Na última semana, veio à tona a informação de que o ex-ministro da defesa, Raul Jungmann, e o general da reserva Sérgio Etchgoyen estariam fundando no Brasil um Think Tank especialmente dedicado a temas relacionados ao militarismo e o ambientalismo.
Nomeado de Think-tank Centro Soberania e Clima além de Jungmann como Presidente e Etchegoyen, ex-ministros do governo Temer, como presidente do Conselho de Administração, o órgão é dirigido por Marcelo Furtado, ex-diretor do Greenpeace, Ana Toni, diretora do Instituto Clima e Sociedade, pelo advogado Gabriel Sampaio, da ONG de Conectas, e os oficiais da reserva Newton Raulino e José Hugo Volkmer.
Em seu próprio site o grupo declara seus propósitos como “Promover a convergência construtiva e o diálogo qualificado entre Defesa e Meio Ambiente envolvendo os diversos públicos interessados nos temas da soberania, Amazônia, bioeconomia e energia, geopolítica e justiça climática”.
Em entrevista à imprensa burguesa o ex-ministro Raul Jungmann afirma “A crise climática não obedece fronteiras e não se limita por território. E o aumento dela fez com que a questão da soberania e a do clima se aproximassem. Essa aproximação é imperativa” e complementa as intenções do grupo “o que a gente mais espera com o centro é exatamente convergir posições sobre soberania e crise climática buscando impactar positivamente políticas públicas para o meio ambiente. Obviamente, no Brasil um eixo central dessa questão passa pela Amazônia”
Uma iniciativa direta do imperialismo
Apesar de recheadas de um jargão demagógico típico da burocracia estatal, as declarações deixam claro alguns aspectos muito preocupantes para a luta da classe trabalhadora. Primeiro, a criação deste instituto não é resultado de nenhuma iniciativa das pessoas nominadas e não tem a ver com nenhuma preocupação específica de interesse nacional. Muito pelo contrário, é na verdade uma iniciativa do imperialismo, o mesmo que está tocando uma campanha demagógica internacional de defesa do clima, do meio ambiente etc.
E isto é comprovado por informações fornecidas pelo próprio instituto, que expõe como seus financiadores, além de outras ONGs bancadas pela burguesia imperialista, o National Endowment for Democracy (NED) uma organização criada pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) para interferir na política de interna de diversos países pelo mundo, financiando a derrubada de governos, golpes de Estado e comprando o apoio para a política do imperialismo, por exemplo.
Além da própria criação de uma ONG dedicada a “trabalhar” neste tema (Defesa, militarismo e Amazônia) chama atenção também as figuras que estão capitaneando o órgão no país. Primeiro, os dois presidentes Jungmann e Etchegoyen que possuem uma relação muito próxima à burguesia golpista e imperialista nos últimos anos. Integraram o governo golpista de Michel Temer, que sucedeu a ex-presidente Dilma Rousseff, ambos tendo tido papel de destaque durante o processo golpista. Os dois ainda integram a direção do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa) outro órgão criado e financiado pelo imperialismo para intervir na situação política nacional.
Também os demais membros que dirigem o órgão, todos membros de outras ONGs, também ligadas à política externa do imperialismo, principalmente, do norte-americano, deixa claro de onde vem a iniciativa.
A criação deste “Think-tank” propondo intervir na Amazônia, através dos militares e das ONGs dirigidas e financiadas diretamente pelo imperialismo mostra que está em andamento uma política avançada da burguesia imperialista para a questão da Amazônia. Também fica claro, pelas palavras anunciadas que será utilizado o argumento de defesa de uma “urgência climática” para propor uma suposta cooperação internacional para gerir a Amazônia.
Internacionalização da Amazônia
Finalmente o que está em jogo com mais essa iniciativa do imperialismo é avançar para um ataque mais intenso sobre o controle da Amazônia, buscando criar situações para “justificar” uma suposta necessidade de internacionalizar a região para “protegê-la”. Neste sentido, o imperialismo investe na difusão da sua ideologia, como o ecologismo, uma falsa preocupação com a natureza e sua manutenção.
ONGs como esta que acaba de ser criada por Jungmann, Etchegoyen e cia., visa também atrair setores da esquerda para defender seus interesses, o que aliás não custa muito e já está acontecendo. Como recentemente viu-se líderes de movimentos ligados ao MST, aos Índios irem a Washington (EUA) pedir a intervenção, do Estado mais golpista que existe no planeta, no Brasil, supostamente para defender a “democracia” do Bolsonaro. Os mesmo também reivindicam a intervenção estrangeira para defesa da Amazônia, do meio ambiente etc. Ações verdadeiramente criminosas contra a soberania nacional.
Neste sentido, é preciso combater imediatamente a política de colaboração da esquerda com a burguesia imperialista. Só haverá defesa dos interesses da classe trabalhadora com um duro enfrentamento da burguesia de conjunto, principalmente, da burguesia imperialista internacional.