Nesta última quarta-feira (20), em uma reunião realizada entre os representantes dos blocos de São Paulo e a Secretaria Municipal de Cultura, o governo propôs que os foliões saíssem às ruas apenas em Julho (dias 16 e 17), levando mais uma vez o tradicional festejo de rua a um impasse para acontecer. Mesmo assim, alguns blocos saíram nas ruas na manhã e na tarde desta quinta-feira (21).
Saíram nas ruas o Bloco Saia de Chita, que reuniu alguns foliões na Vila Ipojuca, na Zona Oeste da cidade, o Bloco Baco do Parangolé, que saiu nas rua a partir da Praça Aureliano Leite, na Água Branca, também situado na região oeste da capital paulista. Os blocos que devem acontecer em locais privados são o Bloco Tarado Ni Você e o MinhoQueens.
A coordenadora de Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, Thaís Haliski, em contato com o portal da UOL, citou a falta de diálogo por parte da secretaria, afirmando que a orientação de procurar as subprefeituras foi criada durante a reunião ocorrida na quarta, apenas um dia antes do início do feriado. Ou seja, uma tentativa clara de controlar os grupos, impedindo suas saídas às ruas nesse feriado prolongado.
Ela também informou que saíram às ruas cerca de 50 e 60 blocos, e que estes estão contratando, por conta própria, itens importantes para a garantia da diversão dos foliões, como banheiros químicos e cavaletes. Entre os organizadores, existe o medo de repressão pela PM e GCM, mesmo que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo tenha, no dia 12 deste mês, ingressado um pedido para que ambas as forças de repressão não usem de força contra os blocos que insistirem em desfilar nas ruas da capital paulista durante este feriado de Tiradentes.
Em reportagem no portal G1, essa opção foi descartada pelo prefeito Ricardo Nunes, que afirmou, demagogicamente, que “jamais usaria força” contra manifestações culturais: “Estamos buscando um convencimento dessas pessoas pra que elas não façam isso agora. Que a gente possa fazer em outro momento […] que a Prefeitura tenha um tempo hábil pra fazer um mínimo de organização.”
Não, vocês precisariam dar toda acessibilidade e ajuda para que os grupos que querem sair nas ruas possam sair e não ter postergado as datas, o fornecimento de infraestrutura pras realizações dos eventos e um suporte pros Blocos e pros foliões.
Na mesma matéria do G1, é informado que a necessidade do pedido ingressado pela Defensoria se justifica pois “há histórico de violações de Direitos Humanos nos blocos”. Vendo a fala do sucessor do Bolsodória, podemos achar que o capataz, como que num passe de mágica, virou um bom samaritano. Entretanto, o fato é que, se a burguesia achar necessário, as forças de repressão serão usadas, como sempre foram acionadas nos anos anteriores em que o Carnaval ocorria na época certa.
Todas as grandes manifestações culturais assumem, como parte da sociedade que vivemos, caráteres políticos, principalmente num período de crise que nosso país vive de conjunto, com todo o clima persecutório já instaurado desde o Golpe de 2016. Por isso, é de muita importância para a burguesia calar e cancelar tais manifestações.
A Pandemia de 2020 veio bem a calhar nesse processo. Hoje, que temos todo o sistema funcionando de fato e é até oficial e ponto pacífico para alguns setores que a pandemia findou-se, fica evidente a tentativa de sabotagem que enfrenta o povo na sua vontade apenas de se divertir, perante os dias tenebrosos de assalto que a população sofre do Estado e do Imperialismo mundial.