Descaso da prefeitura paulista acarreta, mais uma vez, incêndio de grandes proporções e inclusive em locais históricos. Dessa vez, foram atingidos quatro imóveis no bairro da Sé e no Centro de São Paulo, um prédio residencial, e três comerciais, sendo um deles uma igreja ortodoxa histórica.
O sinistro
O fogo teve inicio por volta das 21h do dia 10, na rua Comendador Abdo Schahin 80, que não tinha Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), atingindo ao menos três imóveis nas ruas Barão de Duprat e Cavalheiro Basílio Jafe. Segundo testemunha, as chamas foram precedidas por uma explosão e seguiram descontroladas até às 8h do 11, restando apenas focos no edifício nascedouro.
A combustão teria começado provavelmente no 3° do prédio de 10 andares Comendador Abdo Schahin 80. Segundo os bombeiros, a edificação não corre risco de desabamento. Na sequência, teria se propagado para a loja de artigos para festas Matsumoto, na rua Barão de Duprat, que teria sido consumida pelas chamas.
Um edifício residencial de seis andares também foi atingido na rua Cavalheiro Basílio Jafe, juntamente à Igreja Ortodoxa Antioquina da Anunciação à Nossa Senhora. Esta última, centenária de grande importância histórica, contendo em seus arquivos parte importante da cultura de uma etnia. O telhado da igreja desabou, restando em pé apenas parte do altar.
O saldo
Por sorte, não houve ainda nenhuma vítima civil registrada, tendo como feridos apenas dois bombeiros atingidos por uma segunda explosão. Ambos tiveram queimaduras de segundo grau, um em 18% e o outro em mais de 36% do corpo.
Embora não tenha sido encontrada ainda nenhuma fatalidade, os transtornos são generalizados, extrapolados para toda a população que trafega pelo centro de São Paulo. Os prejuízos econômicos não foram menores. Além do patrimônio consumido nas labaredas, o comércio da região dever permanecer um período fechado por questões de segurança.
Ao mesmo tempo, a destruição da Igreja de Nossa Senhora representa um dano gravíssimo, uma perda cultural, histórica e arquitetônica. Nas palavras de seu sacristão:
“Ficamos muito tristes. Temos informações de que o fogo atingiu a igreja, mas ainda não sabemos os danos. É a primeira igreja ortodoxa fundada no Brasil, em 1904. Os arquivos dela são grandes e tem informações da religião e história do nosso povo. É um patrimônio histórico da colônia síria no Brasil”.
A rotina de “acidentes” com o patrimonio público
Sinistros como incêndios, desabamentos e inundações deveriam ser eventos com baixa probabilidade de ocorrência, casualidades extremas. Entretanto, essa não é a realidade do patrimônio cultural, arquitetônico e histórico do estado. Os bens de interesse público sofrem nas mãos dos capitalistas e seguem sendo depredados dia a dia.
Esses acidentes são, no geral, uma depredação, um ataque a tudo que os capitalistas veem como um empecilho ao aumento dos lucros. Essa investida ocorre seja pela depredação direta, ou pelo cortes de orçamento para manutenção.
Nessa sanha, muita coisa importante já foi perdida. As cenas do incêndio no Museu Nacional em 2018 ainda estão fresca na memória. Com tristeza, o povo brasileiro acompanhava uma parte dos registros históricos serem apagados pelo fogo da política neoliberal.
Essa não é uma particularidade do Brasil, mas uma realidade de todo o mundo. Que hoje, sobre o capitalismo, obedece apenas a lei do pagamento à vista. Também estão vivas na memória as imagens da Catedral de Notre-Dame de Paris, largando fumo branco e negro por 5h seguidas em 2019.
Todo o madeirame ardeu. Em meio ao incêndio, o porta-voz da catedral, André Finot, afirmou: “Tudo está em vias de arder: a obra de carpintaria, que data do século XIX de um lado, e do século XIII do outro, não ficará nada […] Está por saber se a abóbada, que protege a catedral, será afetada ou não”.
O patrimonio histórico é quase sempre o primeiro a ser descartado frente à dificuldade de ser monetizado somada aos lucros insatisfatórios à ganância capitalista. São, consequentemente, abandonados à própria sorte pelo estado capitalista, ou quando privados, deliberadamente destruídos com a leniência do Estado para abrir espaço a investimentos.
PSDB, o câncer de São Paulo
Na mitologia grega, Prometeu teria que suportar seu fígado, que se regenerava todas as noites, ser devorado durante os dias por uma águia (ou abutre) durante 30.000 anos. São Paulo esta há décadas tendo o fígado bicado pelos tucanos do PSDB.
O câncer PSDB vem devastando o estado e sua capital, tendo um papel fundamental na delapidação do Estado nacional. Afinal, os tucanos não devoram apenas o fígado de São Paulo. Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Tasso Jereissati, Aécio Neves, Franco Montoro, Mário Covas, entre outros foram uma verdadeira metástase no Brasil.
O incêndio em tela, como tantas outras calamidades em São Paulo, entre os mais relevantes o do Museu da Língua Portuguesa, em 2015 e o da Pinacoteca Brasileira, em 2021, são consequência direta do descaso da Prefeitura Municipal de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo. O único objetivo dos tucanos é servir aos capitalistas, existindo um verdadeiro desprezo dos mesmo com o que não atender a esse objetivo.