Diante da crise do regime burguês, da instabilidade dos governos estabelecidos após o golpe de Estado de 2016 no Brasil, a extrema-direita radicaliza sua atuação política, procurando portar a imagem de que seria “antissistema”. Enquanto isso, a esquerda pequeno-burguesa capitula frente à urgente necessidade de enfrentar as forças reacionárias que estão lançando o País num atraso colossal, depositando todas as suas fés no processo eleitoral.
Nesta semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), informou à imprensa que o Comando Militar do Leste do Exército Brasileiro irá participar do ato de Bolsonaro no dia 7 de Setembro, em Copacabana, zona sul da cidade. O ato bolsonarista, que será em tom festivo e atendendo aos desejos de Bolsonaro contra a oposição do Alto Comando do Exército, não ocorrerá de forma tradicional no centro do Rio, mas “em um pequeno trecho da avenida Atlântica, próximo ao Forte de Copacabana”.
Segundo Paes, estão previstas também “apresentações da Marinha e da Aeronáutica no mar e no espaço aéreo, sem qualquer tipo de interferência nas pistas. Ao longo dos próximos dias teremos reuniões com as Forças Armadas para a organização de detalhes. Repito: a parada militar não será na Presidente Vargas nem em Copacabana. Essa é a solicitação que recebi do Exército Brasileiro”.
O desfile do 7 de Setembro tradicionalmente ocorre na avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Jair Bolsonaro comunicou ao Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que quer ver navios de guerra da Marinha e aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) no local.
Apesar da pressão de alguns setores da burguesia contra a radicalização do presidente, ele continua disposto a mobilizar seus eleitores e intensificar o descontentamento entre sua base para atacar Lula, a esquerda, e, demagogicamente, as urnas eletrônicas e o Supremo Tribunal Federal (STF). Infelizmente, neste momento, a esquerda se une aos pais do golpe de Estado e do bolsonarismo, a direita dita “civilizada”, para tentar apaziguar a inevitável polarização política no País em busca de votos.
Bolsonaro ainda levará muita gente às ruas e tentará atacar a oposição de várias formas para levar as eleições para o segundo turno e tentar aglutinar as forças da burguesia em torno dele. Finalmente, ele está preparando a sua campanha eleitoral há muito tempo, participando de atos, passeatas e demais eventos nos quatro cantos do País.
O 7 de Setembro deste ano será apenas uma continuação disso. Entretanto, ao que tudo indica, será muito maior do que foi no passado, uma verdadeira propaganda para criar o clima de que Bolsonaro é o candidato mais popular do Brasil. Tudo isso enquanto as pesquisas da burguesia não param de aproximá-lo do ex-presidente, que ocupa a primeira posição.
Enquanto isso, a esquerda esconde a campanha de Lula, quase que guardando-o em uma caixa. Inundada por um medo histérico de um eventual atentado contra Lula, abandonou a mobilização de rua e os tradicionais métodos de campanha da classe operária. Resultando em atos muito menores do que realmente poderiam ser.
Setores mais poderosos da burguesia já começam a anunciar que estimularão um golpe diante de uma possível vitória de Lula. Acreditar, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujo presidente é o Ministro Alexandre de Moraes (que vem acabando com o direito da liberdade de expressão), ou até mesmo o STF, combaterão este suposto golpe é uma ilusão tremenda.
A campanha de Lula precisa mobilizar suas bases sociais, denunciar todos os desmandos e arbitrariedades da burguesia e defender um programa popular, que fale a língua do povo e defenda suas necessidades reais, não cartas com setores reformistas e aliados ao imperialismo. É necessário mobilizar a classe operária nas ruas, fábricas e bairros populares, intensificando suas posições contra o imperialismo em crise, que não dará trégua a Lula e continuará golpeando o País de todas as formas possíveis.