos valores do fundo público eleitoral.
Veja a nossa crítica completa aqui:
A censura de candidatos do partido é um fato antigo nas eleições e, de certa forma, já esperado pela direção e pelos militantes, mas que vem piorando cada vez mais. Outro fato, contudo, é que no exato momento em que há no país toda uma demagogia sendo feita com os índios, com o “meio ambiente” e a Amazônia, provavelmente o único índio autêntico que está participando das eleições, e para um cargo importante, está sendo abertamente censurado.
Magno Souza, é um índio que está vivendo todas as mazelas do seu povo hoje, inclusive a violência brutal da burguesia local, incluindo ameaças de morte e ataques a bala à sua casa e seus parentes, não é um índio que estudou na PUC, na USP ou que está no Congresso Nacional ou dando palestras e se encontrando com “lideranças” políticas nos Estados Unidos ou Europa.
E é exatamente por este motivo que não vemos os representantes de setores da esquerda pequeno-burguesa identitária, que fazem demagogia com a causa dos índios diariamente pelas redes sociais, no parlamento, nas rodas da burguesia nacional e internaiconal, defenderem o companheiro. Não vemos as chamadas “lideranças do movimento indígena” denunciar os crimes dos latifundiários e da PM do Estado contra os índios da retomada Aratikuty e outros da região, na mesma situação.
Essa turma, que se intitula “movimento indígena” que vestem cocar e vão a Washington pedir a intervenção norte-americana no Brasil, na Amazônia, como fez a turma de Sônia Guajajara, parece não gostar de índio de verdade, de índio que passa fome, que foge de bala de PM e jagunço ao mesmo tempo, que não tem dinheiro pra ir nem à sede da Funai mais perto ou para levar um parente ao hospital mais próximo. É o mesmo índio que clama por transporte, por moradia, por escola, por segurança para viver em paz e que não seja através da polícia, que quer trabalho e tecnologia, inclusive, como luz e celular.
Necessidades reais que parecem ser um pouco diferente das solicitadas pela turma do “movimento indígena” cercado de ONGs financiadas pelo imperialismo em que, há semanas atrás, própria parlamentar (Guajajara) pediu ao ex-presidente Lula que abandonasse ideias para construir novas usinas hidroelétricas.
A decisão do TSE, do juiz Alexandre de Moraes, cassou o direito do PCO e seus candidatos no Estado e, principalmente, do índio Guarani Kaiowá, Magno Souza, de denunciar os crimes cometidos pelo Estado e pela burguesia local contra seu povo e contra os trabalhadores, uma ação típica de regimes abertamente ditatoriais aonde opositores políticos são censurados, perseguidos e eliminados.
Contudo, frente a este cenário claro de regime antidemocrático, não vemos ou ouvimos nenhuma palavra das ONGs (financiadas pelo imperialismo) e pela esquerda identitária “defensoras do bom selvagem” do índio de estimação, que faz turnê de exibição mundo à fora, e muito menos dos setores da imprensa que fazem a demagogia da preservação ambiental e do “habitar do índio”, de falsas campanhas propagandísticas veiculadas por grandes empresas usando a imagem deste povo massacrado. Finalmente, este é o índio que não interessa, o índio que luta verdadeiramente contra a burguesia e todos os seus parceiros, como parte de um dos setores mais esmagados da população, assim como a classe operária em geral.