Depois de se tornar clara e cristalina a farsa da justificativa dada pela prefeitura de São Paulo para a proibição do carnaval de rua em fevereiro deste ano, as direções dos blocos de carnaval de rua vêm travando uma interminável batalha contra o governo do PSDB/MDB na cidade para conseguir sair às ruas no feriado de Tiradentes, junto com os desfiles de escola de samba que já haviam sido previamente transferidos para essa data.
Agora, o prefeito Ricardo Nunes, pressionado, concordou em permitir a saída dos blocos. Porém, com uma condição que torna a decisão impraticável para a maioria: os blocos poderão sair no feriado de Tiradentes, desde que consigam por si próprios bancar toda a brincadeira.
Isso significa que esses blocos teriam que bancar sem apoio nenhum da prefeitura com despesas como segurança, gradil, médicos, plano de emergência e rota de fuga, pré-requisitos da prefeitura para que a festa dos blocos possa acontecer ainda este ano.
“Não é possível que tenhamos blocos de carnavais que incentivem as pessoas à rua sem gerar o mínimo de estrutura que possa garantir a segurança para as pessoas”, afirmou o golpista Ricardo Nunes.
O resultado dessas exigências, desprovidas de nenhuma contrapartida por parte da prefeitura no sentido de apoio financeiro, será que, ao fim, apenas os blocos que contam com grandes patrocinadores conseguirão sair às ruas. A luta pela realização do carnaval continuará derrotada dessa forma.
Nesse sentido, fica claro que está em marcha um projeto de privatização do carnaval de rua de São Paulo, um dos mais tradicionais de todo o Brasil. Afinal, somente aqueles apoiados pelos capitalistas poderão organizar a sua folia, deixando o carnaval do povo completamente de lado em prol das festas pequeno-burguesas.
Transformar o carnaval em um evento elitizado já é um plano muito antigo por parte do PSDB, que esse ano, aproveitando-se da pandemia, deu um grande passo nesse sentido, proibindo as festas de rua e liberando as particulares. Chegou-se, inclusive, a sugerir que os blocos pudessem sair em fevereiro desde que fosse em um espaço fechado e com controle de entrada e saída de pessoas realizado no autódromo de Interlagos, proposta que foi prontamente rejeitada pela coordenação dos blocos de rua.
Agora, os coletivos que coordenam esses blocos continuam a luta contra a segregação, contra a destruição da festa mais popular do Brasil e, para tanto, assinaram um manifesto onde deflagram a sua luta.