A taxa de evasão escolar entre crianças de 5 a 9 anos subiu de 1,4%, no último trimestre de 2019 para 5,5% no mesmo período em 2020. Isso quer dizer que 5,5% das crianças não estavam matriculadas na escola na pandemia, além de ser a faixa etária que apresentou o maior crescimento de alunos que deixaram de estudar durante o ensino remoto. É a pior taxa de evasão do grupo desde 2006. Em 2021, o cenário melhorou, chegando a 4,2% no penúltimo trimestre, mas ainda continua acima da realidade pré-pandemia. Os dados são de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que analisou dados do IBGE e divulgados pela revista Piauí.
Uma das explicações para a alta na evasão é o isolamento: a taxa de distanciamento social rigoroso entre as crianças de 5 a 9 anos em setembro de 2020 ficou em 39,1%, maior que em qualquer outro grupo etário. Segundo o economista e coordenador do estudo Marcelo Neri, as crianças mais novas são dependentes do professor e têm menos autonomia para mexer com a internet, o que pode ter contribuído para a maior evasão do grupo.
Menos crianças na escola
O número de matrículas na educação básica está em queda no Brasil. Segundo o Censo Escolar de 2021, realizado pelo Inep, quase 2 milhões de alunos pararam de frequentar a escola, da creche ao ensino médio, nos últimos cinco anos. Entre 2019 e 2021, mais de 650 mil crianças deixaram de frequentar creches e pré-escolas. A pandemia ajudou a acelerar esse processo, atingindo sobretudo os anos iniciais do ensino fundamental. O número de crianças com idade entre 3 e 5 anos que parou de assistir às aulas se multiplicou por sete entre 2020 e 2021. Mesmo aqueles que continuaram frequentando a escola tiveram a educação prejudicada, segundo os dados do Censo. A quantidade de alunos do 1º e 2º anos do ensino fundamental que não sabem ler cresceu 70% no último ano.