Em pronunciamento recente, o ex-conselheiro do governo dos Estados Unidos, John Bolton, assumiu, sem muita vergonha, que um golpe de Estado dá muito trabalho e, durante o depoimento, revelou que participou de outros golpes de Estado organizados pelo capitalismo norte-americano.
A entrevista foi concedida à CNN, e Bolton, embora conselheiro de Donald Trump durante sua gestão, é um político muito importante e influente desde os anos de 1980.
Quando perguntado sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, se teria sido uma tentativa de golpe de Donald Trump, Bolton afirmou que não concorda com a tese de golpe do ex-presidente Trump, e que “como alguém que ajudou a planejar golpes de Estado, não aqui, mas, você sabe, em outros países, isso dá muito trabalho. Ele [Trump] estava pulando de uma ideia para outra e eventualmente soltou os manifestantes contra o Capitólio, não há dúvida disso. Mas, era Donald Trump cuidando de Donald Trump”.
Além disso, Bolton foi questionado sobre a Venezuela, e respondeu o seguinte: “Lá não foi bem sucedido. Não que nós tivéssemos muito a ver com isso, mas eu vi o trabalho que deu para a oposição tirar um presidente eleito de maneira ilegal e falhar”, sobre o autoproclamado presidente golpista da Venezuela, Juan Guaidó.
Esses foram apenas alguns dos exemplos citados por Bolton sobre os golpes de Estado patrocinados pelo governo norte-americano. É de se destacar, também, que no último período surgiu, na imprensa capitalista, uma série de “preocupações” esboçadas por líderes norte-americanos sobre as eleições brasileiras deste ano.
Primeiro, informações apresentadas pela Reuters dão conta de que a CIA, agência de inteligência dos EUA, estava em contato com Jair Bolsonaro no sentido de que ele não criticasse o processo eleitoral de 2022. Depois, em entrevista à BBC News Brasil, a subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, afirmou que “o que precisa acontecer são eleições livres e justas, usando as estruturas institucionais que já serviram bem a vocês [brasileiros] no passado”.
Por outro lado, é preciso destacar que os EUA patrocinaram, incentivaram e mantiveram todas as ditaduras latino-americanas, especialmente a brasileira, além de patrocinar outras centenas de golpes de Estado pelo mundo afora. A política intervencionista e golpista do capitalismo norte-americano é de conhecimento mundial.
Por isso a “preocupação” dos ianques com as eleições brasileiras. Trata-se da terceira cena do golpe de Estado de 2016, que se iniciou com a deposição fraudulenta de Dilma Rousseff (PT), e, em seguida, a prisão do ex-presidente Lula, vítima de um processo ilegal que serviu para retirá-lo da campanha eleitoral de 2018. Em todos esses passos, os gringos estiveram presentes para manter os interesses do imperialismo no Brasil.
Seria de uma inocência política gigantesca achar que o imperialismo deixa correr soltas as eleições espalhadas pelo mundo. Especialmente as do Brasil, tendo em vista o tamanho do país e a alta explosividade social, contida sob as mais variadas formas. Um processo revolucionário no Brasil significa quase que automaticamente um processo revolucionário em toda América Latina.