Invasão russa?

O que é a Guerra na Ucrânia? Como a esquerda deve agir?

A questão do imperialismo e da luta pela revolução

─ Pedro Lourenço, colaboração para o DCO ─ Na última semana o mundo presenciou a escalada do conflito entre a Rússia e o Imperialismo (Americano e Europeu).

Essa escalada resultou na invasão da Ucrânia por parte da Rússia, como medida defensiva para assegurar a segurança de seu país perante as investidas do Imperialismo.

O Imperialismo vinha há algum tempo fazendo provocações contra a Rússia, promovendo tentativas de golpes de estado em países fronteiriços (Belarus e Cazaquistão), e buscando expandir a presença da OTAN no leste europeu, de forma a cercar o país.

O ponto culminante chegou com a tentativa de incluir a Ucrânia na OTAN. Essa inclusão traria enorme perigo para a integridade da Rússia e para a segurança de seu povo. Afinal, a presença do exército dos países Imperialistas (OTAN) a apenas 550 km da capital russa (Moscou) seria um posicionamento estratégico para desestabilizações na fronteira e, quem sabe, para eventual invasão da Rússia pelo Imperialismo, aos moldes do que fez Hitler com a União Soviética na Segunda Guerra Mundial.

Diante dessa ameaça por parte dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, o governo russo, chefiado por Vladimir Putin, não teve alternativa senão agir preventivamente, invadindo a Ucrânia.

É preciso dizer algo fundamental: A RÚSSIA NÃO É O AGRESSOR!

O IMPERIALISMO É O AGRESSOR! E UTILIZOU A UCRÂNIA E O POVO UCRANIANO COMO BUCHA DE CANHÃO NAS SUAS PROVOCAÇÕES CONTRA A RÚSSIA!

Para entender a atual situação, precisamos voltar um pouco no tempo, para o ano de 2014.

O GOLPE NAZISTA EM 2014 NA UCRÂNIA (PRIMEIRA PARTE)

Em 2014, o presidente da Ucrânia era Viktor Yanukovych, o qual tinha boas relações com a Rússia, coisa que os Estados Unidos e a Europa não podiam aceitar.

O Imperialismo não podia aceitar isto, pois precisava de uma Ucrânia submissa, que estivesse pronta para agir contra a Rússia assim que fosse dada a ordem.

Para isto, promoveu um golpe de estado, se apoiando em grupos nazistas existentes na Ucrânia.

Mas antes de detalharmos essa questão, é preciso perguntar o seguinte: por que o Imperialismo se opõe à Rússia? Para responder a essa pergunta, precisamos saber o que é o Imperialismo.

O QUE É O IMPERIALISMO?

De forma bem sucinta, o Imperialismo é o capitalismo em sua fase monopolista. E o que um monopólio faz? Ele busca controlar o mercado, eliminando/controlando a concorrência, por quaisquer meios disponíveis.

Os monopólios bancários e industriais conseguem controlar o mercado até certo ponto se utilizando de manobras econômicas. No entanto, após certo ponto, não é mais possível o controle apenas por meio de artifícios econômicos. Assim, eles precisam de meios políticos, inclusive, se necessário, recorrer ao uso da força.

É aí que entram os Estados Nacionais (países).

Por fatores e circunstâncias peculiares à história de cada país; e pelo fato de que o desenvolvimento das coisas na realidade se dá de forma desigual; o capitalismo chegou ao seu ápice em alguns países primeiro. Quais países foram estes? Inglaterra, França, Estados Unidos, Itália, Alemanha (dentre outros da Europa Ocidental) e Japão.

No entanto, assim que o capitalismo atinge seu ápice, começa também o seu declínio, com o surgimento dos monopólios.

Por que o monopólio representa o declínio desse modo de produção? Pois, bate de frente com uma característica fundamental do capitalismo: a livre concorrência.

Pois bem, como o capitalismo chegou ao seu auge primeiro em Inglaterra, França, Estados Unidos, Itália, Alemanha e Japão, consequentemente foi lá que também seu declínio começou ─ enquanto nos outros países, rigorosamente, o capitalismo nunca chegou.

Os monopólios, portanto, são dos países que desenvolveram o sistema capitalista. E foram os monopólios desses países que eventualmente cresceram a ponto de passar a controlar o mercado mundial.

Tendo em vista que para controlar o mercado mundial também é necessário o uso da força, os monopólios transformaram esses Estados Nacionais em Estados Imperialistas, ou seja, Estados a serviço dos monopólios.

Da mesma forma que monopólios não podem tolerar a concorrência de outras empresas, os Estados Imperialistas não podem aceitar que os países atrasados cheguem ao desenvolvimento capitalista completo. Por quê? Porque ameaçaria o domínio dos Estados Imperialistas e, por conseguinte, dos próprios monopólios que dominam o mercado mundial.

Então chegamos à questão da guerra atual.

A RAÍZ DA GUERRA

A Rússia é um país capitalista atrasado. Nenhuma das empresas ligadas ao Estado Nacional Russo detém o controle de parcela significativa do mercado mundial.

Sendo assim, qualquer desenvolvimento da Rússia se torna uma ameaça aos Estados Imperialistas e seus monopólios.

Tendo em vista que o capitalismo está atualmente em uma crise monumental, e tendo em vista que essa crise traz a ameaça da falência aos monopólios, os Estados Imperialistas sequer podem aceitar a existência da Rússia tal com ela é hoje.

Hoje a Rússia é um país relativamente independente em relação ao Imperialismo. É relativamente independente, pois consegue barrar até certo ponto as tentativas do Imperialismo de subjugá-la.

Na situação de falência dos monopólios, o Imperialismo precisa que haja na Rússia um governo que seja totalmente capacho, que explore economicamente o povo Russo para salvar os monopólios capitalistas da falência.

Mas o atual governo Russo não é um capacho do imperialismo. Com todas suas limitações, o governo de Putin é nacionalista, e grande parte de seus interesses colidem frontalmente com os do Imperialismo.

Sendo assim, o Imperialismo (EUA, Inglaterra e Europa Ocidental) se veem diante da necessidade de derrubar Putin, e colocar algum lacaio em seu lugar.

Para isto, precisa posicionar suas peças no tabuleiro de xadrez. Precisa criar ameaças internas e externas. Daí a expansão da OTAN por todo o leste europeu. Daí a tentativa de colocar a Ucrânia dentro da OTAN. É mais uma jogada para cercar a Rússia, desestabilizar o governo e eventualmente derrubá-lo (nem que fosse necessária uma invasão militar).

Essa é a raiz da guerra atual.

Os Estados Unidos e demais países imperialistas tentaram sufocar a Rússia, com vistas a derrubar seu governo em um futuro próximo e colocar um governo capacho no lugar para esmagar e explorar até a morte o povo russo. Para isto, tentaram inserir a Ucrânia na OTAN.

Assim, fica claro que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia foi uma medida puramente defensiva. Não seria possível aceitar que o exército do Imperialismo instalasse bases militares a 550 km de sua capital.

Isto, por si só, tornam justas as medidas militares tomadas pela Rússia. Trata-se de uma luta de um país oprimido (Rússia) contra o conjunto de todos os países opressores (Estados Imperialistas, principalmente Estados Unidos, Inglaterra e Europa Ocidental).

Mas não é só isto!

Tivemos também o golpe de estado em 2014 na Ucrânia, o qual já mencionamos anteriormente, e sobre o qual falaremos em detalhes a seguir.

O GOLPE NAZISTA EM 2014 NA UCRÂNIA (SEGUNDA PARTE)

O golpe de Estado que o Imperialismo arquitetou e pôs em prática em 2014 na Ucrânia foi realizado através de milícias nazistas (financiadas pelos EUA e Europa, com treinamento dado pela OTAN).

Essas milícias são uma continuação direta dos grupos de extermínio ucranianos que colaboraram com Hitler na Segunda Guerra Mundial, exterminando mais de 1 milhão de ucranianos e eslavos.

Com o golpe de estado, o governo golpista e essas milícias passaram a perseguir e, até mesmo, exterminar a população de etnia Russa.

Como se tratou de um golpe de tipo fascista, também se iniciou a perseguição e destruição das organizações representantes da classe operária.

Devido à violenta perseguição, e à ameaça de extermínio, formou-se um foco de resistência na região do Donbass, surgindo as Repúblicas Populares de Lugansk e de Donetsk.

Isto foi há 8 anos.

Há 8 anos o governo ucraniano e suas milícias nazistas (bancadas pelo Imperialismo) vêm travando uma guerra civil a fim de exterminar a população que resiste. Nessa guerra, os nazistas ucranianos já assassinaram mais de 10.000 pessoas (russos e ucranianos).

Sendo assim, a invasão Russa da Ucrânia é justa não apenas porque é a luta da Rússia (oprimida) contra o Imperialismo (opressor). É também uma guerra de libertação nacional das Repúblicas Populares. Mas não apenas delas. É também uma luta de libertação nacional da Ucrânia das garras do EUA, da Europa e da OTAN.

Caso a Rússia consiga derrotar o Imperialismo nesse embate, o mesmo sairá mais enfraquecido do que já está. Seriam duas catástrofes militares para o imperialismo em um ano (Afeganistão e Ucrânia).

Com o enfraquecimento, mais povos oprimidos levantariam a cabeça para lutar contra o Imperialismo e travar suas respectivas guerras de libertação nacional.

O DEVER DA ESQUERDA

Diante disto, assumir uma posição de neutralidade pacifista não é uma opção. Se você pede paz enquanto um explorador promove uma guerra contra o explorado, você está do lado do explorador. O pacifismo é uma falsa neutralidade, que serve para mascarar um apoio (consciente ou inconsciente) à maior monstruosidade que o mundo já produziu: o Imperialismo.

Também não há espaço para atitudes pseudo-revolucionárias. Parte da esquerda decidiu se colocar “contra a guerra”, afirmando que tanto a Rússia quanto os EUA/Europa/OTAN são imperialistas. Com essa apreciação, concluíram que a atual guerra teria um caráter de guerra entre imperialismos. Por conseguinte, essa esquerda conclama que o povo não pode apoiar a Rússia, devendo agir com “independência de classe” e realizar uma revolução socialista. Esta é uma abstração totalmente desconectada da realidade.

A análise da situação deve ser feita de maneira concreta. A Rússia não é um país imperialista. Se alguém tinha alguma dúvida de cunho teórico, basta ver a retaliação econômica que o real imperialismo vem fazendo contra a Rússia. Por acaso ela tem condições de fazer o mesmo com algum outro país? Não.

Ademais disto, se colocar contra a ação militar Russa, afirmando que o povo deveria fazer a revolução é uma dissimulação (consciente ou inconsciente) para esconder uma posição pró-imperialista. É mera retórica pseudo-revolucionária.

Na atual situação, não há neutralidade possível: caso o Imperialismo saia vencedor e consiga estabilizar momentaneamente a região, ele sairá fortalecido, e qualquer revolução ficará postergada por muitos mais anos, visto que irá recair uma ditadura brutal sobre o povo Ucraniano.

Portanto, é dever de toda a esquerda, nas atuais circunstâncias, apoiar incondicionalmente a Rússia, enquanto ela estiver travando essa luta contra o imperialismo.

É uma guerra justa, de libertação nacional, e as palavras de ordem da esquerda devem ser:

TODO APOIO À RUSSIA! ABAIXO A DITADURA NAZISTA NA UCRÂNIA! FORA OTAN! FORA EUA! FORA IMPERIALISMO!

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