Foi anunciado oficialmente que a inflação norte-americana subiu para 7,9%. Isso mesmo, os norte- americanos estão com uma inflação latino americana e saíram da estabilidade econômica histórica. Não se via inflação nestes valores há mais de 40 anos, uma vez que a inflação lá beira o 0%.
Estão sentindo na pele o que nós brasileiros vivemos quase sempre. Nos melhores momentos do chamado “combate à inflação” no Brasil, nunca houve inflação zero. No período de mais baixa inflação o país foi destruído pelo governo do PSDB (nos anos 90 com o governo FHC) com a venda das estatais e das nossas reservas. A indústria foi quase destruída e o “combate à inflação” foi a senha para entregar o país para “investidores” estrangeiros, particularmente norte-americanos, que ganharam o Brasil de presente.
Passados 20 e poucos anos, voltamos à inflação de dois dígitos, o país retrocedeu muito, o parque industrial só não está pior do que o dos países irmãos latino americanos, que ajoelharam aos gringos antes do Brasil, Chile e Argentina principalmente. A população brasileira retrocedeu muito economicamente. Os salários são uma vergonha e a classe média está sofrendo para pagar água, luz, escola privada, convênio médico e pra trocar o carrinho, operação “relaxante” que faziam a cada 2 anos tranquilamente antes da era PSDB.
Os EUA mantiveram durante décadas a estabilidade econômica às custas da transferência dos recursos dos países menos desenvolvidos, principalmente a América Latina e do controle do mercado mundial, favorecendo os interesses econômicos da burguesia norte-americana. Estão sentindo os primeiros efeitos de perderem, pelo menos parcialmente, o posto de xerife do mundo. A ação dos russos na Ucrânia, uma ação bastante localizada, balançou o barco norte-americano, que graças à espoliação do Brasil e de outros povos estava placidamente aproveitando mar calmo em sua economia, sustentada pelo mundo exterior.
Os brasileiros que se amontoam em bairros “brasileiros” na cidade Newark, em Nova Jersey, discutem, como se fossem alienígenas, como o Brasil não consegue ser como os EUA onde se compra um carro usado em bom estado por 3 mil dólares, os juros são em média 4% para financiamentos em geral e as pessoas que trabalham financiam a sonhada casa própria sem muitas dificuldades, sem falar no fornecimento de escolas gratuitas e alimentação a preço baixíssimo.
A população de classe média dos EUA mantém um padrão de consumo que deixa os elemento de classe média mundial espantadíssimos, pois podem consumir qualquer produto básico sem grandes dificuldades e trocar móveis e carros como quem realiza uma atividade corriqueira.
É motivo de espanto internacional os canais de verdadeiros idiotas brasileiros, moradores de Orlando, da Geórgia etc que se dedicam a gravar as idas às lixeiras norte-americanas, além de seguir o caminho feito pelo lixeiros para recolher móveis, televisões, eletrodomésticos etc que os gringos descartam regularmente, simplesmente porque decidiram trocar estes utensílios para as festas de época que a classe média de lá dá a maior importância, redecorando suas casas várias vezes no ano: Natal, dia das bruxas, thanksgiving das, dia dos namorados etc. Uma sociedade que levou a futilidade e o abuso diante da pobreza do mundo às últimas consequências.
A ação dos russos, provocando a subida da inflação, está chacoalhando esta estabilidade da mediocridade e da dominação da sociedade através de “mimos” e de um predomínio dos elementos carreiristas e conservadores.
Neste momento a gasolina subiu um dólar de um dia para outro, num país onde o galão (eles não contabilizam através de litro) de combustível é um dos mais baratos do mundo (certamente mais caro que na Venezuela). Já existe uma campanha contra o governo Biden em função desta situação e uma condenação bastante grande da nova aventura guerreira na Ucrânia. Nos EUA, ao contrário da imprensa sem cérebro e mentirosa do Brasil, há uma discussão pública de que o governo Biden é parcialmente responsável pelo conflito com a Rússia. Só verdadeiros idiotas podem acreditar que se trata somente de um conflito entre Rússia e Ucrania.
Os caminhoneiros do país já preparam reuniões e mobilização para exigir o controle dos preços, uma vez que conhecida a insatisfação desta categoria com os governos do Partido Democrático. Estes mesmos caminhoneiros fizeram nos EUA e no Canadá enormes mobilizações contra a vacinação obrigatória, já mostrando a influência dos setores opositores ao Governo Biden. A inflação, um fator revolucionário juntos aos trabalhadores e às massas populares pois consome o seu poder de compra, pode provocar o naufrágio do atual governo dos EUA, um fator libertador para o nosso sofrido Brasil e para os povos oprimidos do mundo.
Outra consequência muito positiva da ação russa na Ucrânia é a humilhação da extrema direita mundial com o anúncio do governo Biden de abertura de negociações com a Venezuela. Até ontem este país irmão estava na mira da imprensa venal que pedia a intervenção do imperialismo neste país. Chegaram a indicar um presidente dos gringos contra Maduro e o embargo econômico dos EUA sufocando o país.
De dia para o outro são os norte-americanos que precisam da Venezuela. Esperemos que, mesmo devagar, mesmo com muitos percalços, estejamos vendo iniciar-se uma nova ordem mundial, onde seremos mais bem sucedidos na luta pela libertação do nosso país e dos países oprimidos. Muito inspiradora foi a declaração do porta voz do Kremlin, Dimitry Peskov, “O mundo é demasiado grande para que a Europa e a América possam isolar um país, especialmente um país tão grande como a Rússia”, (Sputnik News). Eles tem o apoio de uma boa parte dos brasileiros, deste país também muito grande e com certeza, neste momento, a admiração de parte expressiva da classe operária internacional.