No último sábado (dia 30), o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, postou em seu twitter uma dos temas eleitorais preferidos dos integrantes do partido e da maioria da esquerda, em São Paulo há vários anos: a necessidade de “derrotar o tucanato que, há quase 30 anos, privatiza o patrimônio público e aprofunda as desigualdades no estado” (conforme post abaixo)
“Radical”, mas nem tanto
Com a diferença de poucas horas ou minutos, o mesmo dirigente psolista, tratou também de informar aos seus seguidores que reunido em sua Conferência Eleitoral, o PSOL resolveu integrar a chapa dos mesmo elementos que foram os protagonistas dos 30 anos de governos do “tucanato”, mas – especificamente, da dupla que permaneceu no governo por quase 15 anos, ou seja, da metade do tempo em que o PSDB “privatiza o patrimônio público e aprofunda as desigualdades no estado“.
Para que não fique dúvida reproduzimos as mensagens do próprio Medeiros, supostamente com as suas devidas explicações.
Depois de enganar muita gente se passando por um partido muito radical e inimigo da conciliação, o PSOL revela o que realmente é: uma suplência do PSDB. Ou seja, o partido que “atirava” contra os petistas supostamente, por suas alianças com setores da direita, agora, garantindo uma vaga para um dos seus na chapa, resolveu integrar a chapa do ex-governador Márcio França, que por anos também integrou como vice os governos de Geraldo Alckmin (também ex-presidente nacional do PSDB), de quem França também foi Secretário Estadual de Desenvolvimento de São Paulo (2015-2018), Secretário Estadual de Esporte, Lazer e Turismo de São Paulo (2011-2015).
Medeiros não se dá ao trabalho de explicar ao longo de todos esses anos, França estava empenhado “na luta” contra as “privatizações” e as “desigualdades” ou como, depois de ter integrado os governos do PSDB seria um representante da “luta” por derrotar o tucanato.
Também não há qualquer citação do presidente do PSOL ou resolução da Conferência daquele partido de que não irá também apoiar a candidatura do próprio candidato à vice-presidente da República, Geral Alckmin o tucano que por mais tempo esteve à frente do governo do “tucanato”.
O partido da “boquinha”
O PSOL se mostra mais uma vez como um partido sem qualquer princípios ou que tem com princípio fundamental o de que tudo é válido quando se pode conquistar um cargo, mesmo que seja de “suplente”, “reserva” etc.
Mas o PSOL não está de olho apenas em uma vaga de reserva.
Foi tornado publico um acordo, na desistência de Márcio França de concorrer ao governo de São Paulo, para “apoiar” Fernando Haddad, que no caso de Lula ser eleito, seria garantido a França a indicação para um Ministério. E, sendo ele eleito senador, o PSOL receberia de presente um mandato (ainda que provisório) de senador para Juliano Medeiros.
Mas e se Lula não se eleger ou se França “desistir” de ser ministro, depois de ser eleito senador. Nesse caso o PSOL ainda teria a oportunidade de torcer para que França conquiste outro cargo, quem sabe de prefeito ou até mesmo de governador, para que o psolista assuma o cargo do “tucano-socialista” .
Não é a exceção, é a regra
O PSOL, sob o disfarce de partido “radical” (um termo de aparência e que não tem, nesse caso, nenhum significado mais profundo) foi – desde a sua criação – um partido burguês nos seus métodos (dominado por parlamentares carreiristas) e politica oportunista e burguesa nas eleições, funcionou como incubadora de políticos carreiristas e que se bandearam para partidos burgueses e até direitistas, como o ex-deputado Cabo Daciolo, Senador Randolfe Rodrigues, Heloísa Helena, Marcelo Freixo etc. etc. etc.
Depois de criarem asas no PSOL, se passando por radicais e, supostamente, críticos da política de alianças do PT com a direita, esses senhores saíram do partido procurando alçar voos maiores junto com seus verdadeiros aliados da direita.
Os atuais dirigentes do PSOL, acharam uma “fórmula” mais rápida de carreirismo, usar o próprio partido como trampolim para alianças com os direitistas.
São Paulo, está longe de ser o único caso, dentre muitos outros, podemos destacar também o Rio de Janeiro – outrora o principal reduto eleitoral do PSOL. Além de apoiar a chapa reacionária de seu ex-deputado, Marcelo Freixo (hoje no PSB) que tem como vice o neoliberal , privatizador etc. Cesar Maia (PSDB), o PSOL também entrou no esquema do golpe eleitoral contra o PT, apoiando a candidatura a senador de Alessandro Molon (PSB).
Esses casos evidenciam que o PSOL, apoiador da criminosa operação lava jato, defensor ardoroso da frente ampla com a direita golpista e que foi decisivo, junto com o PCdoB e a direita do PT, para por fim ao movimento fira Bolsonaro no ano passado, justamente por conta da recusa das bases da esquerda de admitir que o movimento impulsionado pela direita fosse tomado pelos “novos” aliados do PSOL na sua luta “contra o tucanato”, como os tucanos João Dória e Cesar Maia e ex-tucanos, como Alckmin, e “socialistas”, como França, não tem uma política minimamente independente da burguesia, pelo contrário, não é mais do que uma “reserva” do PSDB.