Desde o golpe de Estado de 2016, as forças políticas brasileiras iniciaram um processo de diferenciação extremamente acentuado: a polarização. Se antes tínhamos posições centristas, vacilantes e, nesse sentido, enganosas, após o golpe, tudo mudou. Agora, trata-se de posições marcadas, decisivas, ou, em outras palavras, posições de classe cada vez mais claras.
Nesse sentido, o panorama político se resumiu, basicamente, entre duas forças opostas representadas por Bolsonaro e por Lula. De um lado, a extrema-direita, a serviço da burguesia e, do outro, a esquerda reformista, massivamente apoiada pelos trabalhadores de todo o Brasil.
Entretanto, a polarização política não é, por definição, favorável à burguesia. Esta quer manter a sua dominação, ou seja, manter o capitalismo. Para tal tarefa, a radicalização, seja para qual lado for, é instável, o que dificulta a manutenção do aparato do Estado burguês.
Por isso, os capitalistas sempre preferem, quando as condições materiais estão dadas, um representante da burguesia que seja “comedido”. Ou seja, assim como Biden, FHC, Macron e outros, são representantes venais da política imperialista, seguem à risca sua doutrina neoliberal. Ao mesmo tempo, não são espalhafatosos, ou melhor, são demagógicos, cínicos.
Este é, justamente, o caso de Bolsonaro. É vacilante em relação ao cumprimento das tarefas tomadas pela burguesia (apesar de estar entrando mais na linha nos últimos tempos). Nesse sentido, a burguesia procura uma alternativa, um elemento perfeito que consiga estabilizar a situação econômica do país para explorá-lo da forma mais eficiente possível.
A burguesia não quer, até o momento, Bolsonaro. Muito menos Lula, obviamente, por ser um candidato que representa os trabalhadores. Não, ela quer uma alternativa, é este o princípio da terceira via, a verdadeira representante do imperialismo. Todavia, a operação ao redor desta manobra se apresenta complexa, ainda mais no Brasil.
De qualquer forma, a imprensa burguesa se compromete cada vez mais com esse sórdido objetivo. Com as eleições se aproximando, o Partido da Imprensa Golpista (PIG) intensificou a sua campanha contra Bolsonaro, destacando escândalos de corrupção, a falta de compromisso do governo com as privatizações, entre outros pontos. Além disso, procuram cada vez mais noticiar calúnias e ataques contra Lula, seja relembrando as farsas anteriores, como a operação Lava Jato e o mensalão; seja tentando fabricar novas farsas.
Ao mesmo tempo, pintam os nomes da terceira via como verdadeiros santos. Aparentemente, nunca houve nada de errado com Eduardo Leite, Dória e cia. É, consequentemente, uma campanha preparatória por parte da imprensa em direção à eleição da terceira via.
Finalmente, para o PIG, ainda que não se saiba oficialmente quem será o candidato da terceira via, a campanha eleitoral já começou. Conseguirão emplacar uma alternativa à polarização ou serão obrigados a seguir com Bolsonaro? Acompanhemos as cenas dos próximos capítulos.





