Deter o voto de cabresto é o objetivo dos atuais “defensores da democracia”. O culto às urnas eletrônicas é uma forma de desviar a atenção da esquerda. A mesma burguesia que atuou para forçar um golpe de Estado e que colocou Bolsonaro na presidência faz propaganda da importância das urnas no processo “democrático”. Agora, a mando do patrão Estados Unidos, um consórcio de bancos e de empresas do agronegócio, criou o mais novo manifesto em favor da “democracia”, elaborado pela “Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura”.
O problema é que a esquerda apoia manifestos como esses, organizados pelo agronegócio, os mesmos capitalistas que colocaram Bolsonaro na presidência. Em demagogia sem limites, a ONG composta por “um movimento formado por mais de 300 representantes de empresas, do agronegócio, setor financeiro, sociedade civil e academia” afirma:
Nos últimos 37 anos, o Brasil dedicou-se a edificar um regime cidadão, de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres. Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular. É sobre elas que se pavimenta o caminho para um país melhor, mais maduro, melhor conceituado na comunidade internacional, mais apto a liderar o debate e a implementação de agendas urgentes e que provocam mobilização crescente no mundo inteiro, como a da sustentabilidade e das mudanças climáticas.
Nota-se que a operação tenta envolver um discurso palatável, supostamente democrático, que abarque diversos seguimentos da sociedade civil contra a “ditadura de Bolsonaro”, como se o espantalho da burguesia fosse o único responsável pelo regime de opressão e barbárie que vivemos no país. Aliás, se Bolsonaro está sendo descartado, é porque a burguesia deseja alguém ainda mais opressor, como seria, por exemplo, Simone Tebet, pré-candidata à presidência pelo PI, Partido do Imperialismo.
O manifesto endossado pelo que há de mais nojento no Brasil como Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Bayer, BRF, Bradesco, BTG Pactual, JBS, Itaú, Marfrig e Vale, entre ONGs como a WWF e entre outras corporações capitalistas. Infelizmente o que vemos é a presença da esquerda aplaudindo esses manifestos, quando não assinam, como fizeram na “Carta aos Brasileiros em Defesa da Democracia“, elaborada pela Faculdade de Direito da USP.
A esquerda, ao lado da imprensa capitalista, ajuda essa peregrinação de santificação das urnas, superando campanha em favor de Lula. Para a esquerda, as urnas eletrônicas são sagradas e funcionam perfeitamente, em harmonia com os poderes da República, de modo que todos os críticos das urnas devam o purgatório até aprender que as urnas eletrônicas são mais importantes que as próprias eleições.
Diante dessa grande frente única, assistimos uma operação sofisticada. Esquerda e capitalistas em perfeita harmonia para combater “Bolsonaro e o golpe militar” e o que chamam de “polarização”. Diante de clima de “diretas já”, a “Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura” divulgou seu próprio manifesto, em demagogia sem limites. A ONG é composta por “um movimento formado por mais de 300 representantes de empresas, do agronegócio, setor financeiro, sociedade civil e academia”.
Nota-se que a operação tenta envolver discurso palatável, supostamente democrático, que abarque diversos segmentos da sociedade civil contra a “ditadura de Bolsonaro”, como se este fosse sozinho o responsável pelo regime de opressão e barbárie que vivemos no país. O manifesto foi endossado pelo que há de mais nojento no Brasil, empresas que atuaram no golpe de 2016.
A imprensa capitalista e as empresas têm apostado todas as fichas em Tebet, em manifestos que unem os reformistas de esquerda, iludidos. “Simone Tebet já se mostrou liderança enérgica e pacificadora, dotada de credibilidade, de experiência na gestão pública e no Parlamento, atenta e sensível às demandas da população e à defesa do meio ambiente”, disse Eliana Cardoso, economista dos capitalistas, em entrevista para o Estadão.
A esquerda tem dado amplo destaque a essas manobras dos capitalistas em favor da terceira via, supostamente entrando como “inocentes úteis”. A CUT está dando destaque a essa carta sem nenhuma crítica. De acordo com a Central: “Também no dia 11, serão realizadas mobilizações em todo o país em defesa da democracia e por eleições livres e contra a violência política. Os atos estão sendo organizados pela CUT, demais centrais sindicais, movimentos populares, partidos políticos, estudantes e outras entidades da sociedade civil”.
Enquanto a esquerda entra com a bunda nesse movimento, os capitalistas entram com a sola, não terão pena de terem utilizado a “inocência” angelical da maioria desse espectro, para produzir uma candidatura forte de terceira via. Fiquemos atentos.