As relações de toda a chamada “nova esquerda” latino americana com o imperialismo norte-americano explicitam o caráter farsesco dessa operação política. Depois de Gabriel Boric no Chile, o recém-empossado Gustavo Petro vem mostrando ser mais um político dessa safra, por um lado oferecendo alguma política social diante do panorama desolador em ambos os países, mas mantendo o dócil servilismo ao imperialismo. Uma receita que já vem se mostrando insustentável no Chile em menos de um ano de governo.
Se o contraste dentro da esquerda de Boric no Chile era com o movimento popular nas ruas, o de Petro é com a esquerda real do país, a esquerda armada, clandestina, nesse país que é uma ditadura, uma base do imperialismo para assediar o continente. Após uma tentativa de acordo de paz, com as FARC depondo armas e ingressando na política eleitoral, seus membros passaram a ser sistematicamente assassinados. Em seu discurso de posse, Petro não propôs uma reforma nas Forças Armadas da Colômbia, mas pequenos benefícios judiciais aos “criminosos” guerrilheiros.
Demonstrando um alinhamento milimétrico com a atual cabeça da USAID, Samantha Power, o presidente colombiano defendeu no seu discurso de posse a criação de um fundo internacional para “salvar a Floresta Amazônica”. Em passagem pelo país nos últimos dias, Power expressou satisfação na continuação da “colaboração” entre Colômbia e Estados Unidos nas seguintes áreas: mudanças climáticas, igualdade racial e étnica, direitos humanos e estado de direito. Uma mescla das tradicionais bandeiras do imperialismo em torno da “democracia” com os embustes modernos, como o identitarismo e o intervencionismo ambientalista.
O fato de Petro ter dedicado espaço no seu primeiro discurso como presidente para trazer o capital estrangeiro para dentro da Amazônia pode parecer deslocada diante de uma população empobrecida, afinal, como afirmado pelo próprio, sua prioridade será o combate à fome. Coincidência ou não, os grupos guerrilheiros colombianos se refugiam justamente nas florestas do país. Perseguidos impiedosamente pelo imperialismo norte-americano, a esquerda colombiana terá contra si outro poderoso inimigo, a demagogia ambientalista.
Além de esmagar a oposição à farsesca democracia na Colômbia, o imperialismo sinaliza um avanço em direção aos muito cobiçados e gigantescos territórios da Amazônia, cuja maior parte se encontra no Brasil. Não apenas pelo enorme potencial científico por conta da rara biodiversidade, mas pela tradicional exploração de recursos minerais e até petróleo. Um interesse concreto que contrasta radicalmente com a propaganda ambientalista de “proteção da floresta”.
A esquerda que não está no bolso do imperialismo tem o dever de denunciar essa manobra traiçoeira dos “novo-esquerdistas”, expondo que não passam de uma direita travestida de popular. A Amazônia não é um patrimônio “da humanidade”, o que significa na prática ser um patrimônio privado da burguesia imperialista, mas um patrimônio do povo dos países da América do Sul, onde ela se encontra. A Amazônia é nossa e não das aves de rapina dos países imperialistas, aqueles que mantém a população mundial na miséria. Abaixo os funcionários do imperialismo na América do Sul! Abaixo a esquerda identitária “Made in USA”!