Não é de hoje, nem do governo Bolsonaro, que o armamento da população permanece e sempre permanecerá como um dos temas centrais da sociedade brasileira e mundial, por ser um meio de expressão da violência, mas principalmente o meio determinante da subjugação de uma classe sobre a outra.
Por parte da direita, seu posicionamento já é sabido pelas incontáveis décadas de programas sensacionalistas e jornais, que sempre atribuíram toda responsabilidade da violência social à classe operária, que busca sobreviver e se defender do Estado e de suas milícias e jagunços, de todas as maneiras e formas legais e ilegais possíveis.
Da esquerda, uma crise pacifista, que se instalou desde o neoliberalismo, na década de oitenta, e que, agora, iludida, se posiciona junto ao Estado, que é capitalista e controlado pela classe dominante e seus mercenários organizados, tanto nas instituições políticas da direita – a imprensa e partidos -, quanto pelo velho aparelhamento estatal, historicamente marcado pelo coronelismo, mandos e desmandos, em todos os âmbitos da burocracia, tal como o Supremo Tribunal Federal (STF), as Forças Armadas, a Polícia Federal e todos os demais aparatos de repressão, que compõem a chamada “segurança pública”.
A burguesia deixou o Bolsonaro brincar
Bolsonaro ganhou ganhou fama como “O Mito”, por defender variados tópicos populares, “antissistema”, mesmo que de maneira demagógica, como a liberdade, mesmo que uma liberdade abstrata, por vezes parecida com o ‘salve-se quem puder’ ao estilo da distopia do filme “Mad Max”, a liberdade de expressão contra a censura da imprensa burguesa, mesmo também fazendo parte dela, além da liberdade ao armamento, mesmo que restringindo ainda à uma parcela da classe média.
Concretamente o armamento, pregado por Bolsonaro, nunca foi para a população em geral, mas sim para sua base social, que uma parcela, inclusive, sempre esteve armada, com ou sem registro, e uma outra parcela agora pôde ter acesso pelos decretos de flexibilização do porte, visto que os entraves ao acesso às armas sempre foram extremamente pesados, visto que, como já dito, é determinante para o controle social da burguesia ao povo.
Neste sentido, Bolsonaro está correto, já que é uma vontade e necessidade popular em se armar e se proteger, que está em ressonância com os direitos democráticos, mesmo que a Constituição brasileira se oponha desde a promulgação do Estatuto do Desarmamento em 2003, já que se o povo não confia no Estado para sua segurança, está claramente tem o direito de buscar sua própria proteção.
Obviamente que esta não é uma defesa do bolsonarismo, já que como um bom fascista, este somente se utiliza de pautas populares para ganhar popularidade e voto sob a direita tradicional que faz tudo contrário ao povo. Porém, mesmo chegando ao poder, Bolsonaro foi e somente é uma das cartas da burguesia para manter o golpe de Estado em vigor. Em 2018 os golpistas não tiveram escolha, mesmo com Lula preso, suas melhores cartas que são e sempre foram os elementos da direita tradicional, tal como o PSDB, não tiveram força alguma graça à deterioração do regime tradicional, do centrão, não polarizado.
Aceitaram desde então algumas pautas de Bolsonaro, mas nunca permitiram a Bolsonaro que concluísse quaisquer que fossem. Os mandatários dos crimes mandam e desmandam, e assim, sempre brincaram com Bolsonaro, de modo que ele fosse somente um fantoche, assim como Zelenski, presidente da Ucrânia, que serve ao governo norte-americano.
O avanço do golpe
Agora, passada as eleições de 2018 e todo movimento da esquerda pelo fora Bolsonaro, ou seja, passado os riscos do rompimento do regime golpista, visto também que a própria esquerda, por influência do completo carreirismo político, está voltada às eleições que se aproximam, deixando de lado a luta real contra a burguesia, esta, prepara um novo ataque, em uma terceira etapa do golpe, e vai mostrar que nem Bolsonaro, muito menos a esquerda, não mandam nada.
A Rede Globo já está chamando o STF para intervir em decisões do Executivo, amordaçando Bolsonaro, pode emplacar a terceira via com Simone Tebet e outros candidatos. Além disso, a campanha contra o armamento da imprensa burguesa, tem não somente apoio da classe dominante para restringir às armas à polícia, a qual é um exército particular desta classe, como tem também o apoio de significativa parcela da esquerda, que dado o pacifismo cai e vai continuar caindo nas manobras ilegais e anti-democráticas do judiciário contra os poderes eleitos, sob o lema da defesa da “segurança pública”.
O que tem que ficar claro é isso, que, o que a direita não quer é que a população se arme, já que é a única defesa do cidadão comum, da classe trabalhadora, operária, contra o Estado opressor. Os massacres dos trabalhadores nas favelas, no campo, nas cidades, não passaria de forma alguma, como passou em Odessa, no famoso filme “O Encouraçado Potemkin”, exterminou a população desarmada em meio à revolução social russa e do leste europeu.