Nesta semana a publicação de um manifesto da FIESP criou uma movimentação política em uma suposta defesa da democracia. De maneira acrítica, diversos setores da esquerda pequeno-burguesa entraram na campanha, como PCdoB, PT, PSOL e figuras públicas.
Esta campanha não é de fato uma campanha de esquerda, a mesma foi atraída para ela devido à total falta de política da campanha. O centro da campanha é a grande burguesia brasileira, não é uma campanha popular nem de esquerda, é uma campanha dos grandes capitalistas. Contudo, para não ficar totalmente evidente, há outros manifestos, o feito pela USP, e agora um terceiro anunciado pela OAB, uma forma de camuflar o fato de a ação estar sendo organizada pela Federação Brasileira de Bancos.
O manifesto da FIESP foi publicado por todos os grandes jornais brasileiros, deixando claro o caráter golpista da campanha. Não é uma campanha do povo, nem da esquerda parlamentar, nem da intelectualidade pequeno-burguesa, mas sim uma campanha do grande capital.
“Quando vemos organizações abertamente empresariais em ação podemos dizer sobretudo que é uma campanha do imperialismo” afirmou Rui Costa Pimenta no programa Análise Política da Semana realizada neste sábado.
Os capitalistas tentam colocar que esta é uma campanha geral da sociedade, uma fachada para acobertar o fato de que são eles que estão realizando a campanha: os grandes capitalistas nacionais e internacionais que dominam o Brasil, os verdadeiros responsáveis pela situação em que o país está, pelo golpe e pelo governo Bolsonaro, o que revela a total farsa da operação.
Ao contrário do que coloca setores da esquerda, que esta campanha seria um favorecimento à campanha de Lula, é na realidade o completo oposto. É algo totalmente irreal acreditar que os grandes capitalistas farão campanha por Lula. Estes foram os mesmos que golpearam Dilma Rousseff, prenderam Lula, foram os responsáveis pela eleição de Bolsonaro e pela manutenção de seu governo até agora.
Bolsonaro, quando apoiado pela burguesia, era o homem que defendia a tortura, a perseguição política e a ditadura. Foi esta pessoa que o principal setor da burguesia elegeu, e agora este mesmo setor se diz em defesa da “democracia”. A contradição vai além, Bolsonaro, apoiado pelo principal setor da burguesia, era declaradamente muito mais fascista que o enfraquecido Bolsonaro que se apresenta agora para as eleições de 2022.
O objetivo da campanha se revela assim uma farsa. Se a burguesia tiver que optar novamente entre PT e Bolsonaro, não pensarão duas vezes antes de apoiar Bolsonaro. Esta não é uma campanha aberta contra o fascismo, é uma campanha de tipo eleitoral que serve apenas para alimentar as fantasias da esquerda pequeno-burguesa. Estas pessoas que falam hoje em democracia são os verdadeiros inimigos da classe trabalhadora brasileira, os grandes capitalistas brasileiros foram aqueles que junto ao imperialismo deram o golpe militar de 1964. Bolsonaro meramente é um executor da política destes criminosos.
A política da burguesia não é de apontar medidas concretas para democratizar o regime político brasileiro. Toda defesa da “democracia” passa, na verdade, pela defesa do STF e das urnas eletrônicas, colocando sobretudo que o resultado das eleições devem ser aceitas sem questionamentos, ou seja, na realidade não é uma campanha democrática, mas sim, totalmente ditatorial.
O Supremo Tribunal Federal é uma corte arbitrária que se coloca acima da lei, aprovando o golpe, a prisão de Lula, a Lava Jato, o mensalão e toda a perseguição política contra os trabalhadores e a esquerda, além do golpe nas eleições de 2018 que impediu Lula de concorrer e elegeu Bolsonaro.
O problema central para a burguesia é elevar a candidatura da terceira via. Ao contrário do que apontam setores da esquerda pequeno-burguesa, a terceira via não está morta. Hoje a terceira via está unificada em torno de Simone Tebet (MDB), com uma candidatura identitária. Enquanto a chapa é formada, a campanha em “defesa das mulheres”, impulsionada pela burguesia, é a maior campanha que existe no país.
A imprensa burguesa e todo o setor da burguesia golpista se tornaram da noite para o dia os maiores defensores das mulheres. Rui Costa Pimenta destacou que “existe a realidade e existe a aparência da realidade. A aparência está em total contradição com o que está sendo armado nos bastidores.”
A burguesia vem preparando um grande golpe contra Lula e toda a esquerda de conjunto. A suposta campanha em defesa da democracia é na prática uma defesa da campanha das instituições golpistas, as mesmas que preparam um grande golpe eleitoral nestas eleições.
A única opção lógica que aparece é que esta campanha da burguesia é a campanha da terceira via. Caso esse plano fracasse, também não significa que ele não vá ser continuado por outros meios. Nesse sentido, Rui coloca que “os golpes na América Latina foram todos planejados pelo imperialismo. A ideia inicial era derrotar a esquerda pela via eleitoral, como na Argentina, no entanto, as derrotas eleitorais em países como o Brasil fizeram o imperialismo levar por outros meios a política original”. Hoje há uma campanha que visa levantar a terceira via, caso não dê certo, o imperialismo manterá sua política para depois das eleições, com um novo golpe contra Lula e o povo brasileiro.