Na última semana, os governos de Estônia e Finlândia anunciaram que estão em discussão para adoção de medidas militares conjuntas na região do mar báltico. Ministros e porta-vozes anunciaram o objetivo de realizar uma integração de baterias de mísseis em torno do mar báltico, além de cogitar ações com aviões de combate no espaço aéreo da região, com o claro objetivo de fechar o acesso para a marinha russa.
Em entrevista ao jornal finlandês Iltalehti o ministro de defesa da Estônia Hanno Pevkur afirmou “Precisamos integrar nossas defesas costeiras. O alcance de voo dos mísseis estoniano e finlandês é maior do que a largura do Golfo da Finlândia” e ainda “Para mim, este é um espaço aéreo”, Pevkur acrescentou. “O espaço aéreo finlandês não pode ser protegido se o espaço aéreo estoniano não estiver protegido ao mesmo tempo, e vice-versa. Caças cruzam o Golfo da Finlândia de 80 quilômetros de largura em minutos“.
Deixando claro os objetivos de aderir à política agressiva e belicista do imperialismo complementou “O Mar Báltico será o mar interno da OTAN quando a Finlândia e a Suécia se juntarem à OTAN. Em comparação com o que é hoje, a situação está mudando“. Funcionários do governo polonês, outro que tem adotado o mesmo discurso agressivo contra os russos afirmaram que essas medidas transformariam o Báltico num “mar interno da OTAN” reproduzindo as declarações do presidente polonês e do ministro das relações exteriores da Letônia em junho que “esperamos que o Báltico se torne um mar da OTAN”.
Não são apenas palavras
As declarações em tom agressivo pelos membros dos governos da Polônia, Estônia, Letônia e Finlândia, não são vazias. Estão, na verdade repercutindo o avanço da política do imperialismo frente à própria crise da sua dominação internacional, escancarada com os recentes acontecimentos: derrota acachapante no Afeganistão, enfretamento russo à sua dominação na Ucrânia e o enfrentamento chinês à sua intervenção em Taiwan.
Os governos dos países da região do báltico tem sido completamente subservientes aos interesses dos países de primeiro plano do imperialismo que usam a OTAN e a falácia da defesa contra um suposto inimigo comum para intensificar as agressões contra a Rússia. E isto não está sendo mera retórica, somente este ano os valores dedicados com equipamentos militares para a região do Leste Europeu pela União Europeia, pelos Estados Unidos e pelos próprios governos locais estão na casa das dezenas de bilhões de dólares.
Os noticiários da imprensa imperialista destacam os equipamentos militares destinados à Ucrânia e à Polônia, que estão nas fronteiras mais próximas a Moscou, mas todos os países da região estão recebendo equipamentos, bases militares e recursos financeiros. Uma clara jornada de escalada de agressividades à Rússia, sem que haja nem uma motivação concreta. Lembrando que a operação russa na Ucrânia foi motivada exatamente pelos mesmo motivos citados, a intensificação de uma política agressiva e belicista com ataques concretos aos povos russos do leste da ucrânia e aos próprios ucranianos, além de ameaças ao próprio território russo.
Nas declarações dos membros dos governos da Estônia, Letônia e Finlândia fica claro a intenção de atacar os russos em uma frente em que, concretamente, não há nenhum conflito se desenvolvendo, exceto o que os próprios estão criando. Além disso, mostra mais uma vez a política nada democrática e típica do imperialismo e seus vassalos de tentar impedir o acesso a uma região na qual a Rússia também tem direito de livre acesso, assim como os demais países que possuem fronteiras com o mar Báltico.
Neste sentido, é importante destacar que, apesar da crise na dominação internacional pelo imperialismo, evidenciada com a própria questão coma a Rússia, a tendência é que a agressividade aumente a cada dia na política externa dos Estados Unidos e seus “parceiros” da União Europeia, exatamente o que estamos vendo acontecer no caso do Báltico.
E para concretizar essas ameaças, uma das táticas mais usadas nas últimas décadas é a guerra por procuração, o que parece estar sendo organizado em toda a região do leste europeu nas fronteiras com a Rússia. Ou seja, o imperialismo está “enchendo a cesta” da burguesia de países como Polônia, Estônia, Suécia, Finlândia, Letônia com muito dinheiro e promessas, inclusive, da “defesa” do grande inimigo para que estes entrem em conflito real com os russos.
Nestas condições, assim como está acontecendo com a Ucrânia, fica cada vez mais possível um ataque concreto contra os russos, abrindo um conflito regional, no qual os povos desses países seriam os principais afetados, e logicamente suas respectivas economias. Fica cada vez mais claro que, mesmo debilitado, o imperialismo possui diversas ferramentas para intervir contra os países oprimidos, e nessas ferramentas sempre está em posição de destaque o uso da força, das armas, o que obviamente inclui conflitos generalizados e armas de grande poder de destruição, como as armas nucleares.