As pessoas de esquerda e principalmente militantes do PT me perguntam por que o Partido da Causa Operária, que é o principal defensor da candidatura de Lula para presidente da República desde as eleições de 2018 e agora em 2022, não apoia os candidatos do PT para os governos estaduais e lança candidaturas próprias em todo o País.
Na verdade, a confusão na cabeça dos militantes do PT, aqui do Estado de São Paulo, é saber por que o PCO vai lançar candidato ao governo de São Paulo e não apoiar a candidatura de Fernando Haddad do PT, para o governo de SP, já que ele é o principal candidato estadual do PT.
Primeiro, se o PCO tivesse uma política de apoiar eleitoralmente o PT e seus candidatos não seria um partido independente, bastaria todos os militantes do PCO entrarem no PT e disputar a orientação dentro desse partido, como muitos de nossos companheiros fizeram no passado.
Segundo, o PCO não apoia candidaturas individuais, principalmente de políticos de caráter pequeno-burguês ou burguês do PT ou de qualquer outro partido, podemos até fazer uma aliança ou chamar voto para algum candidato do PT, mas precisa ter um caráter operário, ou seja, que tenha relações com as reivindicações do movimento de luta dos trabalhadores.
Nesse sentido, a candidatura de Fernando Haddad não tem nada de operário, pelo contrário, o próprio Lula em uma atividade de comemoração de aniversário do PT, discursou para os militantes do partido dizendo que escolheu Fernando Haddad para ser prefeito de São Paulo, pelo fato de ser o candidato mais parecido com os políticos do PSDB – “o mais tucano dos petistas” -, a fim de que não houvesse campanha contra a candidatura do PT pela burguesia; o que obviamente nunca deu resultados.
De certa forma, Lula tinha razão, pois o líderes do PSDB se dão muito bem com Fernando Haddad, tanto que nas eleições de 2018 após substituir Lula nas eleições, Haddad deu várias declarações na imprensa burguesa elogiando Geraldo Alckmin e outros políticos da direita, que tinha sido responsáveis ou apoiadores da derrubada da presidenta Dilma Rousseff e pela prisão do ex-presidente Lula.
Nosso apoio à candidatura de Lula para presidente, não é simplesmente o fato de Lula ser operário e ter suas relações políticas ligadas ao movimento operário brasileiro. Mas está relacionada à situação política que se impôs no País, com o golpe de 2016 que levou a uma intensificação da polarização no Brasil.
O golpe acirrou a luta de classe no país que vinha se intensificando desde 2013, entre a Esquerda e a Direita, mostrando que as eleições de 2022 encaminham para a disputa eleitoral entre Lula e Bolsonaro. O centro político que sempre foi a base estrutural do regime político brasileiro se espatifou, o que obriga a um posicionamento de toda esquerda em torno da candidatura de Lula, com ou sem o vigarista político Geraldo Alckmin como candidato a vice.
Para entender o desenvolvimento dessa luta, basta ver que a eleição nacional, que acontecerá em outubro, representará mais um capítulo da luta do povo brasileiro contra os desdobramentos da política imperialista colocada contra os interesses dos trabalhadores a partir do golpe de Estado de 2016.
Ao contrário da campanha da esquerda pequeno-burguesa brasileira que diz que a eleição será a luta pela democracia, contra a barbárie, contra o preconceito, contra o genocida, contra o racismo, homofobia, machismo etc.
Essa eleição será a continuidade da luta do povo brasileiro contra o golpe de 2016, que devastou o País e promoveu no Brasil o crescimento do desemprego, da carestia e da fome.
O golpe promoveu o pior retrocesso industrial da história do País, a inflação está prestes a alcançar índices relativos aos piores dias do governo do direitista José Sarney, o alimento da mesa do trabalhador se transformou em produto de luxo. O salário está “congelado” sob a camisa de força das reformas golpistas do governo Temer e de Bolsonaro, como a reforma trabalhista e a lei do teto de gastos.
Diante do desenvolvimento que a luta política tomou no País, a candidatura de Lula é a única que pode representar a luta dos trabalhadores contra as consequências do golpe de 2016.
O golpe de 2016, que foi orquestrado pelo imperialismo norte-americano, derrubou o governo do PT, colocou Lula na cadeia para impedir a volta do PT nas eleições de 2018, e só estão permitindo a candidatura de Lula em 2022 pelas mobilizações que ocorreram com Lula preso arbitrariamente.
Apesar de que o golpe de 2016 foi diretamente direcionado ao governo do PT e a seus líderes, a começar por Lula, o golpe visa principalmente combater a esquerda brasileira, suas organizações políticas, seus militantes e todos os movimentos organizados que defendem os interesses populares, estudantis, camponeses e operários.
Nesse sentido, a defesa da candidatura presidencial de Lula para 2022, é a expressão da luta que foi travada no País contra o golpe até agora, contra a prisão de Lula e as arbitrariedades aprovadas contra os direitos políticos e coletivos, e contra todos os ataques aos trabalhadores.
Essa campanha tem que mostrar que Lula é representante da luta contra o golpe, pela revogação das medidas estabelecidas nesse período, pela revogação da reforma trabalhista, contra as privatizações, o roubo do petróleo nacional, e de todos os direitos dos trabalhadores etc…
É preciso mobilizar imediatamente a população através de comitês de luta pela candidatura de Lula como presidente, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.