Em matéria publicada em O Estado de S. Paulo, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, em palestra, que as instituições do Poder Judiciário são atacadas pelo menos dez vezes por dia, através de “discursos de ódio” e ameaças.
O discurso de ódio, segundo pesquisa no próprio Google, não tem uma definição clara. Mas basta dizer que é uma expressão de descontentamento, crítica ou algo que o valha contra uma pessoa, organização ou instituição, do Estado ou não.
O plano do ministro e de outros integrantes das cortes superiores é impedir, ou seja, combater criminalmente pessoas que pratiquem tal ação. Ou seja, censurar as pessoas que possuem críticas contra o judiciário e mesmo contra o altamente criticável processo eleitoral.
De acordo com o ministro, o plano é combater atividades ilícitas, “crimes praticados pelas milícias digitais, garantindo a liberdade do eleitor em escolher seu candidato, qualquer que seja, para que ele possa escolher com liberdade. Só escolhe com liberdade aquele que tem informações corretas”.
Ou seja, só escolhe com liberdade aquele que teve informações filtradas pelos senhores do regime. Pelos tutores das consciências alheias. Afinal, a que interesse respondem os integrantes dos órgãos repressivos do Estado? Aos interesses do povo? Claro que não.
Estas mesmas instituições, agora tão preocupadas com a informação, não tiveram vergonha nenhuma em apoiar e ratificar o golpe fraudulento contra Dilma Rousseff em 2016, e nem se manifestaram contra, pelo contrário, apoiaram formalmente a prisão do ex-presidente Lula em 2018. Esses são os fiscalizadores das informações das eleições de 2022. Tanto fiscalizam que já censuraram toda a rede social do Partido da Causa Operária, sob o pretexto escandaloso de atacar as instituições do Estado e o próprio Poder Judiciário.
Ora, se todo dia ocorrem dez expressões de ódio ou matérias tidas como falsas, e, no entender do Sr. Alexander de Moraes, isso é crime, em um mês teríamos 300 pessoas processadas e possivelmente presas, como aconteceu com Daniel Silveira. Esse é o melhor jeito de aumentar a população carcerária nacional, ou uma boa forma de controlar o que se diz das eleições, e, por tabela, controlar seu próprio resultado.
É uma farsa total a ideia de controlar as informações divulgadas sobre qualquer coisa. Propaganda se combate com propaganda. É preciso lutar pela ampla liberdade de expressão, de imprensa, de manifestação. Não pode haver um tutor das ideias do povo, um fiscal de informação. Isso é uma perspectiva, em primeiro lugar, preconceituosa contra a população.
Em segundo lugar, filtrar informação não pode ter outro objetivo que não seja a censura. A imprensa capitalista é ela mesma uma indústria de falsificação de informações e mentiras. Basta ver tudo que se passou com o Partido dos Trabalhadores nos últimos dez anos. Nesse sentido, a informação deveria ser a mais ampla possível, irrestrita, sem fiscais, e o povo decide o que deve ou não fazer.
Alexandre de Moraes está na missão de controlar as eleições para que vença o candidato que os antigos e atuais golpistas acharem melhor. É só isso que explica tamanha sanha por reprimir matérias e informações e censurar toda a rede social de um partido político, como aconteceu com o PCO.




