Nosso Partido está às vésperas do seu 11º Congresso Nacional. É um momento de discussão e reflexão sobre a situação política nacional e internacional e sobre a própria atividade do partido. Queria deter-me nesse último aspecto, com base nas discussões que vêm sendo feitas na direção nacional do Partido, nas plenárias de militantes e outros fóruns.
Neste 11º Congresso, discutiremos o balanço da situação política nacional dos últimos anos. A crise atual, a polarização política que vem se intensificando e se expressa nas eleições, na disputa entre a candidatura do ex-presidente Lula e a de Bolsonaro, tem raízes num processo de golpe de Estado que completa uma década neste ano.
Falamos, recentemente, em quatro etapas deste golpe de Estado: 1) o julgamento do “Mensalão” e a preparação do golpe de 2012 a 2015; 2) o golpe propriamente dito com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016; 3) a prisão de Lula e as eleições fraudulentas de 2018 e, atualmente, 4) na preparação de uma nova manobra eleitoral para evitar que a campanha de Lula avance até o segundo turno.
Durante todas essas etapas, nosso Partido cresceu e se desenvolveu muito. Constituímo-nos como o primeiro partido da esquerda chamada “radical” ou “revolucionária”, o maior e mais aguerrido agrupamento de militantes e, com uma enorme e crescente audiência entre as massas, somos certamente o segundo partido de esquerda mais conhecido no país, atrás apenas do próprio PT.
Isso se deve à política acertada e à ação política do partido propriamente dita. Não abaixamos nossas bandeiras, não abrimos mão de nosso programa, não saímos das ruas. Defendemos as posições que fizeram o movimento de massas avançar e lutar por seus objetivos políticos e suas reivindicações em todos os momentos: nas manifestações de 2013, na luta contra o golpe (em 2015–2016), na luta pela anulação do impeachment (2016–2017), na luta contra a prisão de Lula (2017–2018), na luta pela sua libertação (2018–2019), na luta pelo “Fora, Bolsonaro” (2019 até hoje) etc.
De onde vem essa política? É aqui que é preciso explicar o que é a Causa Operária.
O nome do nosso partido era o nome do jornal criado pela antiga Organização Quarta Internacional (OQI) em 1979 e que foi a principal arma da tendência “Causa Operária” na luta por um PT operário e de massas e é, até hoje, nosso órgão central.
Era também o nome do primeiro jornal criado por Lênin na luta pela construção do partido que, mais tarde, viria a se tornar o Partido Bolchevique e dirigir a maior e mais completa revolução que a humanidade já viu. No centro desta revolução estava a classe operária e é a esta classe social que correspondem os interesses mais elevados e progressistas da humanidade até hoje: a luta pela libertação da sociedade da escravidão do trabalho, o fim da propriedade privada dos meios de produção: o Socialismo.
Entendemos que a luta consequente por esses objetivos só pode ser travada de maneira consciente, isto é, com base em uma compreensão profunda, científica e sistemática do funcionamento da sociedade capitalista em que vivemos.
O socialismo que defendemos não é uma concepção utópica, mas produto do entendimento de como a sociedade em que vivemos surgiu, se desenvolveu e, neste momento, em que todas as suas contradições chegaram a um estado de pavoroso apodrecimento, daquilo que ela virá a ser uma vez que se dissolva. A esta compreensão da sociedade chamamos marxismo, as ideias elaboradas e desenvolvidas, em primeiro lugar, por Karl Marx e Friedrich Engels.
Lênin, como já dissemos, colocou em prática a política e construiu o partido que mais profundamente entendia as tarefas e a tática necessárias para levar a classe operária ao poder por meio de uma revolução.
O nome de Leon Trótski e o trotskismo, após a morte de Lênin, se tornaram a bandeira sob a qual lutaram os revolucionários que combateram a contrarrevolução stalinista na União Soviética, no primeiro Estado operário que a humanidade já conheceu, e no mundo inteiro.
Sob essa bandeira combatemos até hoje pela construção de um verdadeiro partido operário capaz de dirigir a luta pela revolução, por um governo operário no Brasil e pelo socialismo.
Se assim podemos resumir, então, a Causa Operária está fundada na luta pelo salário, pelo trabalho e pela terra, na luta pela revolução, o governo operário e o comunismo.
Desejo a todos os militantes e filiados ativos do Partido da Causa Operaria um excelente 11º Congresso. Que nosso partido cresça e se fortaleça! Que a luta da classe operária pela sua emancipação e pela libertação da humanidade do jugo e da opressão capitalista seja vitoriosa! Viva a Causa Operária!