Anteontem foi dia 1º de abril, data em que, há 58 anos, era dado o golpe militar. Somente o PCO e alguns poucos militantes avulsos do PT foram as ruas lutar contra a extrema-direita e a ditadura. Nenhum outro partido chamou em seus meios de comunicação oficiais, a militância às ruas. O que isso significa? Significa que a esquerda abandonou a luta contra a ditadura.
A esquerda pequeno-burguesa tem memória curta e parece ter se esquecido do que foi a ditadura militar, instaurada no golpe de 1º de abril de 1964. Milhares de militantes foram presos e torturados; centenas foram assassinados na mão do exército e das forças repressivas do Estado. O medo se instaurou no país e qualquer atividade política teve que ser feita clandestinamente. Ler, pensar e criticar foi proibido por mais de 20 anos. Enquanto o país era saqueado por generais a mando do imperialismo, a população não pode reagir sem ser brutalmente reprimida e a esquerda foi assinada, ou estava de mãos atadas em um porão.
Cinquenta e oito anos não é tanto tempo assim para que os partidos, muitos dos quais dirigidos por pessoais que vivera durante esses tempos, esqueçam o que foi a ditadura militar. Então, por que não saem as ruas contra a ditadura nessa data tão importante?
Por achar que não é necessário, e essa parte da nossa história ou não é imporante ou foi superada ao ponto de se tornar irrelevante. Mesmo se fosse verdade, ainda que fossa só pela mancha que a ditadura deixou em nossa história a esquerda deveria comparecer às ruas. Mas fato é que vivemos desde 2016, em um regime golpista, com a presença cada vez maior de militares no governo e sob a ameaça constante de uma intensificação da ditadura, com um golpe militar..
Bolsonaro não se elegeu no vácuo. A ascensão da extrema-direita é um fenômeno observável no mundo inteiro. Espanha, França, EUA, Itália, Ucrânia, Israel, Canada, Brasil, todos são países que ou a extrema-direita está no poder, ou está muito perto de consegui-lo. Entre o golpe de 2016 e o presente momento, várias vezes a possibilidade de um golpe militar possibilidades tornou realidade. Em 2018 durante a greve dos caminhoneiros os militares não interviram por um fio.
Por mais que o governo Bolsonaro não seja declaradamente uma ditadura, quase todos os elementos que o compõe tem intimas ligações com a ditadura de 64. O Estado está na mão dos generais. Os militares em geral voltaram a ocupar os cargos de importância no legislativo, no judiciário e no executivo. É loucura pensar que não existe o risco de uma nova ditadura militar no Brasil.
O principal problema é que a esquerda burguesa e pequeno-burguesa está preocupada e iludida apenas com as eleições. Ano após ano os atos contra o golpe vêm diminuindo, e a esquerda acenando cada vez mais para a direita para tentar acordos e leniência por parte da burguesia.
Não podemos deixar isso acontecer.
A esquerda classista precisa pressionar em sentido o posto, deve aumentar a campanha contra a extrema-direita, e isso significa intensificar a luta e agitação em torno de datas importantes para o movimento operário.
A próxima data importante será o 1º de maio. A esquerda pequeno-burguesa já está trabalhando para convidar a direita “civilizada”. Devemos lutar pra que esse ano tenhamos um 1º de maio de luta e classista.