Rafael Dantas, de Moscou
O 9 de Maio, quando se comemora na Rússia o “Dia da Vitória Soviética” na Segunda Guerra Mundial, pode ser a data de uma dupla comemoração neste ano: contra os nazistas de ontem e de hoje
Conforme se aproxima a data em que se celebra a vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, a imprensa burguesa mundial se enche de rumores sobre a impossibilidade de a Rússia derrotar os fascistas ucranianos.
A máquina internacional de mentira e desinformação do imperialismo norte-americano e europeu não se movimenta à toa. Se o governo russo está mesmo preparando o encerramento das operações militares contra os nazistas do presente na Ucrânia para coincidir com a vitória sobre os nazistas do passado, o 9 de Maio seria mesmo a data perfeita. Uma dupla comemoração, da vitória contra os nazistas no passado e os nazistas no presente, viria bem a calhar e pode mesmo estar próxima.
Não é por acaso que esses rumores vêm geralmente acompanhados da propaganda imperialista de guerra contra a Rússia. Vemos, por isso, coisas realmente orwellianas na imprensa internacional: a Rússia é “o inimigo” da paz e da humanidade; as forças russas estão sempre em dificuldade; suas baixas são sempre duras; estão sempre avançando em direção à derrota; a vitória da democracia e da paz imperialistas está sempre perto.
A campanha contra a Rússia é intensa. A imprensa mundial só fala nos “crimes” da Rússia, nada sobre os da OTAN (e o currículo desta é de arrepiar!)
De te fabula narratur. A gritaria sobre a dificuldade de Putin encerrar a guerra, que promoverá uma intensificação dos esforços militares, etc., é complementar às dificuldades que o próprio imperialismo enfrenta no atual confronto militar.
Putin desencadeou a contraofensiva em fevereiro e pegou os “democratas” norte-americanos e seus parceiros da OTAN em uma verdadeira orgia com os nazistas ucranianos. Por ter agido rápido, foi possível revelar ao mundo o que são, na realidade, as “forças da liberdade” estacionadas na Ucrânia, seus crimes cometidos contra Lugansk e Donetsk.
A ação russa tornou impossível para o imperialismo e seus porta-vozes encobrir a realidade: os defensores da “paz” e da “civilização” que se escandalizaram com a vitória do Talibã no Afeganistão no ano passado, e que acusam Putin e o Exército russo de cometer crimes de guerra e promover um massacre (alguns dizem até genocídio), são unha e carne com os nazistas. Demorasse um pouco mais, seria mais difícil enfrentar um quadro em que os nazistas já estivessem totalmente encobertos sob a saia da OTAN. Pegá-los na metade do caminho até lá, com as mãos sujas de sangue, foi fundamental.
Não se trata de uma guerra de uma nação opressora, de um país imperialista, contra oprimidos. Não. Já vimos isso acontecer antes: as criminosas invasões lideradas pelos EUA no Iraque e no Afeganistão nada têm a ver com o que está acontecendo na Ucrânia. Os russos não vieram para conquistar a Ucrânia. Não são tropas de ocupação que precedem o saque desmedido das riquezas do país, tal como fizeram os EUA no Iraque e no Afeganistão. Não bombardearam indiscriminadamente cidades como Bagdá e Faluja ou Cabul e Candaar.
A vitória russa no conflito está delimitada em um plano: minimizar ao máximo o número de mortos civis e em combate. Se há um outro delimitador, o 9 de Maio, é questão de tempo até descobrirmos.
A vitória, por outro lado, já se faz parcialmente: as cenas em que a bandeira soviética é hasteada pelos militares ou por civis no território ucraniano falam por si. É a bandeira que une os russos de um e outro lado da fronteira criada pela dissolução da União Soviética.
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