O governo golpista de Jair Bolsonaro anunciou, já há algumas semanas, o famoso pacote de bondades, a PEC da Compra de Votos. A PEC abre o precedente para um estado emergencial no país, para poder liberar auxílios para a população com mais facilidade.
Além da compra de votos da população em geral, Bolsonaro está prevendo também um “bolsa-empresário”, para facilitar sobretudo o setor industrial, amortizando valores de impostos, etc. Trata-se de uma jogada eleitoral de maior envergadura, arrancando votos com uma subordinação barata, tanto da população pobre, como dos setores ricos.
Por se tratar de uma política da direita golpista, não deveria causar espanto, pois é a típica medida rasteira aplicada por setores da burguesia para tentar se safar com a população. O que surpreende mais, no entanto, é que a esquerda parlamentar apoiou integralmente a proposta de Bolsonaro. Praticamente todos os deputados do PT, do PSOL e do PCdoB, que são os partidos que possuem representação no Congresso, votaram a favor, lado a lado com Bolsonaro, pois estariam preocupados com a vida da população.
A esquerda tem adotado como política recente criticar e demonizar qualquer coisa que Bolsonaro diga ou defenda, como se o governo Bolsonaro fosse um verdadeiro apocalipse. Mas quando surge o momento de denunciar esse esquema extremamente direitista, a esquerda não só fica calada, como ainda dá o apoio formal, votando conjuntamente com o presidente golpista. Esses mesmos que falam em luta contra o facismo, que Bolsonaro está à beira de dar um golpe, que a civilização vai ruir, nada fazem.
A PEC dá superpoderes a Bolsonaro, em um dos momentos em que ele mais precisa. Em ano de eleição, a esquerda começa a pensar e a fazer todo tipo de loucura. Fazem qualquer coisa que supostamente sirva para angariar votos e garantir seus cargos intactos. É o desespero eleitoral que ocorre a cada dois anos dentro da esquerda pequeno-burguesa.
A compra de votos é uma política criminosa e que precisa ser intensamente denunciada. A esquerda mais uma vez capitula diante da pressão. O “bolsa-empresário” proposto por Bolsonaro é ainda mais oportunista do que o que já foi feito em outros momentos. Tão bom quanto oferecer míseros auxílios para a população, é oferecer centenas de milhares de reais para os empresários. É uma disputa de eleitorado e Bolsonaro precisa garantir o seu, do seu modo. E tudo isso enquanto ainda é presidente do país.
Um dos maiores escândalos do governo está passando em silêncio e a esquerda parlamentar está de acordo. A esquerda que defende os trabalhadores precisa denunciar esse ato direitista e escancarar essa barbaridade perpetuada pelo governo.