Nesta quinta (26) o vereador Renato Freitas do Partido dos Trabalhadores (PT) concedeu entrevista aos companheiros do coletivo de negros João Cândido, durante o programa Tição na COTV. Na entrevista, Renato detalhou o processo de perseguição que vem sofrendo e as manipulações de informações de parlamentares da direita para criarem uma narrativa para fazer avançar um processo de cassação do seu mandato.
Como de praxe o Partido da Causa Operária colocou sua imprensa à disposição para dar voz ao parlamentar, mas principalmente mostrando que o se coloca na defesa do companheiro contra uma campanha de perseguição, que vai no mesmo sentido da política de cerceamento dos direitos democráticos que vem sendo encabeçada nos últimos tempos pelos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso concreto, Renato Freitas, vem sofrendo diversos ataques encabeçados por parlamentares da extrema-direita por ter feito uma manifestação contra a violência estatal dentro de uma igreja católica. De fato, nada demais aconteceu, Renato e alguns militantes de movimentos e de outros partidos da esquerda faziam uma manifestação na parte de fora da igreja, em Curitiba, quando decidiram entrar e continuar a manifestação de dentro da igreja como forma causar mais impacto, provavelmente. No momento não estava acontecendo nada demais, não estava havendo nenhuma missa ou qualquer coisa que agravasse a situação, por exemplo. Talvez o único aspecto que poderia ter sido observado é se tiveram autorização dos administradores da igreja para tal. O que parece não ter sido feito previamente. Nada demais também, pois não foi feita nenhuma depredação do local, ao contrário do que é feito na invasão de grupos evangélicos a terreiros de candomblé, por exemplo.
Nos últimos meses a polêmica foi sendo insuflada e criada uma narrativa para aproveitar a situação para cassar o mandato de Renato. Detalhe, Renato Freitas, faz parte de um setor militante do PT, que ficou conhecido por fazer manifestações públicas, denunciando o racismo, a violência policial, participou das manifestações Fora Bolsonaro etc. Ou seja, está sendo perseguido exatamente pela sua atuação política, o que é uma aberração para um parlamentar, para uma pessoa escolhida pela população para fazer exatamente isso: atuar politicamente.
É outra aberração dos tempos que estamos vivendo o fato de um parlamentar estar sendo processado por se manifestar, por realizar um ato político. Um precedente aberto pelo glorioso STF, como aconteceu no caso do fascista Daniel Silveira (PTB) que foi condenado por falar.
Defender Renato é defender a liberdade de expressão
Pois bem, outra coisa que me chamou a atenção é fato de pessoas que se consideram de esquerda acharem um absurdo o PCO estar defendendo o parlamentar, pois segundo eles este seria um “identitário”.
Sem entrar no mérito do identitarismo, até porque a questão aqui não é particular, o que ele é ou pensa, mas sim o que o caso representa para situação de conjunto. O episódio de perseguição política a um parlamentar de esquerda é um passo a diante na política golpista que vem ganhando corpo desde 2016 no país. Quando o STF condenou Daniel Silveira e falamos que finalmente o precedente foi aberto para atacar a esquerda e os trabalhadores, era disso que estávamos falando.
Agora temos um parlamentar negro, do partido que, para a direita, é seu principal inimigo o PT, sendo perseguido e processado por se manifestar, por atuar politicamente.
O próximo passo dessa via é muito fácil de prever, o ataque indiscriminado a militantes de esquerda e aos movimentos mais ativos, que militam mais incisivamente contra a política criminosa dos governos da direita. Daí, condenar um militante por criticar o presidente ilegítimo, os juízes do STF capachos do imperialismo, os parlamentares de igual qualidade, será passível de prisão a critério das organizações policiais, simplesmente a organização nazista que mata preto e pobre aos quilos todos os dias nas ruas do país.
Por isso defender o Renato Freitas contra os ataques da direita, independentemente do seu mandato, é defender a liberdade de expressão e defender o futuro dos militantes de esquerda.