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Crise energetica

Milhares morrem com onda de calor na Europa

Mais de mil mortos em Portugal e mais de quinhentos na Espanha, uma verdadeira catástrofe

Até o momento, o verão de 2022 no hemisfério norte é o campeão das temperaturas altas. Países da Europa Ocidental estão literalmente cozinhando ou assando sob o calor que chega, em algumas localidades, à 43 °C. Uma temperatura de 40 graus está se tornando comum entre as fronteiras europeias. As previsões avisam que a onda de calor atingirá países do leste europeu, como Alemanha e Polônia. Em Berlim, as temperaturas já estão em torno de 34 graus.

O calor sem precedentes atinge países da península Ibérica com maior severidade. Em Portugal, até o dia 19, o número de mortos pelo calor chegou a 1.000 pessoas. Além das altas temperaturas, a vegetação seca espalha facilmente os focos de incêndio com a ajuda dos ventos, seja no campo ou próximo às cidades.

Sob essas condições, os idosos, que são grande parte da população em Portugal e Espanha, são aqueles que mais sofrem, pois a crise energética e hídrica faz com que os recursos para poder banhar-se e refrescar-se, como ar-condicionado, fiquem inacessíveis aos que necessitam.

Na Espanha, o número de mortos já ultrapassou os 500. Um incêndio em uma grande área provocou a evacuação de 1.700 pessoas da região de Calatayud e causou a paralisação dos trens de alta velocidade entre Madrid e Barcelona.

Juntos, Portugal e Espanha somam mais de 1.500 mortos pela onda de calor.

A França também vem sofrendo com as altas temperaturas e incêndios. Moradores procuram lutar contra os incêndios no campo da forma como podem, pois os bombeiros não são suficientes para o número de chamadas e demoram a chegar. Florestas francesas estão prestes a queimar, o que preocupa os moradores, que tentam protegê-la. Parisienses moradores de casas com telhados metálicos afirmam não suportar o calor. Novamente, os mais idosos são as vítimas mais afetadas.

Sem poder pagar por mais água e energia para amenizar o calor e seus riscos à saúde, idosos franceses recebem ajuda de organizações não governamentais. Porém, não é o suficiente diante da “pobreza energética de verão”, ou “summer energy poverty“, expressão usada pela Euronews para descrever a situação de crise energética.

A falta de energia e os altos preços daí decorrentes em muitos países europeus é a consequência da crise energética provocada pelos embargos à energia de origem russa, que era barata e mais acessível aos cidadãos e empresas. O número de pobres de energia no verão tende a aumentar conforme o verão ameniza sua intensidade e o outono/inverno se aproximam. 

Incêndios também ocorreram nos arredores de Atenas/Grécia no dia 19. Dezenas de casas foram queimadas e pessoas evacuadas. Há feridos mas não há ainda relatos de mortes, exceto a de um senhor que se suicidou ao ver sua casa em chamas. Bombeiros da Romênia vieram socorrer os colegas gregos a debelar o fogo.

Na Itália, a seca, ventos fortes e calor intenso também fomentam incêndios. No norte e no centro do país a temperatura chegou a 42 graus. O insumo de água está sendo reduzida para a agricultura, o que causa reações dos agricultores. O rio Pó, um dos principais rios italianos, está em níveis baixos, impedindo a irrigação. Esta água também não está apropriada para consumo. Há cidades racionando as fontes de água.

Água, alimentos e toda uma cadeia de produtos e serviços dependentes de energia para sua distribuição podem se tornar ainda mais caros e menos ofertados quando o inverno chegar.

No Reino Unido o calor também está acima de todas as médias anteriores. Na última quarta-feira (20), um incêndio chegou aos arredores de Londres, que registrou temperaturas na casa dos 40 °C. Bombeiros ingleses declararam emergência e não conseguem atender a todas as chamadas.

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