Lula voltou a Curitiba após sua libertação do cárcere da Polícia Federal para um ato de filiação de Roberto Requião no PT. Na sua fala, o ex-presidente afirmou com bastante ênfase que vai interromper os processos de privatização de importantes empresas públicas, como os Correios, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Eletrobrás.
Acrescentou que seu governo não vai ajudar a destruir o BNDES, que “o povo vai voltar a governar esse país e a Petrobrás vai voltar a ser do povo brasileiro”. Lula desmentiu a justificativa de Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis, lembrando que “na crise de 2008, o barril de petróleo estava a 147 dólares e a gasolina no meu governo era apenas 2 reais e 60 centavos nesse país”. Para se ter ideia, o barril de petróleo em Londres tem girado em torno dos 108 dólares e a Petrobrás aumentou a gasolina em 18% e o diesel em cerca de 25%.
Lula expôs que o encarecimento do custo de vida, puxado pelas altas nos preços dos combustíveis, não é uma consequência do que está ocorrendo na Ucrânia: “o preço da gasolina está caro porque esse povo não presta, não tem compromisso com vocês”. Sobre a postura do ilegítimo presidente, Lula colocou “não é possível um Presidente da República dizer que não consegue mexer nos preços da Petrobrás.. reúne o Conselho da Petrobrás, Conselho Nacional de Política Energética”, lembrando que o Brasil produz ainda outros combustíveis, como o etanol e o biodiesel.
O ex-presidente não defendeu um processo de reestatização da gigante brasileira do petróleo, mas já deixou claro que seu governo fará uso das prerrogativas que ainda restam ao Estado brasileiro para que a população e a economia do País sejam beneficiados pela enorme e estratégica riqueza produzida pela Petrobrás. Trata-se de outro ponto onde não é possível um acordo com a burguesia imperialista, que não mostra nenhum sinal de que pode reverter sua política de destruição da economia brasileira. Diante do agravamento da crise econômica e do nível de agressividade do imperialismo nos últimos anos, a tendência aponta justamente no sentido contrário.
Para além de interromper as privatizações, é preciso reestatizar as empresas que já foram entregues para os capitalistas.
É importante destacar o deslocamento de Lula à esquerda, se opondo abertamente ao projeto econômico em curso e expondo para a população o quanto as privatizações prejudicam a vida dos trabalhadores. A política apresentada pelo ex-presidente em relação às privatizações é um eixo fundamental da luta contra o golpe de Estado de 2016.
A militância que apoia a candidatura Lula deve fazer uma campanha contra as privatizações das estatais e também por uma radicalização dessa política. Para além de interromper a entrega do patrimônio nacional, é preciso defender a reestatização das empresas que já foram para as mãos dos capitalistas. Para um país atrasado, ter o controle de empresas estratégicas permite algum desenvolvimento autônomo e uma melhor administração da economia nacional.
Não fosse a intervenção estatal na economia russa, o país teria simplesmente desmoronado com as agressivas sanções econômicas impostas pelo imperialismo. Assim como a Rússia, o Brasil é um país gigantesco, com muitos recursos naturais e ainda com uma industrialização bem mais diversificada. Interromper a política de terra arrasada do neoliberalismo e retomar o controle das empresas construídas pelo povo brasileiro é o caminho para desenvolver a economia brasileira e melhorar as condições de vida dos trabalhadores.