A estratégia eleitoral do PT aponta para a percepção de que quanto mais partidos estiverem em coligação para a eleição federal, maiores as chances de vitória de Lula. Ou, para os mais eufóricos, maiores as chances de que a vitória venha logo no primeiro turno, algo que não ocorreu em nenhuma das eleições anteriores à presidência vencidas pelo PT.
Nesse sentido, o PT conta com nada menos do que outros oito partidos na coligação oficial em torno da candidatura Lula: PCdoB e PV, com os quais formalizou uma federação partidária; PSB, que empresta o charme do “picolé de chuchu” para a chapa presidencial; além de PSOL, Rede, Solidariedade, Avante e Agir. Cada qual levando algo nas negociações, que foram truncadas, como foi tornado explícito ao longo dos meses pela imprensa burguesa.
De popular nesse bolo, só o ingrediente principal: Lula. Fato que parece passar despercebido no estranho cálculo eleitoral da direção petista. PCdoB e PSOL, os dois partidos com mais embalagem esquerdista dentre esses “aliados”, inclusive passaram o ano de 2021 defendendo com unhas e dentes a formação da chamada “frente ampla”. Frente que deveria abrigar o PDT do abutre Ciro Gomes e até os golpistas de primeira linha do PSDB!
Por esforço organizado do PCO e apoio espontâneo da militância mais aguerrida da esquerda, essa farsa não conseguiu se impor nas ruas. Ciro foi hostilizado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os tucanos, expulsos da Avenida Paulista, sob os lamentos da esquerda frenteamplista, que deram início a uma campanha sórdida de acusações contra o PCO, que incluíam apontar o partido como responsável pelo furto de celulares. A incapacidade em provar qualquer das acusações não esfriou o ímpeto dessa turma, o que indica que muito provavelmente existam interesses materiais inconfessáveis motivando essa campanha.
Um ponto importante de ser lembrado sobre os esforços em torno da “frente ampla” é que a defesa da candidatura Lula era combatida abertamente. O PCO, que não entra em negociatas para definir sua política, defendeu energicamente a candidatura de Lula à presidência durante esse período, com enorme apoio espontâneo da militância petista. Por fim, a defesa da candidatura Lula se impôs nas ruas e a “frente ampla” sucumbiu. Seus principais articuladores vieram no período seguinte com a terceira via, representada hoje pela candidatura da latifundiária Simone Tebet.
No cenário atual, o PT aparece cercado de todos os lados. Na federação partidária, está amarrado com um partido de direita (PV) e com um que se deslocada cada vez mais à direita (PCdoB). Na chapa presidencial, trocou a péssima aliança com os golpistas do MDB para se juntar com o PSB, que atua há muitos anos como uma sublegenda do PSDB, especialmente em São Paulo. Na coligação, de fora a fora, políticos oportunistas, interessados em pegar carona na popularidade real de Lula para abocanhar verbas públicas e até acumular algum capital político.
Não bastem os ataques que a candidatura Lula vai sofrer de fora, com destaque para a imprensa “livre de fake news” e o judiciário “democrata”, o PT vai ter que lidar com sabotadores atuando de dentro da candidatura. Se o barco naufragar, não tardará para que os “aliados” se juntem à imprensa golpista para tentar enterrar Lula na política eleitoral.