No início deste mês, quando o Partido da Causa Operária (PCO) foi incluído no “inquérito das Fake News” criado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), posteriormente, pela execução da pena inconstitucional, foram derrubadas todas as redes sociais do partido, como ocorrido na última quarta-feira (22), pelas mãos do ministro Alexandre de Moraes. Com tudo isso, o Partido foi também, além de perseguido, atirado no olho do furacão da crise interna da burguesia.
O precedente aberto a exemplo da ação de Alexandre de Moraes contra o PCO e contra elementos do bolsonarismo, permite, agora, que juízes de instâncias menores possam facilmente utilizar os mesmos instrumentos deste inquérito de maneira arbitrária, colocando o país na condição de um espaço sem leis. Até por isso, setores da própria burguesia e a direita em geral perceberam que podem acabar sendo vítimas de uma arbitrariedade, vítimas também da perda do direito à opinião, expressão e organização política.
A direita tal com a esquerda não é um bloco homogêneo, mas formado pelo conjunto dos setores da classe, que assim, disputam internamente o âmbito da direita representando as variadas influências do capital, tal como o do mercado financeiro, dos latifundiários, dos industriais, das oligarquias locais e regionais, e até mesmo o do narcotráfico.
Neste sentido, como a política é formada por setores aos quais os juízes também pertencem, a abertura para a arbitrariedade se torna fácil de ser visualizada. Basta imaginar os casos mais comuns no interior do Brasil, em que a disputa eleitoral ocorre, e até de forma combinada, entre dois ou mais candidatos burgueses. Assim, caso um deles decida acionar um juiz amigo para excluir toda a comunicação do candidato ou até mesmo do partido oponente, este o fará, e colocará em cheque toda campanha do oponente.
Até mesmo órgãos poderosos da burguesia, como a Rede Globo, pode ficar sujeita às arbitrariedades do Judiciário, já que mesmo poderosa – ao contrário do PCO -, com muito mais influência nas instituições, este poder somente existe e pode ser mantido com o máximo controle sobre a situação política, e que como se vê hoje na briga entre os setores da direita “democrática” e da direita bolsonarista, nem mesmo a Globo pode se dar ao luxo de correr risco, tendo este flanco aberto.
Se o método macartista de Alexandre de Moraes passar, pode não somente agravar o regime sem leis, como vem avançando desde 2016, na abertura do Estado de Exceção, mas derrubar de vez os organismos da esquerda, como inclusive já foi indicado a inclusão da Central Única dos Trabalhadores neste mesmo inquérito. É uma nova Lava Jato, ou até o início de um AI-5, visto que qualquer um pode ser acusado, julgado e condenado por uma mesma pessoa. Perfeito para controlar todos os setores em detrimento de um único, o do imperialismo, ou melhor, do governo dos Estados Unidos no Brasil.
A manobra até então estava escondida, enquanto os ataques se davam somente contra os bolsonaristas, neste momento parece sair do controle para a própria burguesia, aumentando ainda mais sua divisão e crise, neste ano turbulento de eleição.