No primeiro trimestre deste ano, o grupo JBS/Friboi obteve R$5,4 bilhões de lucro líquido, um montante de 151,4% acima do lucro obtido no mesmo período de 2021, às custas dos trabalhadores que vêm sofrendo com o aumento exacerbado dos preços de produtos e serviços, sem que haja reajuste salarial.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado passou dos R$10 bilhões, avanço de 46,7% ante o intervalo de janeiro a março do ano passado. A receita líquida atingiu 90,9 bilhões de reais no período, aumento de 20,8% no ano.
Mesmo com a queda de 5% no processamento de gado porque a China temporariamente suspendeu alguns exportadores brasileiros de carne bovina, a unidade de carne bovina da JBS no Brasil conseguiu aumentar as vendas em 24,2% no último trimestre.
Nada para os trabalhadores
Todos esses aumentos vêm ao mesmo tempo em que os trabalhadores – que vivem na semiescravidão dentro dos frigoríficos – têm que suar sangue para dar conta da produção e aumentar o volume de dinheiro nas contas bancárias dos patrões do grupo JBS/Friboi enquanto amargam os mais baixos salários. Em São Paulo, por exemplo, onde é a base do Sindicato dos Frios, a convenção coletiva é anual, ou seja, tem que esperar um ano inteiro para tentar repor, minimamente, uma parte da inflação manipulada do governo Bolsonaro.
Escravidão
Os operários do JBS/Friboi de Osasco denunciaram como os patrões fazem para o lucro aumentar cada vez mais, ou seja, extinguiram os descansos semanais, tanto aos domingos, como nos feriados, e forçam-nos a trabalhar aos sábados, mesmo esse dia sendo compensado durante a semana, de (segunda-feira até sexta-feira). Assim como nos demais frigoríficos, como no Marfrig, BRF Brasil Foods, entre outros, o regime de escravidão reina nos frigoríficos da JBS.
Aumento salarial e 35 horas semanais
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo encampa a campanha da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CSNCO) de aumento salarial de 50% para os trabalhadores. Não dá para esperar até novembro, data base da categoria, para que os salários sejam reajustados, principalmente porque os patrões aumentam os preços dos produtos quando e como quiserem.
Enquanto isso, os salários, cada vez mais, perdem seu poder de compra, além dos operários terem que trabalhar feito escravos para receber cada vez menos e, diante do custo de vida altíssimo, no dia do pagamento, já não há mais nada para receber, pois o salário já ficou comprometido em dívidas em meses anteriores.
É preciso mobilização!
Diante de todo esse quadro verdadeiramente apocalíptico, a categoria dos frios deve realizar uma ampla mobilização por:
- Reposição das perdas salariais, 50% de reajuste de todos os salários, bem como gatilho salarial a cada três meses ou quando a inflação alcançar 3%;
- Redução da jornada para 35 horas semanais, sem redução dos salários;
- Fim das privatizações, controle dos trabalhadores sobre as estatais, cancelamentos das já realizadas;
- Expropriar os bancos, grandes empresas e latifúndios;
- Lula presidente, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.